TEMER VAI À CHINA E ANDRÉ FUFUCA ASSUME PRESIDÊNCIA DA CÂMARA FEDERAL
Fernanda Calgaro e Bernardo Caram, G1, Brasília
O segundo-vice-presidente da Câmara, André Fufuca (PP-MA), assumirá
nesta terça-feira (29) o comando da Casa de maneira interina. Ao G1,
ele defendeu que a reforma política deve ser colocada em votação no
plenário mesmo se não houver consenso entre os partidos sobre o tema.
Fufuca comandará a Câmara porque o presidente Michel Temer viajará,
nesta terça, para a China e, durante o período, o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), exercerá a Presidência da República
interinamente.
Caberia, inicialmente, ao primeiro-vice-presidente da Câmara, Fábio
Ramalho (PMDB-MG), assumir o comando da Casa, mas o peemedebista viajará
com Temer. Por isso, Fufuca conduzirá os trabalhos nos próximos dias.
Aos 28 anos, e no primeiro mandato como deputado federal, Fufuca
assumirá interinamente o comando da Câmara pela segunda vez. A primeira
foi durante o recesso parlamentar, quando exerceu a função por um dia:
20 de julho.
Reforma política
Ao assumir a Câmara nesta terça, Fufuca passa a comandar a Casa na semana em que há expectativa em torno da votação da reforma política.
Para que as mudanças eleitorais em discussão (como a adoção de um novo
sistema eleitoral e a criação de um fundo eleitoral) possam valer nas
eleições de 2018, terão de ser aprovadas em dois turnos na Câmara e no
Senado até o início de outubro.
A votação da reforma começou na semana passada, mas foi adiada
porque não há consenso entre os partidos sobre o tema. Na avaliação de
Fufuca, porém, esperar um eventual acordo pode demorar muito. "Se a gente for contar daqui para o dia 30 de setembro, vai ter quantos
dias úteis para ter duas votações na Câmara e no Senado? Tem que ter
celeridade. Tem que ter uma definição. Bota para votar, passa ou não
passa", declarou Fufuca ao G1. "Eu acho mais importante dar uma certa celeridade do que esperar um consenso que, talvez, possa não acontecer", acrescentou.
Acordo entre os líderes
Fufuca disse, também, que respeitará o que a maioria dos líderes
partidários decidir. Está prevista uma reunião para esta terça na qual
deverá ser definida a pauta de votações do plenário para esta semana.
"Eu sou favorável que nós coloquemos [a reforma política] para votação.
Mas essa é uma questão pessoal minha: colocamos para votação. Porém, se
não houver um acordo, um consenso [sobre colocar na pauta], vou
respeitar a maioria", afirmou.
Para Fufuca, a proposta que trata da mudança de sistema eleitoral e prevê a criação do fundo "está muito distante de acordo".
Ele avalia que a outra proposta de reforma política, que tramita em paralelo e acaba com as coligações para 2018 e institui a cláusula de barreira, tem mais chance de ser votada por ser "mais simples" e ter "maior adesão".
Pauta de votações
Ao G1,
Fufuca disse que priorizará nesta semana a pauta de votações já em
andamento, que prevê, por exemplo, a conclusão da análise sobre a nova taxa de juros do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A Taxa de Longo Prazo (TLP) começou a ser votada na semana passada, mas
o plenário precisa concluir a análise de sugestões de parlamentares
para enviar o projeto ao Senado.
"Eu quero entregar a interinidade em 6 de setembro com os projetos que
foram pautados aprovados, com o sentimento de dever cumprido. Eu vou
batalhar e trabalhar para isso", afirmou.
Questionado sobre analisará algum dos pedidos de impeachment do
presidente Michel Temer, Fufuca respondeu: "Eu não serei instrumento de
instabilidade no Congresso. Quem deve definir sobre a aceitação ou não
sobre impeachment é o presidente de fato, que foi eleito pela maioria
dos parlamentares."
Proximidade com Cunha
André Fufuca costuma ser lembrado no Congresso pela proximidade com o
deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara e
atualmente preso. Fufuca atuou entre os parlamentares que defenderam
Cunha no Conselho de Ética.
O segundo-vice da Câmara diz, porém, que a relação dele com Cunha era de "amizade", sem ligação política.
"A minha relação com Eduardo Cunha era de amizade, todo mundo sabe que
eu tinha amizade. Quando eu cheguei aqui, foi ele que me deu espaço.
Agora, a minha relação com Eduardo é de amizade. Política, a relação é
zero. Ele é do Rio de Janeiro, eu, do Maranhão. Eduardo era do PMDB, eu
era na época do PEN. Fui para o PP, ele queria que eu fosse para o PMDB.
Então, a minha relação com Eduardo era de amizade, a política era
praticamente zero", disse Fufuca ao G1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário