destaque
AUDIÊNCIA PÚBLICA: Câmara destaca diversidade das Psicologias em Vitória da Conquista
A audiência foi fruto da iniciativa do mandato da vereadora Nildma Ribeiro (PCdoB).
A parlamentar disse se sentir honrada em estar abraçando esta luta por
direitos e melhorias profissionais para os psicólogos. A vereadora
afirma que além da discussão e debate é preciso encaminhamento e ações
concretas, por isso firmou o compromisso de juntamente com a classe dos
psicólogos desenvolver um projeto de lei que regulamenta o plano de
cargos e salários desse profissional no município de Vitória da
Conquista.
Para Monalisa Cirino,
integrante do Conselho Regional de Psicologia da Bahia e do Sindicato
dos Psicólogos, valorizar a psicologia começa com a própria prática
profissional, “Nós começamos a valorizar quando cuidamos e fortalecemos a
psicologia enquanto profissão, enquanto um projeto ético e político.
Valorizar a psicologia começa por nós, categoria”, explicou. Ela pontuou
que essa valorização depende também da gestão pública. “ Estamos aqui
para essa provocação. Essa é uma profissão que está em desenvolvimento, e
estamos aqui para que esse seja um espaço de discussão para que a
psicologia cresça no município e se desenvolva”, disse. “Esse é o nosso
maior desejo”, frisou.
A representante dos estudantes de psicologia, Gabriele Dias,
lamentou que a diversidade na psicologia é algo pouco discutido na
academia. “A psicologia em suas diversidades é muito maior do que a
abordagem”, disse a estudante. Ela apontou ainda que o diálogo entre
academia e categoria profissional é insuficiente. “Isso é uma coisa que
gera preocupação. Falta diálogo de ambas as partes”, apontou Dias,
questionando também o que as instituições de ensino têm feito para
promover diálogo entre estudantes dos quatro cursos de Psicologia
existentes na cidade.
Gabriele cobrou ainda maior valorização da relevância social da Psicologia.
Sabrina Portela,
representante do Sindicato Regional de Saúde, falou sobre a necessidade
da reflexão de como os psicólogos estão inseridos nos setores públicos,
trazendo para debate a questão da valorização profissional, salarial e
afins. Na oportunidade, agradeceu a vereadora Nildma pela realização da
audiência. “Ela foi a única que se disponibilizou e abraçou a causa para
que a gente possa lutar por melhores dias para a psicologia”, disse.
Monalisa Barros
disse que em seus 30 anos de psicologia viu a especialidade crescer,
sair de um estado de elitismo e passar a ser algo alinhado à demanda da
sociedade e com compromisso social. “Nós mudamos para melhor. Me sinto
muito feliz de fazer parte de uma profissão que nos seu trabalho acende
luzes nos fins dos túneis”, disse a psicóloga. “Em todas as esferas
possíveis a psicologia tem algo a contribuir”, apontou Barros destacando
a relevância social da psicologia.
Segundo ela, a grande alegria da profissão é ver as pessoas “construírem novos caminhos” para si mesmos.
Marcelo Pires,
representante dos psicólogos servidores da prefeitura municipal,
lamentou por não ter a presença, na audiência, de um número maior de
psicólogos, ele justifica esse fato à uma lógica antiga e individualista
da profissão. “ Isso tem isso uma prática corriqueira dentro da nossa
profissão. Vimos de uma lógica individual liberal, e talvez como fruto
dessa história temos uma dificuldade muito grande de nos entender
enquanto categoria”, disse. Para Marcelo, os psicólogos precisam começar
a agir unidos, como classe.
A
respeito dos psicólogos servidores da prefeitura, ele trouxe uma
problemática, que segundo o mesmo, é antiga. “ Nós somos diante do
serviço público profissionais de saúde, mesmo aqueles que atuam na
educação, no desenvolvimento social. E assim estamos em todas as
definições legais, exato em uma que é o que diz respeito ao quanto nos
pagam", contou. Marcelo deixou claro que essa luta é com a prefeitura, e
quem está a frente do poder público precisa assumir suas
responsabilidades. " Esse problema da classe dos psicológico em relação
ao salário, ocorre desde a gestão anterior, e a atual continua errada. A
questão não é acusar político nenhum, prefeito anterior ou atual, mas o
representante do poder público precisa entender que ele é
representante, e a partir do dia que ele assume o cargo não cabe mais
ficar atribuindo responsabilidade a quem vem antes", frisou. Para o
psicólogo, o que atualmente acontece é o contrário, e há uma tendência
do governo atual de sempre colocar a culpa no outro, no anterior.
Representante
das Instituições de Ensino Superior com cursos de Psicologia, Angélica
Rosa apontou que em termos de formação de profissionais, a instituição
na qual trabalha conseguiu formar grandes profissionais. De acordo com
ela, a chegada do primeiro curso de Psicologia na cidade, em 2004, foi
muito importante para a cidade. “Foi uma grande valia o curso de
Psicologia chegar em Vitória da Conquista”, disse. “Através dos estágios
em comunidades e grupos de extensão foi a forma que uma entidade
particular encontrou de levar o nome da Psicologia”, completou.
Para
ela, a grade curricular ainda não é a ideal, mas que apontou que alguns
profissionais conseguem transmitir para os estudantes a percepção de
que a Psicologia é bastante ampla e diversa. “Ao mesmo tempo que percebo
falhas nos currículos fico feliz por ver que alguns colegas fizeram a
diferença nesse lugar de ensinar e mostrar que a psicologia vai muito
além”, disse ela.
Ivana Patrícia,
Presidente da União de Mulheres e Psicóloga do Centro de Referência
Albertina Vasconcelos, falou da relação da psicologia com os direitos
humanos, pautas feministas e debates relacionados. Por isso, ela citou a
problemática de, apesar de ser uma profissão majoritariamente composta
por mulheres, as referências teóricas ainda são masculinas.
"Masculinas, imperialista, eurocêntricas. Então essa diversidade tem que
ser construída por nós mulheres e todas as pessoas que defende maior
igualdade nos espaços", pontuou. Ivana falou também do caráter elitista
da profissão, que fez com que por muitas vezes fosse usada de forma
instrumental para reforçar um processo ditatorial. Ela afirma há um
movimento para desconstruir essa visão e construir um processo com mais
diversidade, pluralidade, anti-capitalista e pós colonial. "Dentro da
própria psicologia, ela traz um campo teórico que possibilidade promover
essa transformação", afirmou.
Homenageada, a psicóloga Marika Sakiyama
agradeceu e disse que a Psicologia é de uma grandeza impensável.
Apontou ainda que desde que se formou, a 33 anos, a Psicologia se
transformou e cresceu muito.
Keila Andrade,
também psicóloga, falou dos desafios da interiorização da psicológica,
mas que "é possível fazê-la longe dos grandes centros". Kelia citou que
quando se passa a trabalhar na prefeitura, como é o seu caso, esse
profissional deixa de ser um profissional liberal para ser funcionário
público, e daí vem novas demandas. Ela acredita que ainda há uma
desvalorização do papel da psicologia no setor público. Mas afirma
também que é preciso que a classe se una em luta pelos seu direitos. Ela
ainda chamou a todos para a responsabilidade de se pensar o futuro da
psicologia, trabalhando-a para que seja reconhecida dentro das políticas
públicas fundamentais para o país.
Falando em nome de Valter Rodrigues, homenageado postumamente durante a audiência, Zezé Leite,
sua esposa, disse que ter convivido com ele a fez perceber que o
psicólogo é um profissional com enorme relevância social. Ela disse ser
uma honra representar Valter, seu falecido esposo. “Ele ser homenageado
sete anos depois da morte dele mostra o quanto ele foi marcante”,
apontou Zezé Leite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário