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| Soldados turcos em barricada anti-aérea |
Turquia vive incerteza após tentativa de golpe
A
Turquia enfrentava uma situação de incerteza após um grupo de militares
anunciar ter assumido o poder no país, enquanto o governo assegurava
que a situação está "amplamente sob controle", em meio a confrontos que
deixaram 17 policiais mortos e vários civis feridos, em Ancara e
Istambul.
A
agência oficial Anatólia informou que o Parlamento turco, em Ancara,
foi bombardeado na madrugada de sábado, e o correspondente da AFP na
capital turca ouviu uma violenta explosão e rajadas de metralhadora na
mesma região.
Militares
rebelados também ocuparam, na manhã de sábado, a sede do grupo de mídia
Dogan em Istambul, segundo o canal de notícias CNN-Türk.
Apesar
do ataque ao Parlamento e à tomada da sede do grupo Dogan, o
primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, afirmou que "esta iniciativa
idiota fracassou" e a situação "está amplamente sob controle".
As
declarações do premier ao canal NTV se seguiram a um comunicado dos
serviços de Inteligência turcos sobre o "retorno à normalidade".
O
presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, chegou de avião a Istambul ao
amanhecer deste sábado, e foi recebido por uma multidão que agitava
bandeiras da Turquia.
Segundo
a imprensa oficial, o presidente turco estava passando alguns dias de
férias com a família em um balneário no oeste do país, segundo a
imprensa local.
Na
noite de sexta-feira, após o anúncio dos militares, um funcionário da
presidência havia anunciado a remoção de Erdogan para um local seguro.
Durante
a noite em Istambul, os militares golpistas abriram fogo contra uma
multidão em meio a um protesto contra a tentativa de golpe, ferindo
vários civis, constatou um fotógrafo da AFP.
Os
soldados atiraram contra a multidão em uma das pontes sobre o Bósforo,
que une Europa à Ásia, onde vários civis feridos eram socorridos por
ambulâncias.
Na
capital Ancara, dezessete policiais foram mortos no quartel-general das
forças especiais do Exército, revelou a agência oficial Anatólia, sem
dar detalhes.
Ainda
na capital turca, um caça F-16 da Força Aérea derrubou um helicóptero
Sikorsky das forças "golpistas", informou uma fonte ligada à
presidência.
Na
noite de sexta-feira, vários tanques do Exército cercaram o Parlamento
em Ancara e o aeroporto internacional Ataturk, em Istambul.
Violentas
explosões foram ouvidas na capital, acompanhadas de troca de tiros no
centro da cidade, enquanto aviões sobrevoavam a metrópole sem parar, a
baixa altitude.
Momentos
depois, Erdogan apareceu na TV com o rosto pálido e visivelmente
preocupado, para denunciar "a sublevação de uma minoria do Exército", e
exortou os turcos a "ocupar as praças públicas e aeroportos" para
resistir à tentativa de golpe.
Em
declarações por telefone à rede CNN-Turk, Erdogan afirmou que "de modo
algum os golpistas terão sucesso", e pediu à população para se "reunir
nas praças públicas e nos aeroportos" para resistir a uma "tentativa de
golpe de Estado" lançada por "uma minoria dentro do Exército".
"Não
acredito absolutamente que estes golpistas vencerão", declarou Erdogan,
"prometendo uma resposta muito forte" aos insurgentes.
Segundo
um comunicado dos militares lido no canal de televisão NTV, "o poder no
país foi tomado em sua integralidade". A mesma informação constava do
site do Estado-Maior do Exército.
"Não
permitiremos que a ordem pública seja alterada na Turquia (...). Foi
imposto o toque de recolher até nova ordem", segundo um comunicado
firmado pelo "Conselho da Paz no país".
Logo
após o anúncio dos militares, duas pontes sobre o estreito de Bósforo
em Istambul foram fechadas parcialmente, e as forças de segurança
controlaram as avenidas que levam à Praça Taksim, entre outros pontos.
Segundo
os militares, a tomada do poder tem por objetivo "garantir e restaurar a
ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos, as liberdades e
a prevalência da lei suprema" em todo território turco.
"Todos
os nossos acordos e compromissos internacionais seguem vigentes.
Esperamos que continuem nossas boas relações com os demais países",
assinala o comunicado militar.
De
acordo com a agência oficial Anatolia, o chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas, "general Hulusi Akar, foi feito refém por um grupo de
militares rebelados.
O
grupo afiliado ao clérigo turco radicado nos Estados Unidos Fethullah
Gulen, que foi acusado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan de estar por
trás de uma tentativa de golpe na Turquia, condenou o levante militar
desta sexta-feira.
"Por
mais de 40 anos, os participantes do Fethullah Gulen e Hizmet têm
defendido e manifestado seu compromisso com a paz e a democracia",
informou a Aliança por Valores Compartilhados em um comunicado.
"Temos
denunciado consistentemente intervenções militares na política
doméstica. Estes são valores centrais dos participantes do Hizmet.
Condenamos qualquer intervenção militar na política doméstica da
Turquia", acrescentou.




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