Assessores do Planalto admitem que acusação contra João Santana atrapalha defesa de Dilma no TSE...
Por Lisandra Paraguassu

A
primeira reação do Planalto foi tentar vender a ideia de que os
negócios de Santana que estão sendo investigados não têm nenhum relação
com o PT. O publicitário está sendo investigado por ter supostamente
recebido dinheiro da empreiteira Odebrecht e do operador de propinas Zwi
Skornicki em contas não declaradas no exterior.
“João
Santana fez campanhas também no exterior. Esse dinheiro não tem que
estar ligado a qualquer campanha do PT”, disse à Reuters um ministro
próximo à presidente. Outra fonte afirmou já cedo que não havia
preocupação no Planalto, uma vez que todas as contas de campanha da
presidente foram aprovadas e todos os pagamentos a Santana, cerca de 70
milhões de reais, foram feitos legalmente e declarados.
Santana
e sua mulher, Mônica Moura, tiveram pedido de prisão decretado em nova
etapa da operação Lava Jato, nesta segunda-feira, sob suspeita de ter
recebido pagamentos ilegais milionários no exterior provenientes do
esquema de corrupção na Petrobras. [nL2N161178]
O
presidente do PT, Rui Falcão, reforçou a tentativa de afastar Santana
do PT e do Planalto. Ao apresentar a jornalistas o programa do partido
que será veiculado na terça-feira –e que foi feito pelo publicitário
Edson Barbosa, não por Santana– disse que “o PT não tem marqueteiro”,
mas contrata pessoas para atividades específicas.
Falcão afirmou ainda que as investigações não têm relação com o partido. “Isso não diz nada com relação ao PT”, afirmou.
CONSELHEIRO
O
Planalto teme, no entanto, que a investigação sobre alguém tão próximo
às campanhas eleitorais da presidente –Santana foi o marqueteiro nas
eleições de 2010 e 2014– atrapalhe as ações no TSE que pedem a perda de
mandato de Dilma e do vice-presidente, Michel Temer. Uma das alegações
do PSDB, que entrou com a ação, é que recursos oriundos de propinas da
Petrobras teriam sido usados na campanha.
O
publicitário baiano fez a primeira campanha para o PT nacional em 2002,
ainda como sócio de Duda Mendonça. Nas eleições de 2006, assumiu o
posto de marqueteiro e fez ainda as campanhas de Dilma em 2010 e 2014.
Em 2013, durante o auge das manifestações no país, serviu como um
conselheiro informal da presidente.
Durante
todo o governo de Dilma foi chamado diversas vezes para ajudar em
discursos importantes –o mais recente feito na abertura do ano
legislativo– e em pronunciamentos da presidente em cadeia de rádio e
tevê, como o feito por Dilma este mês sobre o Zika vírus.
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