Cerveró cita Dilma e Planalto já teme influência
da Lava-Jato no impeachment
EC|Fausto Macedo, Julia Affonso, Ricardo Brandt, Andreza Matais
Tânia Monteiro Laycer Tomaz /Agência Câmara
O conteúdo da delação do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró deixou
em alerta o Palácio do Planalto, que teme a influência das denúncias no
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em curso na Câmara
dos Deputados desde o final de dezembro de 2015. Cerveró, ex-diretor da
área Internacional da Petrobrás, declarou à Procuradoria-Geral da
República ter ouvido do senador Fernando Collor (PTB-AL) menção à
presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, em setembro de 2013, Collor
afirmou que suas negociações para indicar cargos de chefia na BR
Distribuidora, subsidiária da Petrobrás haviam sido conduzidas
diretamente por Dilma. Em depoimento prestado no dia 7 de dezembro de
2015, Cerveró relatou os bastidores das indicações para cargos
estratégicos na Petrobrás, principalmente na BR Distribuidora, apontada
pelos investigadores como "cota" pessoal do ex-presidente Collor
(1990-1992). Cerveró citou duas vezes a presidente. "Fernando Collor de
Mello disse que havia falado com a presidente da República, Dilma
Rousseff, a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor
de Mello a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora. Collor
de Mello disse que não tinha interesse em mexer na presidência, e nas
diretorias da BR Distribuidora de indicação do PT", declarou o
ex-diretor, condenado na Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Cerveró disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro com
Dilma durante uma reunião em Brasília, que teria ocorrido, segundo o
delator, em setembro de 2013. Na ocasião, Cerveró estava empenhado em se
manter no cargo de diretor Financeiro e Serviços da BR Distribuidora -
subsidiária da Petrobrás -, que assumiu após deixar a área Internacional
da estatal petrolífera. Ele disse que Pedro Paulo Leoni o chamou para
uma reunião com Collor na Casa da Dinda, residência do ex-presidente.
Segundo o ex-diretor, Collor disse na reunião "que não tinha interesse
em mexer na presidência e nas diretorias da BR Distribuidora". Cerveró
afirmou que tais nomes eram indicação do PT - presidente José de Lima
Andrade Neto; diretor de Mercado Consumidor Andurte de Barros Duarte
Filho e ele próprio, como diretor Financeiro e de Serviços. O ex-diretor
da Petrobrás afirmou que "ironicamente agradeceu" a Collor por ter sido
mantido na BR e citou um ex-ministro de Collor na Presidência, o
empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP. "Depois, (Pedro Paulo Leoni)
disse ao declarante que Fernando Collor havia ficado chateado com a
ironia do declarante, uma vez que pareceu que o declarante estava
duvidando de que Fernando Collor de Mello havia falado com Dilma
Rousseff. Nessa ocasião, o declarante percebeu que Fernando Collor
realmente tinha o controle de toda a BR Distribuidora." Cerveró disse
que, então, entendeu a força de Collor na BR. "Nessa ocasião o
declarante percebeu que Fernando Collor de Mello realmente tinha o
controle de toda a BR Distribuidora", afirmou. "Fernando Collor de Mello
e Pedro Paulo Leoni Ramos mantiveram o declarante no cargo para que não
atrapalhasse os negócios conduzidos por ambos na BR Distribuidora; que
esses negócios eram principalmente a base de distribuição de
combustíveis de Rondonópolis/MT e o armazém de produtos químicos de
Macaé/RJ." A defesa de Collor refutou as acusações e considerou "falsas"
as alegações de que ele "tenha usado de influência política para obter
favores ou exercer qualquer outro tipo de pressão sobre diretores ou
funcionários da BR Distribuidora a fim de satisfazer interesses próprios
ou de terceiros". O Planalto afirmou que não comentaria a menção a
Dilma, assim como a assessoria de imprensa de Pedro Paulo Leoni.



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