O ANO PERDIDO QUE NOS SEPAROU,
O SÃO JOÃO E O DIA DO JORNALISTA
Jeremias Macário
As imagens televisivas que correm o mundo
mais parecem cenas de filmes de ficção apocalípticas no ano perdido que nos
separou do convívio entre as pessoas, principalmente as mais próximas, amigas e
até parentes. Não sabemos até quando tudo isso vai continuar, quando ainda os
especialistas da saúde e cientistas falam em picos e milhões que podem ser
contaminados.
Os noticiários, muitos deles até exagerados e
sensacionalistas, as fake news, muitas das quais carregadas de intrigas
políticas no Brasil, e toda essa gente mascarada em silêncio, de passos lentos,
mantendo distância, fazem milhares penetrarem na sombra do medo, do pânico e do
terror, quando é um grande mal para a mente.
Exercite a mente
Tanto quanto os
cuidados com o corpo, ou até mais ainda, nessa crise de pandemia, a mente
sadia, preparada e equilibrada é essencial para enfrentar esse quadro tão
adverso da humanidade.Acredito que a leitura é um dos remédios que qualquer
médico e psicanalista recomendariam.
Muitos entram em ansiedade e passam os dias
em casa clicando redes sociais, ligados na televisão, ou comendo para passar o
tempo (quem tem o que comer), o que piora mais ainda o estado geral. Outros
poucos aproveitam para ler, escrever, realizar uma atividade física ou
exercitar a sua arte, o que é benéfico para fortalecer o espírito e o organismo.
A situação mais grave ainda é dos pobres das
periferias, dos informais, desempregados, ambulantes e trabalhadores
temporários que têm que se preocupar com a questão da falta de dinheiro e com a
possibilidade de serem também contaminados. São os mais vulneráveis que pedem
um socorro urgente. Aliás, em qualquer tragédia humanas, são as maiores
vítimas.
Não consigo entender como numa ocasião tão
grave como esta, tem gente interesseira para se aparecer na mídia quando faz
uma doação, e oportunistas para cometer fraudes, falsificações, passar fake
news, aumentar preços dos produtos essenciais e furtar dos mais carentes.
Um grupo se juntou na BR-116 para doar
quentinhas para os caminhoneiros. Não que seja contra, mas esta ação teria mais
valia se fosse revertida para aqueles que estão, de verdade, passando fome
porque perderam suas atividades informais do ganha pão. O caminhoneiro tem o
seu valor nesse momento, mas está ganhando seu dinheiro e tem muitas condições
de se virar. Não seria querer se aparecer demais? É a minha opinião. Enquanto
isso, os governantes falastrões e demagogos cruzam os braços.
Sem o nosso São João
De um assunto para
outro, mas dentro da mesma abordagem, talvez na história do Nordeste, onde a
festa é bem mais forte, este ano seja o único em que não haverá o São João, tão
esperado pela grande maioria que ama o evento, para brincar, dançar, soltar
fogos, acender fogueiras, tomar quentão e licores, curtir as quadrilhas e ouvir
o forró pé de serra numa autêntica sanfona, zabumba e triângulo.
Como vão ficar as maiores cidades de Campina
Grande, Caruaru, Aracaju, em Sergipe, e as cidades baianas de Piritiba,
Amargosa, Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, Alagoinhas
e tantas outras que passam o ano todo se preparando para receber multidões de
vários lugares, até do estrangeiro?É uma pena, mas tudo leva a crer que não
teremos a tão sonhada festa do ano!
Eu mesmo vou ficar com
muitas saudades, porque todos os anos sempre estou no aconchego da minha
querida Piritiba, como amigos (olá Wilson Aragão) e parentes tomando umas
geladas, uma cachacinha e comendo aquelas deliciosas comidas nas casas de
Roquinho, Róssia, Diltão, João Rico e Leucia (olha aí a farofa d´água). Depois
era só seguir o caminho da Praça Getúlio Vargas para forrozar.
O Dia do Jornalista
Para finalizar, o 7 de
abril foi o Dia do Jornalista e, para não variar, nenhum veículo de comunicação
tocou no assunto, ou fez qualquer referência à data. Em 50 anos de profissão,
não tenho nenhum receio de dizer que não tenho nada a comemorar. Primeiro, o
Supremo Tribunal Federal tirou a obrigatoriedade do diploma, e até o governo de
esquerda tentou amordaçar a imprensa.
Agora veio o capitão-presidente para desclassificar
os profissionais com seus xingamentos e preconceitos, esse mesmo fantoche e
marionete dos generais, que deixou o pais sem comando nessa crise. Derrubou até
a exigência do registro, e hoje qualquer um é jornalista, basta fazer uns
textos vagabundos e cheios de erros nas redes sociais.
Infelizmente, nosso sindicato e a Federação
Nacional dos Jornalistas entraram em decadência. Podem não concordar com minha
opinião, mas é o que sinto. A profissão é nobre e fundamental para a
democracia, mas não se faz mais jornalismo como antigamente.
Aqui em Vitória da
Conquista, a mídia deixa muito a desejar, com matérias copiadas, requentadas,
incompletas e mal elaboradas, mesmo depois da criação da Faculdade de
Comunicação em Jornalismo pela Uesb –Universidade Estadual do Sudoeste, em
1998, que muito contribui para seu fortalecimento, quando era diretor e
vice-presidente do Sindicato. Desculpem a sinceridade!
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