Tribunal iniciará julgamento da chapa Dilma-Temer nesta terça (4). Ação movida pelo PSDB pede cassação sob argumentação de houve abuso de poder político e econômico.
Em relação às revelações da Odebrecht
– de pagamento direto e não declarado ao marqueteiro João Santana;
compra de alianças partidárias mediante doação da empresa; e repasse de
R$ 50 milhões de caixa 2 relativo a benefício obtido em 2009 –, a defesa
diz que nada disso era objeto da ação inicial apresentada pelo PSDB.
"À medida que notícias novas (de duvidosa relação com o objeto
original) foram surgindo, o objeto era dilatado. Sempre de ofício,
aliás. Houve um nítido avanço especulativo no ambiente da instrução
processual, com ampliação objetiva das demandas. O Direito Eleitoral não
admite a tardia ampliação objetiva", diz a defesa.
"Tratando de suas pessoas distintas, embora eleitas pela mesma chapa,
não se lhes pode imputar, em conjunto, a prática de crimes eleitorais
pelo fato de terem estado em coligação partidária. Se é certo a
existência de chapa única, é também curial tratar-se de coligação
politicamente circunstancial de dois candidatos, como referido,
personalidades de partidos políticos cujas campanhas receberam recursos
de origem comprovadamente diversa."
Defesa de Dilma - Na defesa de Dilma, os advogados alegam "absoluta regularidade" na arrecadação e nas despesas de campanha, pedindo que o TSE julgue "absolutamente improcedente" a ação do PSDB.
Defesa de Dilma - Na defesa de Dilma, os advogados alegam "absoluta regularidade" na arrecadação e nas despesas de campanha, pedindo que o TSE julgue "absolutamente improcedente" a ação do PSDB.
A defesa também pede o arquivamento do processo em razão do impeachment de Dilma,
no ano passado. O argumento é que, com a perda do cargo determinada
pelo Congresso, a ação na Justiça Eleitoral perdeu o "interesse de
agir", já que tinha por objetivo a cassação do mandato.
Na peça, os advogados rebatem cada uma das 11 acusações sobre a
campanha, que vão desde a utilização de rede nacional de televisão, pela
Presidência da República, para suposta propaganda eleitoral; uso do
Palácio da Alvorada para atos de campanha; gastos acima do valor
informado à Justiça; não comprovação de serviços pagos pela chapa;
manipulação de dados socioeconômicos; entre outros.
Sobre a acusação de financiamento por empreiteiras contratadas pela
Petrobras como parte de distribuição de propina, a defesa de Dilma alega
que as empresas investigadas também doaram para a campanha presidencial
de Aécio Neves, candidato do PSDB.
"Do total de receitas obtidas pelo PSDB em 2014 (R$ 251,4 milhões),
31,38% (R$ 78,8 milhões) delas têm origem nas doações de empreiteiras
mencionadas na Operação Lava Jato", diz a peça. "Sendo assim, como falar
em abuso de poder econômico? E mais, como cogitar de benefício
eleitoral apenas para os réus Dilma Rousseff e Michel Temer? E para os
demais candidatos? Também eles não receberam recursos das mesmas
empreiteiras?", acrescenta.
Os advogados ressaltam, ainda, não haver prova de que Dilma ou Temer
tenham participado direta ou indiretamente de qualquer ato de corrupção –
favor ou promessa de beneficiar as empreiteiras – para obter as doações
eleitorais.
A defesa também pede a anulação dos depoimentos e provas baseadas na
delação da Odebrecht, cuja atuação não era mencionada quando a ação foi
protocolada, ainda em 2014.
Em outro ponto, a defesa de Dilma também nega irregularidade na contratação de gráficas,
que teriam sido pagas sem efetiva prestação do serviço. Os advogados
dizem que não há provas e que todas as despesas foram aprovadas na
prestação de contas da campanha.
Acusações do PSDB
Nas alegações finais, o PSDB, autor da ação, lista um total de 23
supostas irregularidades na campanha que, em conjunto, teriam
configurado, na avaliaçãodo partido, o abuso de poder econômico e
político que levou à reeleição de Dilma e Temer. Além de doações com
dinheiro de propina, o partido aponta diversas situações em que a
máquina pública teria sido usada em favor da chapa eleita.
O partido ainda cita depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa no qual ele disse que, nos contratos da Diretoria de
Abastecimento, 2% seriam repassados ao PT.
O PSDB diz que executivos de diversas empreiteiras confirmaram tal
acerto, inclusive Marcelo Odebrecht, que afirmou que Dilma tinha
"conhecimento pessoal acerca desses fatos".
"A obtenção de recursos nessas circunstâncias caracteriza o abuso de
poder político, porquanto as aludidas doações foram feitas em
decorrência de promessas de benesses ou de abstenção de criar entraves
por parte dos agentes do governo", diz a peça do PSDB.
Ao final, o partido, porém, isenta Temer de responsabilidade
nas irregularidades apontadas, dizendo as provas constatam a
responsabilidade somente de Dilma no abuso de poder político e
econômico.
"Ao cabo da instrução destes processos não se constatou em nenhum
momento o envolvimento do segundo representado em qualquer prática
ilícita. Já em relação à primeira representada, há comprovação cabal de
sua responsabilidade pelos abusos ocorridos."
Parecer do Ministério Público
Também parte no processo, o Ministério Público Eleitoral opinou pela cassação de toda a chapa, mas com punições diferentes: a cassação do mandato de Michel Temer e a declaração de inegibilidade de Dilma Rousseff por oito anos.
Para o Ministério Público, ficou demonstrado pelas delações da
Odebrecht que Dilma sabia dos pagamentos ao marqueteiro João Santana,
responsável por sua campanha, via caixa dois – recursos não declarados.
Sobre o presidente Michel Temer, o MPE disse que o à época
vice-presidente não foi mencionado nos depoimentos da Odebrecht. O único
episódio em que aparece, um jantar no Palácio do Jaburu em 2014,
discutiu doações para o PMDB, e não para a chapa presidencial.
O Ministério Público afirma não haver elementos nos autos que liguem
Temer ao financiamento ilícito da chapa. Assim, sem responsabilidade
pessoal, ele não ficaria inelegível, como Dilma.

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