sábado, 15 de abril de 2017

COLUNISTA VIP:



TEMPORAL SEM FIM E OS NOSSOS PECADOS 
DO DIA A DIA BRASILEIRO
Jeremias Macário
Muitos já assistiram cenas de filmes de catástrofes provocadas pela natureza e outras por erros humanos e ataques terroristas em aviação, trens, metrôs, navios e incêndios pavorosos em edifícios. Nos momentos mais agudos da situação as pessoas expostas, por mais insensíveis e duras, se reconciliam com inimigos, consigo mesmo e perdem perdão pelas suas traições contra o amado, a amada, seus entes queridos e semelhantes.
  Não é só isso, contam que na hora do aperto de morte até o camarada ateu clama pela misericórdia de Deus. No caminho para Damasco, o soldado Saulo, perseguidor dos cristãos, virou Paulo apóstolo de Cristo, diante dos raios trovões. Nas tragédias, todos se tornam cordiais e solidários, pelo menos por algum tempo. Quando uma doença grave, ou violência abate uma família, parentes mais próximos se dispõem a combater o mal com campanhas e ajudas. Conta muito o emocional.
   Basta um temporal pesado para muita gente cair em rezas e pedir a Iansã, a Deus, Nossa Senhora e a todos os santos para que abrandem a tempestade. No Brasil, em meio a um temporal sem fim e catástrofes políticas, tudo parece normal, a não ser idiotas nas ruas tremulando bandeiras de “coxinhas” e “mortadelas” com reivindicações de cunho individualista ou de benefício para a categoria de cada um. Nelas estão estampadas as cores da intolerância, da irracionalidade e do ódio.
 Os operadores graúdos das propinas só confessaram seus pecados depois que a força tarefa da Lava Jato (Ministério Público, Polícia Federal, promotores e juízes) mandou prendê-los, caiando sobre eles a espada da privação da liberdade. O outro lado dos corruptores se contorce em mentiras, negações e falsas justificativas de legalidades de seus atos.
Em posições confortáveis e poltronas acolchoadas, o temporal ainda não chegou a esta gente apelidada de Todo Feio, Alemão, Pacífico, Porco, Flamenguista, Grisalho, Vizinho, Nervosinho, Roxinho, Mineirinho, Boca Mole, Caju, Decrépito, Amigo, Italiano, Pós-Italiano, Garanhão, Índio, Angorá e tantas outras alcunhas engraçadas e tenebrosas. Eles não se sentem ameaçados e nem estão ai para os tormentos dos outros.
  Também a banda do outro lado mais exposta ao temporal que a tudo assiste das arquibancadas tem seus pecados do dia a dia e precisa se purgar. Esses pecados de vender o voto, furar filas, assinar ausências de colegas nas escolas, bater pontos de companheiros no trabalho, queimar aulas, plantões em hospitais, dar gorjeta a policiais e servidores públicos na base do jeitinho brasileiro, fazer roubadas no trânsito, parar em locais errados e enganar os outros por achar ser o mais espertotalvez sejam pequenos aos olhos de muitos, mas criaram monstros que estão nos devorando.
  Nesse temporal horrível é imperativo que todos façam “mea culpa”, saiam do comodismo e reajam contra os malfeitores e salteadores dos cofres públicos, que falsearam suas ideologias de direita e de esquerda e comeram nosso queijo como ratos.Fuzilar primeiro na corrupção abre outros flancos para sairmos desse Inferno de Dante. Depois é só acertar outros alvos que impedem nossa marcha por justiça e igualdade social.
  Nos corredores aterrorizantes das delações premiadas, fica a impressão de que a Odebrecht é uma mãe e uma mina inesgotável de milhões em dinheiro, mas, na verdade, a empresa foi apenas uma repassadora da grana extraída do povo, isto através das medidas beneficiadoras de isenção de impostos, dos privilégios nos contratos de obras, no superfaturamento e nas fraudes licitatórias. A Odebrechtfezengordar seu caixa roubando dos contribuintes em conluio com os políticos e governantes escrotos.
  Nas proposições e pleitos em projetos de investimentos, legítimos ou não, a repassadora de verbas era obrigada a fazer suas planilhas de doações para saciar a fome dos paquidermes que recebiam as folhagens em malas, mochilas, envelopes, saldos amigos e contas em bancos nacionais e estrangeiros. Grande volume das propinas era “declarado” e “legalizado” via Justiça Eleitoral, a maior máquina brasileira de lavagem de dinheiro.
 Por fim, os nossos pecados do dia desencadearam um temporal sem fim no país e não vai ser nenhuma reza, vodus e preces que vão parar, mesmo porque Deus, santos e orixás não se metem nessas falcatruas armadas pelos gananciosos por dinheiro e poder, com o consentimento e a falta de indignação de um povo que prefere continuar na cegueira ideológica.

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