"Sem história não se faz futuro", argumenta Tina Rocha, secretária municipal de Cultura.
Por Fábio Sena e Débora Gusmão
A artista, empresária e educadora Tina Rocha assumiu a titularidade da pasta responsável pela realização das políticas públicas que serviram como principal eixo de argumentação eleitoral do prefeito Herzem Gusmão: a Cultura. Nas entrevistas, programas de televisão e de rádio e nos debates durante o período eleitoral, sempre a mesma afirmação: combater, com a Cultura, a violência, como fez Jorge Melguizo em Medelin, na Colômbia.
Militante do universo cultural conquistense e sabedora do interesse do gestor de tornar a Cultura um bem acessível à comunidade, Tina Rocha assumiu o primeiro desafio: mapear os espaços de fazer cultural da cidade, identificando as condições estruturais e de acesso e as possibilidades de melhoria. Ao Diário Conquistense, ela falou com exclusividade sobre o que viu, o que pretende fazer e como para que Vitória da Conquista volte a respirar cultura.
Tina falou sobre suas prioridades na gestão, desafios e compromissos neste primeiro momento de transição de um modo de governar para outro que ela afirma será bastante diferente, e inovador. Durante a entrevista, reafirmou o compromisso de integrar artistas locais de múltiplas vertentes culturais, além da música, e a participação da comunidade no processo de valorização da nova cena artística, bem como da preservação da memória cultural, pois, segundo ela, “sem história não se faz futuro”.
Em uma hora de conversa com o DIÁRIO CONQUISTENSE, a secretária revelou suas intenções para a nova gestão e prometeu inovar, movimentar, agregar novas ideias, além de resgatar o patrimônio histórico-cultural de Vitória da Conquista.
BIBLIOTECA MUNICIPAL
Como educadora e apaixonada por literatura, a secretária não deixou de ressaltar a importância de incentivo à leitura como meio de relacionar arte e educação. Para ela, política cultural não pode ser confundida mera promoção de eventos. Por isso, o primeiro equipamento visitado foi a Biblioteca Municipal José de Sá Nunes, localizada no Bairro Conquistinha. “Fiquei muito triste com o que vi”, lamenta Tina Rocha que, apesar de perceber o zelo dos servidores com o local, identificou que a biblioteca, nas condições atuais, não conseguirá cumprir sua missão. “A estrutura está muito ruim, temos 16 infiltrações, temos um telhado comprometido”. Como se não bastasse, os funcionários narraram casos de aparecimento de escorpiões.
Os livros – a maior parte didáticos – estão ultrapassados e não exercem nenhuma função para consulta: “A gente já procurou fazer uma distribuição nos pontos de leitura”. Tina Rocha se deparou ainda com uma sala de informática que – acreditem – não tinha Internet. Pior: contava com a caridade de um vizinho. “Uma coisa inadmissível”. Em quarenta e oito horas a situação foi resolvida pela Prefeitura e todos os computadores voltaram a servir à comunidade. Agora, além de uma política de renovação de acervo, a secretária de Cultura quer melhorar a paisagem, interna e externa, da biblioteca. “Luzia (Vieira), do Meio Ambiente, vai dar uma caprichada e, quando tiver tudo arrumadinho, bonito, vamos iniciar o processo de ampliação”.
Para renovação do acervo – hoje praticamente o espaço serve como depósito de livros antigos, muitos inúteis – a Secretaria de Cultura vai manter contato com editoras e escritores. “Inclusive, o Antonio Torres, que acabou de se tornar imortal da Academia de Letras da Bahia. São várias editoras, que não vão se negar a fornecer títulos, principalmente sabendo que é para o poder público”. Para vencer um obstáculo histórico à visitação – o difícil acesso do público –, Tina Rocha pensa que, entre outras coisas, é preciso fortalecer o equipamento como espaço de convivência. Além disso, melhorar a iluminação para atividades noturnas. “Estive lá e não havia ninguém lendo. Claro, pois não tem nada de atrativo. E estamos falando de uma área privilegiada, arborizada, um local silencioso. Vamos incentivar os jovens”.
TEATRO CARLOS JEOVAH
Xodó dos músicos e artistas conquistenses, o Teatro Carlos Jeohvah também integra o acervo de preocupações da secretária Tina Rocha. “Vamos ter um banheiro legal, pertencente apenas ao teatro. Hoje, não temos uma bilheteria, não temos uma sala de espera legal. O camarim é pequenininho. A parte interna merece uma arrumação para funcionar de forma legal para os artistas. E o Carlos Jeohvah, nós artistas – eu inclusive fiz vários shows nele – é o preferido, inclusive em relação ao Centro de Cultura. Eu adoro aquele espaço, mas ainda não tem entrada para pessoas com deficiência, por exemplo”.
MEMORIAL RÉGIS PACHECO
A secretária Tina Rocha também avaliou um dos principais equipamentos públicos ligados à área da Cultura – o Memorial Governador Régis Pacheco – e identificou graves problemas arquitetônicos. “Faz pena aquilo ali. É um abandono total. Você tem ali uma casa velha e abandonada. Temos muitas goteiras, vamos resolver esses vazamentos. Vamos melhorar a pintura. Temos o anexo, lá estão os instrumentos de nossa sinfônica e isso não pode acontecer. Temos ali os quadros pintados pelo fantástico Orlando Celino e inclusive eu tenho um apelo: se alguém souber onde estão aqueles retratos que deram origem aos quadros, nos avise. Nós conseguimos encontrar dois atrás de umas caixas, inclusive foi nosso coordenador de Cultura, Ricardo Benedictis”. Para Tina Rocha, o casarão deve cumprir sua missão de memorial: “Por isso, queremos que a primeira sala exponha tudo relativo ao governador Régis Pacheco e vamos inclusive disponibilizar a história do ex-governador. Vamos procurar os familiares e construir este acervo.
CENTRO CULTURAL GLAUBER ROCHA
Inaugurado pelo governo anterior, o Centro Cultural Glauber Rocha também ocupa as preocupações da secretária Tina Rocha. Para ela, é urgente uma intervenção para alterar a paisagem. “É muito desumanizado. Eu nunca vi tanto cimento em minha vida. Não tem um pé de planta. É um concreto vivo. Estamos fazendo o planetário, uma ideia do professor Josemar Rodrigues. Comprou-se o equipamento, mas o governo anterior não montou, mas está sendo providenciado. Vai ficar lindo. Vamos colocar plantas, dar vida. Naqueles boxes, tem gente que vende R$ 20 por mês. Isso não pode acontecer. Temos artistas fantásticos ali, em lapidação de pedra, trabalhos espetaculares. Vamos revitalizar para que as pessoas frequentem. Aquilo ali, em pleno sol, uma hora da tarde…”.
CONSERVATÓRIO MUNICIPAL
A primeira coisa anunciada por Tina Rocha sobre o Conservatório Municipal é que o equipamento ficará novamente sob a batuta de Arlaine Bonfim, que deixou a direção em 2015, depois de 18 anos dedicados ao órgão. A ideia é investir na melhoria acústica do espaço para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. O conservatório, que funciona atualmente no Espaço Cultural Glauber Rocha, receberá visita de engenheiros para um tratamento geral. “Ali é para ter atividades culturais toda a semana. Seja com a Filarmônica, um cantor popular, uma banda de rock. Aquilo precisa ser humanizado. É o que vamos fazer”.
A artista, empresária e educadora Tina Rocha assumiu a titularidade da pasta responsável pela realização das políticas públicas que serviram como principal eixo de argumentação eleitoral do prefeito Herzem Gusmão: a Cultura. Nas entrevistas, programas de televisão e de rádio e nos debates durante o período eleitoral, sempre a mesma afirmação: combater, com a Cultura, a violência, como fez Jorge Melguizo em Medelin, na Colômbia.
Militante do universo cultural conquistense e sabedora do interesse do gestor de tornar a Cultura um bem acessível à comunidade, Tina Rocha assumiu o primeiro desafio: mapear os espaços de fazer cultural da cidade, identificando as condições estruturais e de acesso e as possibilidades de melhoria. Ao Diário Conquistense, ela falou com exclusividade sobre o que viu, o que pretende fazer e como para que Vitória da Conquista volte a respirar cultura.
Tina falou sobre suas prioridades na gestão, desafios e compromissos neste primeiro momento de transição de um modo de governar para outro que ela afirma será bastante diferente, e inovador. Durante a entrevista, reafirmou o compromisso de integrar artistas locais de múltiplas vertentes culturais, além da música, e a participação da comunidade no processo de valorização da nova cena artística, bem como da preservação da memória cultural, pois, segundo ela, “sem história não se faz futuro”.
Em uma hora de conversa com o DIÁRIO CONQUISTENSE, a secretária revelou suas intenções para a nova gestão e prometeu inovar, movimentar, agregar novas ideias, além de resgatar o patrimônio histórico-cultural de Vitória da Conquista.
BIBLIOTECA MUNICIPAL
Como educadora e apaixonada por literatura, a secretária não deixou de ressaltar a importância de incentivo à leitura como meio de relacionar arte e educação. Para ela, política cultural não pode ser confundida mera promoção de eventos. Por isso, o primeiro equipamento visitado foi a Biblioteca Municipal José de Sá Nunes, localizada no Bairro Conquistinha. “Fiquei muito triste com o que vi”, lamenta Tina Rocha que, apesar de perceber o zelo dos servidores com o local, identificou que a biblioteca, nas condições atuais, não conseguirá cumprir sua missão. “A estrutura está muito ruim, temos 16 infiltrações, temos um telhado comprometido”. Como se não bastasse, os funcionários narraram casos de aparecimento de escorpiões.
Os livros – a maior parte didáticos – estão ultrapassados e não exercem nenhuma função para consulta: “A gente já procurou fazer uma distribuição nos pontos de leitura”. Tina Rocha se deparou ainda com uma sala de informática que – acreditem – não tinha Internet. Pior: contava com a caridade de um vizinho. “Uma coisa inadmissível”. Em quarenta e oito horas a situação foi resolvida pela Prefeitura e todos os computadores voltaram a servir à comunidade. Agora, além de uma política de renovação de acervo, a secretária de Cultura quer melhorar a paisagem, interna e externa, da biblioteca. “Luzia (Vieira), do Meio Ambiente, vai dar uma caprichada e, quando tiver tudo arrumadinho, bonito, vamos iniciar o processo de ampliação”.
Para renovação do acervo – hoje praticamente o espaço serve como depósito de livros antigos, muitos inúteis – a Secretaria de Cultura vai manter contato com editoras e escritores. “Inclusive, o Antonio Torres, que acabou de se tornar imortal da Academia de Letras da Bahia. São várias editoras, que não vão se negar a fornecer títulos, principalmente sabendo que é para o poder público”. Para vencer um obstáculo histórico à visitação – o difícil acesso do público –, Tina Rocha pensa que, entre outras coisas, é preciso fortalecer o equipamento como espaço de convivência. Além disso, melhorar a iluminação para atividades noturnas. “Estive lá e não havia ninguém lendo. Claro, pois não tem nada de atrativo. E estamos falando de uma área privilegiada, arborizada, um local silencioso. Vamos incentivar os jovens”.
TEATRO CARLOS JEOVAH
Xodó dos músicos e artistas conquistenses, o Teatro Carlos Jeohvah também integra o acervo de preocupações da secretária Tina Rocha. “Vamos ter um banheiro legal, pertencente apenas ao teatro. Hoje, não temos uma bilheteria, não temos uma sala de espera legal. O camarim é pequenininho. A parte interna merece uma arrumação para funcionar de forma legal para os artistas. E o Carlos Jeohvah, nós artistas – eu inclusive fiz vários shows nele – é o preferido, inclusive em relação ao Centro de Cultura. Eu adoro aquele espaço, mas ainda não tem entrada para pessoas com deficiência, por exemplo”.
MEMORIAL RÉGIS PACHECO
A secretária Tina Rocha também avaliou um dos principais equipamentos públicos ligados à área da Cultura – o Memorial Governador Régis Pacheco – e identificou graves problemas arquitetônicos. “Faz pena aquilo ali. É um abandono total. Você tem ali uma casa velha e abandonada. Temos muitas goteiras, vamos resolver esses vazamentos. Vamos melhorar a pintura. Temos o anexo, lá estão os instrumentos de nossa sinfônica e isso não pode acontecer. Temos ali os quadros pintados pelo fantástico Orlando Celino e inclusive eu tenho um apelo: se alguém souber onde estão aqueles retratos que deram origem aos quadros, nos avise. Nós conseguimos encontrar dois atrás de umas caixas, inclusive foi nosso coordenador de Cultura, Ricardo Benedictis”. Para Tina Rocha, o casarão deve cumprir sua missão de memorial: “Por isso, queremos que a primeira sala exponha tudo relativo ao governador Régis Pacheco e vamos inclusive disponibilizar a história do ex-governador. Vamos procurar os familiares e construir este acervo.
CENTRO CULTURAL GLAUBER ROCHA
Inaugurado pelo governo anterior, o Centro Cultural Glauber Rocha também ocupa as preocupações da secretária Tina Rocha. Para ela, é urgente uma intervenção para alterar a paisagem. “É muito desumanizado. Eu nunca vi tanto cimento em minha vida. Não tem um pé de planta. É um concreto vivo. Estamos fazendo o planetário, uma ideia do professor Josemar Rodrigues. Comprou-se o equipamento, mas o governo anterior não montou, mas está sendo providenciado. Vai ficar lindo. Vamos colocar plantas, dar vida. Naqueles boxes, tem gente que vende R$ 20 por mês. Isso não pode acontecer. Temos artistas fantásticos ali, em lapidação de pedra, trabalhos espetaculares. Vamos revitalizar para que as pessoas frequentem. Aquilo ali, em pleno sol, uma hora da tarde…”.
CONSERVATÓRIO MUNICIPAL
A primeira coisa anunciada por Tina Rocha sobre o Conservatório Municipal é que o equipamento ficará novamente sob a batuta de Arlaine Bonfim, que deixou a direção em 2015, depois de 18 anos dedicados ao órgão. A ideia é investir na melhoria acústica do espaço para melhorar o processo de ensino e aprendizagem. O conservatório, que funciona atualmente no Espaço Cultural Glauber Rocha, receberá visita de engenheiros para um tratamento geral. “Ali é para ter atividades culturais toda a semana. Seja com a Filarmônica, um cantor popular, uma banda de rock. Aquilo precisa ser humanizado. É o que vamos fazer”.
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