DOS PODEROSOS
Jeremias Macário
Durante séculos, desde
o início da colonização, a elite capitalista brasileira sempre foi opressora,
tirânica e nunca aceitou repartir os benefícios das riquezas com os mais
pobres, principalmente com os negros que serviram de escravos sujeitos ao
tronco e à chibata. É bom lembrar que a desigualdade no Brasil sempre foi
estrutural, não resultado das crises.
Este poder capital egoísta dos donos absolutos
da terra na forma dos coronéis e depois da burguesia urbana “progressista”
comercial e industrial, porém conservadora, terminou por fincar no Brasil as
raízes de um processo lento de eugenia através das profundas desigualdades
sociais que vão eliminando os mais fracos.
No nazismo da Alemanha houve uma política
pré-estabelecida de um partido que procurou fazer a depuração das raças ao
condenar à morte milhões de considerados impuros. No Brasil, o próprio sistema
exploratório e predatório de subjugação se encarregou de depurar e excluir as
pessoas. Também tivemos e temos aqui nossos campos de extermínios.
Quando a coisa esquenta um pouco, esse pessoal
da plutocracia fala em diálogo, só que os poderosos nunca abriram mão de nada e
fecham o cerco todas as vezes que o pobre começa a ganhar um dinheirinho. Para
disfarçar e enganar, criam secretarias da mulher, do idoso, do negro e agora
inventaram a Secretaria Nacional da Juventude que cheira mais a fascismo.
Foi assim no Governo de Getúlio Vargas no seu
segundo mandato a partir dos anos 50 quando os dominadores da riqueza acossaram
o presidente e tentaram um golpe. Getúlio se suicidou em 54, mas eles nunca
desistiram. Voltaram com toda força em 1964 contra as reformas de base e
depuseram com tanques, fuzis e metralhadoras o presidente João Goulart.
No poder, os opressores generais, com apoiodos
Estados Unidos e aval da burguesia oligarca nacional, impuseram o maior arrocho
aos trabalhadores, aposentados e demais categorias desfavorecidas. Todos
tiveram que sofrer calados. Milhares foram torturados e centenas mortos nos
porões da ditadura. Com a tirania dos coturnos militares foi mais fácil
praticar a eugenia.
Bastaram ocorrer as
barbaridades de esquartejamentos nas penitenciárias do Norte e do Nordeste,
regiões de baixo índice de desenvolvimento humano, para o secretário da
Juventude dar uma declaração nazista, diz ele que neste ponto era um coxinha,
de que deveria ter rebeliões todas as semanas, com mais e mais matanças. Na sua
visão, só assim se acabaria de vez com a raça dos marginais, vítimas de uma
sociedade individualista.
Na verdade, o que ele afirmou, milhões de
brasileiros também comungam do mesmo pensamento. Ninguém tocou mais no assunto
sobre a redução da maioridade penal para menores. Estão esperando que aconteçam
outras tragédias. Abola da vez são as prisões que viraram masmorras medievais
da pior espécie.
Só aqui já citei várias práticas severas de
eugenia no Brasil que se perpetuam ao longo dos tempos, funcionando como
extermínio lento dos menos favorecidos e dos miseráveis que vivem na extrema
pobreza. A educação precária que atua como fábrica de ignorantes sem
consciência política e a falta de saúde nos hospitais, cujos corredores servem
para empilhar doentes que têm suas vidas abreviadas, são formas de eugenia.
A má formação educacional, que a oligarquias
assim fizeram questão de preservar, instalando bolsões de massas desinformadas,
sempre contribuiu para entravar as mudanças sociais, tão carentes nas nações
subdesenvolvidas, ou emergentes, como queiram. Depois criaram campos férteis
para a segregação, para o ódio e a intolerância
Não enxerga assim quem
não quer e até acha exagero, só que não é. Tomados pela insegurança e pela
violência que no Brasil matam por ano mais que nas guerras, as próprias vítimas
que justamente sãos as classes injustiçadas e de menor poder aquisitivo, pedem
aos poderosos que deixaram o Brasil neste estado, que decretem a pena de morte.
Acontece que este povo é tão inocente útil
que ainda não percebeu que a pena de morte já existe há anos.Com o ferro da
subserviência cravado em brasas em nossas carnes, ainda temos oscapatazes e os capitães
do mato que atuam e servem fielmente aos seus patrões e matam quando é
necessário. Basta uma ordem vinda de cima.
Teve uma esquerda recente no governo que
prometeu com honestidade, seriedade e ética, aliviar este fardo pesado de
nossas costas, reduzir as desigualdades sociais e redistribuir a renda aos mais
pobres e carentes através de cotas, bolsas, pensões, auxílios e até do
conhecimento, mas a turma do esquema terminou se lambuzando com o mel dos
poderosos.
Essa gente se misturou
com a corrupção,e na vaidade de imitar os ricos, se contaminou. Até hoje este
grupo de aloprados considera que tinha direito de também se locupletar das
vantagens oferecidas pela elite endinheirada. De olho na cumbuca, os
oportunistas de outrora aproveitaram a brecha para assaltar mais uma vez o
palácio do poder. O resultado disso tudo
está aí no caos político, econômico, moral e ético. Os donos do dinheiro nunca foram tão felizes e
ganharam tanta grana como nos 13 anos desta esquerda.
Os trabalhadores,
pensionistas e demais beneficiários que já estavam acreditando nas melhorias da
esquerda insensata e populista, estão hoje a ver navios e ameaçados a entregar
suas últimas moedas para reforçar todo sistema empresarial e banqueiro do país,
isto é, os poderosos.Mudamos para pior, para uma eugenia mais rápida das
classes baixas.
No emprego da
representatividade popular para construir suas riquezas, o país sempre foi
comandado pela plutocracia e pela cleptocracia (governo de ladrões), alternando
ditadura com democracia, esta sempre ligada a estas malditas “cracias” e
“ismos”. Hoje, o que temos, na verdade, é uma democracia de injustiças, desigualdades
e de barriga e mentes vazias, propiciando a eugenia praticada pelos poderosos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário