POBRES E APOSENTADOS NO
PAÍS
DO SENHOR E DA DAMA DOS
ANÉIS
Jeremias Macário
A prisão do ex-governador corrupto do Rio de
Janeiro e sua digníssima esposa serviu para revelar as identidades do senhor e
a dama dos anéis, bom título para um filme, um conto ou um romance para a
literatura brasileira, já recheada de fatos exóticos e escabrosos dos
usurpadores do poder.
Ela está mais para a
dama dos sapatos finos das Filipinas e ele para os sultões das arábias com suas
arcas de ouro. Com tanto ouro, está faltando o harém para completar a esbórnia
das mil e uma noites. Já imaginou o Cabral com suas índias e mulatas adornadas
de anéis, brincos, colares e braceletes de diamantes e esmeraldas!
A primeira dama seria a mais deslumbrante de
fazer inveja ao planeta dos anéis! Já pensou a cena dos súditos em torno deles
fazendo vênias e com leques abanando seu rei e rainha?O roteiro do filme pode
começar com a pobreza dos dois e os momentos de maiores dificuldades e
sofrimentos em suas vidas de infância num interiorzinho ou numa periferia
qualquer.
Se Cabral, o navegador,
tivesse previsto um futuro tão depravado e promíscuo do poder no Brasil, jamais
teria aportado com sua nau de degredados nestas bandas do Atlântico. Teria dado
meia volta e enfrentado as correntes marítimas para outras terras mais
longínquas.
Quem viu, viu, quem não viu não vê mais neste
país tantas imagens negativas, bizarras e vexatórias de seus dirigentes que, se
tivessem um pouco de caráter e vergonha na cara, fariam uma renúncia coletiva
de seus cargos, mas o Estado éeles, como dizia um rei que depois foi
guilhotinado. Nem nossos antepassados viram tantas trapalhadas e covardias
contra um povo estropiado.
Não sei como um parlamentar sensato, sério e
honesto, se é que existe, consegue se movimentar e transitar em meio àquele
bando de ladrões, trocando ideias e afagos. Um pedido de renúncia em público
seria um grande exemplo de caráter à nação por se sentir tão enojado. Seria um
alento de esperança em meio a tanta desesperança e revolta.
Nunca na história do Brasil houve a recusa de
um sucessor para não assumir o cargo de prefeito de um município. Em Ribeirão
Preto (São Paulo) onde a dama da fazenda dos sonhos roubou e foi presa, ninguém
quer ser prefeito. Temos aqui também os senhores das imagens antigas, das
lanchas, dos iates e dos quadros de pintores famosos caríssimos, e as damas dos
vestidos e das bolsas de luxo.
O senador do PT, Jorge Viana, rezou e fez de
tudo para não assumir a presidência da Casa no lugar do desobediente e traquino
réu Renan. Houve um acordão com o Supremo Tribunal Federal para deixar o réu em
seu trono. Por isso que digo: Quem viu, viu, quem não viu não vê mais. É uma
bagaceira só de espetáculo, meu amigo! Coisa imperdível de se ver! Façam suas
apostas!
O Congresso Nacional é um grande balcão de
negociatas entre o público e o privado, e o Tribunal Eleitoral uma eficiente
máquina de lavar o dinheiro sujo da corja. É só bater o carimbo e as cédulas
milionárias das propinas e dos caixas dois são imediatamente legalizadas.
Do forno elas saem
quentinhas e engomadinhas com caras de presidentes, ministros, senadores,
deputados e vereadores, com apelidos os mais variados de Todo Feio, Boca Mole,
Projeto, Justiça, Angorá, Polo, Índio, Caju, Botafogo e tantos outros nomes
exóticos. Nem por isso reclamaram do bullying, nem ficaram traumatizados.
Se nos tempos atuais Cristo voltasse à terra e,
ao passar aqui no Brasil, entrasse neste Templo da esbórnia, não chicotearia
estes vendilhões, mas mandaria um raio certeiro para acabar com todos de uma
vez. Só sobrariam as cinzas que deveriam ser jogadas no rio Tietê, o mais
poluído do mundo.
No Brasil sempre se tirou dos pobres para dar
aos ricos. Para os negros mandaram erguer os troncos e descer literalmente a
chibata em seus lombos, mas todos os pobres, de uma forma ou de outra,
continuam desde os tempos coloniais sendo surrados com a madeira das
injustiças.
Neste Templo de rituais malditos, para
agradar aos seus deuses satânicos pela boa colheita recebida, os
“representantes” eleitos usam o dinheiro lavado das propinas e oferecem as
cabeças dos pobres em sacrifícios. Bebem e derramam nosso sangue no altar das
imolações, numa espécie de cerimonial vodu com cheiro de enxofre. Até quando
vão nos trucidar com suas barbáries?
Agora mesmo o mordomo de Drácula e seus
encarregados, todos pactuados com os demônios do capital e do poder, montam
mais outra crueldade (tem a PEC dos gastos dos 20 anos) chamada de reforma
previdenciária. Mais um ritual satânico do faraó para que ninguém no futuro se
aposente em vida. Como não temos um Moisés salvador, a ordem é morrer
trabalhando e contribuindo para as castas privilegiadas do reino.
Por que deixaram os militares que detêm as
bombas, os fuzis, as metralhadoras, os aviões, navios de guerra, a opressão e
os tanques de fora?Alguém aí pode explicar o motivo? Os políticos vão perder
suas verbas e regalias? Não, eles também comandam a cerimônia demoníaca das
matanças e sangramentos dos pobres.
Como no caso do senhor e da dama dos anéis,
dos quadros, das imagens, das fazendas, dos iates e das lanchas, o senhor
Fernando Henrique Cardoso, o FHC inseticida, disse certa vez que era vagabundo
quem se aposentava com 50 anos. Não falou 55 porque a mulher dele, dona Ruth,
se aposentou com esta idade. Ele mesmo se aposentou com 37. Seu ministro
reformador da previdência, o Rheinold Stephanys, com 47, o Henrique Meirelles
com 56 e o próprio Temer mordomo com 55. Eles podem tripudiar! É da lei!
Nenhum comentário:
Postar um comentário