sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Petrobras aprova redução de preços de diesel e gasolina nas refinarias:

Empresa aprova nova política de preços e fará avaliações mensais.  Redução na bomba depende de postos; previsão é que os preços caiam a partir de 2ª feira.

G1, São Paulo e Rio -Petrobras:nova política de preços. (Foto: Daniel Silveira/G1)
Petrobras detalha nova política de preços em coletiva no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira. (Foto: Daniel Silveira/G1) A Petrobras informou nesta sexta-feira (14) que a diretoria executiva da companhia aprovou na véspera a implantação de uma nova política de preços de gasolina e diesel comercializados em suas refinarias. O G1 havia antecipado que a redução ocorreria ainda neste ano.
Nós temos os tanques bem abastecidos pra atender o final de semana. E qualquer produto que chegar na segunda-feira já vem com o preço novo”, disse
José Alberto Gouveia, do Sincopetro
A companhia decidiu reduzir o preço do diesel em 2,7% e da gasolina em 3,2% na refinaria. Esses preços entrarão em vigor a partir da zero hora de sábado (15).
"Pode-se esperar um maior número de reajustes. A expectativa é que a gente possa fazer uma avaliação mais rápida dos nossos preços", disse o presidente da Petrobras, Pedro Parente.
Segundo a petroleira, se a redução aplicada na refinaria for integralmente repassada ao consumidor final, na bomba dos postos, o diesel pode cair 1,8%, ou R$ 0,05 por litro. Já a gasolina pode cair 1,4%, ou R$ 0,05 por litro. A última redução dos preços dos combustíveis foi em junho de 2009.
GASOLINA ESTÁ MAIS CARA NO BRASIL HÁ 1 ANO
"Commodities são precificadas pelo mercado. Nós vamos nos referenciar pelo preço de mercado", disse o diretor de refino e gás natural, Jorge Celestino, ao explicar a base da política de preços.
De acordo com comunicado da Petrobras, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a decisão considerou "o crescente volume de importações, o que reduz a participação de mercado da Petrobras, e também a sazonalidade do mercado mundial de petróleo e derivados".

Petrobras fará avaliação mensal de preços
Segundo o diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Ivan Monteiro, essa nova política não altera em nada a meta da companhia. Pode acarretar uma queda de receita, mas, como um todo, não vai impactar o planejamento estratégico.
Durante a coletiva de imprensa, Parente destacou que serão realizadas reuniões mensais para avaliar os preços, com resultados divulgadas à imprensa e por meio dos canais de relacionamento da companhia. Ou seja, a empresa poderá anunciar reajustes de preços de acordo com o comportamento dos preços internacionais de combustíveis. "Isso tudo tem o objetivo de levar para a sociedade e para o mercado à transparência que se espera", disse.
Segundo cálculos da Tendência Consultoria, o barril de petróleo do tipo Brent, referência global, teria que bater US$ 58 para que a gasolina no Brasil seja negociada pelo mesmo valor de referência no exterior. No caso do diesel, o petróleo teria que estar cotado acima de US$ 66 o barril. Na vépera, o Brent fechou a US$ 52,03 o barril.
Leia também: O que define o preço da gasolina no Brasil?
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Cadeia de comercialização da gasolina VALE (Foto: G1)

Na bomba dos postos
O presidente do sindicato dos donos de postos de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Gouveia, calcula que os postos começarão a repassar a redução do preço da gasolina e diesel a partir de segunda-feira (17).
"Nós temos os tanques bem abastecidos pra atender o final de semana. E qualquer produto que chegar na segunda-feira já vem com o preço novo”, explica.

Segundo ele, mesmo que algum posto permaneça com os tanques cheios na segunda-feira, ao ver que outros postos estão reduzindo o preço eles preferirão perder dinheiro a perder o cliente.
“A partir de segunda ou terça alguns postos já começam a ter redução pro consumidor pra competir com o mercado e o consumidor com certeza vai pagar menos. Assim os donos de postos também ganham novos clientes”, diz.
Gouveia ressalta que a redução do preço é na gasolina A, e não inclui a carga de impostos nem o etanol anidro, que chega a 27% na mistura.

Por isso, ele preferiu não fazer uma previsão de quanto seria a redução em centavos por litro de gasolina e diesel.
Gasolina mais cara no Brasil
O preço da gasolina nas refinarias da Petrobras está atualmente mais de 20% acima da média dos preços no exterior e já são 12 meses seguidos de gasolina bem mais cara no Brasil, segundo dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Levantamento da consultoria mostra que a diferença nos preços chegou a 49,1% em fevereiro, caindo para 10,6% em junho e fechando agosto em 23,1%. No acumulado no mês de setembro, até o dia 19, o preço praticado no mercado brasileiro está 25,5% mais caro.
O último aumento nos preços dos combustíveis nas refinarias tinha sido anunciado pela Petrobras em setembro do ano passado: 6% para a gasolina e 4% para o diesel.
Desde então, a Petrobras vinha obtendo elevada margem de lucro com a venda de combustíveis, permitindo à empresa recuperar parte das perdas que teve no período em que o governo a obrigou a manter os preços artificialmente represados.
Pelos cálculos do CBIE, as diferenças de preços proporcionaram para a Petrobras, somente entre janeiro e julho, um ganho potencial de cerca de R$ 15 bilhões – R$ 11,8 bilhões com a gasolina e R$ 3,2 com o diesel.
Preços ao consumidor da gasolina. (Foto: G1)
Sem interferência do governo
Em junho, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que o governo do presidente Michel Temer não iria interferir nas decisões da estatal envolvendo reajuste no preço dos combustíveis no Brasil. De acordo com ele, essa seria uma decisão "empresarial".
Em abril, a Petrobras informou que "não havia previsão", no momento, de reajuste nos preços de comercialização de gasolina e diesel, em meio a expectativas do mercado de que uma redução seria anunciada na ocasião.
Na época, analistas afirmaram que uma redução nos preços dos combustíveis seria muito negativa para a Petrobras, uma vez que aumentaria a pressão sobre o fluxo de caixa da estatal, que busca se recuperar de prejuízo de R$ 36,9 bilhões no quarto trimestre.
O governo da ex-presidente, Dilma Rousseff, sofreu críticas no passado por segurar aumento do preço dos combustíveis em momentos de valorização do petróleo no exterior – os preços aqui seguem cotações internacionais.
Segundo os críticos, a medida trouxe prejuízos à Petrobras de cerca de US$ 40 bilhões no acumulado desde 2010. O governo, porém, alegava que essa política evitava oscilações prejudiciais aos consumidores e auxiliava no controle da inflação.
A definição de uma nova política de preços baseada na paridade internacional é bem vista pelo mercado. Para analistas do setor, trata-se de um avanço na administração da Petrobras e a maior previsibilidade tende a valorizar os ativos que a Petrobras está colocando a venda.
O novo plano de negócios da Petrobras prevê arrecadar US$ 19,5 bilhões com a venda de ativos (os chamados desinvestimentos) e parcerias entre 2017 e 2018, além dos US$15,1 bilhões projetados em vendas de ativos entre 2015-2016.
Perto das 11h30, as ações preferenciais da petrobras tinham alta de 2,47%, enquanto o Ibovespa avançava 1,41%.

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