Nando da Costa Lima
Tenho pra mim
Que o paraíso dos chatos
É um boteco frequentado
Pra ele colar no balcão
Tem gente chata
Que só fala repetido
E além de ser metido
Mal sabe do que falou
Tem chato rico
Chato pobre e miserável
Tem também chato quebrado
Chorando pelo dinheiro que
algum sabido levou
O chato bravo
Resolve tudo na bala
Mas quando vê a coisa quente
Corre mais do que ladrão
Chato poeta passa o dia
criando
E à noite vai pro boteco
Encher o saco dos outros
Recitando a criação
Chato Dotô
Com perguntas atravessadas
Parecendo um delegado
Em busca de um contraventor
Advogados de dez uns nove
são chatos
Que repetem a verborreia
Ensaiada no espelho
Pra convencer que é “dotô”
Tem cantor chato
Que anda sempre embriagado
Com a boca de chuveiro
E só canta sua autoria sem
nunca ter sido autor
Chato dentista
Quando vê dente cariado
Só para de falar merda
Com o barulho do “motô”
É tanto chato
Tem até chato decente
Que pra melhorar as coisas
Chama até o próprio chato
Por um nome ainda mais chato
Eu não sou chato
Mas sou doido por boteco
Só que vou mudar de ramo
Pois se não um dia desses eu
morro do coração
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