Polícia Federal deflagra 11ª fase da Operação Acrônimo
Foram expedidos mandados de busca e apreensão e condução coercitiva. Um dos alvos da ação desta quinta é o empresário Benedito Oliveira.
Pimentel (PT) e esposa |
Um dos alvos é o empresário Benedito Oliveira, conhecido como Bené, que está em prisão domiciliar. Ele foi levado a depor por supostamente estar escondendo informações mesmo após ter fechado o acordo de delação premiada.Bené é investigado desde o início da Acrônimo, em 2015.
Ao justificar a condução coercitiva de Benedito Oliveira, o Ministério Público afirma que os investigadores inferiram que "possivelmente" o empresário "tenha ocultado alguns fatos criminosos" durante os depoimentos de delação premiada.
A polícia desconfiou de contradições nas informações dele após ouvir, em depoimentos de delação premiada, a empresária Daniele Fonteles, também investigada.
Nesta quinta, após a condução coercitiva, a defesa de Bené disse que ele “está prestando todas as informações necessárias e de seu conhecimento para a total elucidação dos fatos".
A Operação Acrônimo investiga um esquema de lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais envolvendo gráficas e agências de comunicação. O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), é suspeito de ter utilizado os serviços de uma gráfica durante a campanha eleitoral de 2014 sem a devida declaração dos valores e de ter recebido "vantagens indevidas" do proprietário dessa gráfica, o empresário Benedito Oliveira. Pimentel vem negando as acusações desde que o início das investigações..
Também foi alvo da 11ª fase da operação Marcier Trombieri, ex-chefe de comunicação do Ministério da Saúde. O G1 não havia conseguido contato com ele até a última atualização desta reportagem.
A suspeita é de que Bené intermediava facilidades para uma empresa de comunicação junto ao Ministério da Saúde. O contato de Bené no ministério, segundo as investigações, era Trombiere.
Bené e Trombiere estavam no mesmo jatinho no qual, em 2014, a Polícia Federal apreendeu R$ 116 mil. O caso ocorreu no aeroporto de Brasília e serviu de ponto de partida para as investigações da Acrônimo.
Outro fato investigado pela 11ª fase da Acrônimo é uma suposta fraude em licitação da Universidade Federal de Juiz de Fora, vencida pela gráfica de um dos investigados, de acordo com as investigações. Posteriormente, segundo a polícia, o Ministério da Saúde utilizou a mesma ata de licitação fraudada.
Delação de empresária
No inquérito que baseia a operação desta quinta-feira, as autoridades anexaram o depoimento de Daniele Fonteles à Polícia Federal. A empresária relatou que Bené intermediava facilidades para a agência dela, Pepper, junto ao Ministério da Saúde e ao Ministério das Cidades. O responsável pela comunicação dessas pastas era Marcier Trombiere, segundo ela, que disse ainda que o relacionamento entre Bené e Trombiere não tinha "vínculo oficial".
Ela disse ainda que Bené a procurou em 2011 para oferecer uma campanha de combate a dengue, desenvolvida pelo Ministério da Saúde e coordenada por Trombiere. O valor proposto como contraprestação aos trabalhos da Pepper era de aproximadamente R$ 1 milhão. Na delação, a empresária diz que, desse valor, Bené ficou com 50% do lucro da Pepper, o que daria algo em torno de R$ 200 mil.
A empresária afirmou também que esquema parecido ocorreu em contratos com o Ministério do Turismo e o com o das Cidades. No caso do Turismo, não havia participação de Marcier, segundo Daniele.
Ao pedir as buscas e conduções coercitivas, o Ministério Público justifica que a operação tem o objetivo de obter os elementos de prova narrados pela empresária que possam "materializar as hipóteses criminais ora apresentadas ou excluir a participação de determinados personagens".
Além disso, diz o MPF, as informações prestadas por Danielle Fonteles nos depoimentos precisam ser "devidamente validadas" para atestar a eficiência da colaboração, já que elá firmou acordo de delação premiada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário