sexta-feira, 7 de outubro de 2016

BANDIDO BOM, É BANDIDO PRESO!

Ex-juiz Rocha Mattos está preso na PF em São Paulo

Ele está detido desde quarta, quando STF manteve prisões em 2ª instância.  Defesa diz que prisão é ilegal, que caso prescreveu e recorrerá ao Supremo.

Kleber Tomaz - G1 São Paulo -Juiz Rocha Mattos na CPI dos Bingos (Foto: Beto Barata/Estadão Conteúdo/Arquivo - 25/10/2005)
Brasília, DF. 25/10/2005. O juiz afastado João Carlos da Rocha Mattos presta depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, no Congresso Nacional, em Brasília (Foto: Beto Barata/Estadão Conteúdo/Arquivo) O ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, está preso desde quarta-feira (5) na sede da Polícia Federal (PF), na Lapa, Zona Oeste de São Paulo. Ele era procurado pela Polícia Federal desde junho, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) expediu ordem de prisão contra o ex-magistrado.
A informação da prisão do ex-juiz foi confirmada nesta sexta-feira (7) ao G1 pela assessoria de imprensa da PF e pela advogada Aline da Rocha Mattos, que disse ser a atual mulher do ex-juiz. Segundo ela, a defesa irá recorrer da decisão que prendeu seu marido.
De acordo com a comunicação da Polícia Federal, o ex-magistrado está preso na PF em São Paulo desde às 17h de quarta-feira. A prisão de Rocha Mattos ocorreu no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve entendimento definido pela própria Corte em fevereiro que permitiu a possibilidade de prisão após uma condenação por colegiado de segunda instância.
Prisão
A PF e a advogada de Rocha Mattos não souberam informar como ele foi preso: se se entregou, se a prisão dele foi negociada ou ainda se acabou detido por agentes. Também não explicou porque ele foi detido no mesmo dia da decisão do STF.
"Até onde eu sei é [uma prisão] ilegal porque é uma situação prescrita", falou Aline. "O que sei é que a defesa dele já entrou com um recurso de revisão criminal no STF [Supremo Tribunal Federal]".
Aline, que também atua como advogada na defesa do marido, pediu para a reportagem procurar os outros advogados que defendem Rocha Mattos. O G1 não conseguiu localizá-los para comentar o assunto.
A prisão de Rocha Mattos havia sido pedida no primeiro semestre deste ano pelo Ministério Público Federal (MPF) ao STJ. O pedido foi feito com base em decisão de fevereiro do STF que passou a permitir o início do cumprimento de pena já a partir da condenação em segundo grau. Antes da mudança, ocorrida em fevereiro e ratificada na quarta-feira, a prisão só podia acontecer após o trânsito em julgado da sentença (ou seja, quando não havia mais chance de recorrer).
A Procuradoria chegou a suspeitar que o ex-juiz teria fugido após a decretação da prisão.
Veja abaixo matéria sobre Rocha Mattos exibida pelo Jornal Hoje em abril deste ano:
Outros crimes
Rocha Mattos já havia sido condenado por outros crimes, em 2003, após ser apontado pelo MPF como mentor de uma organização criminosa especializada em negociar decisões judiciais. A quadrilha que o juiz supostamente chefiava foi acusada de diversos crimes, como prevaricação, peculato, corrupção, fraude processual e tráfico de influência.
O esquema foi descoberto durante as investigações da Operação Anaconda, da PF, no mesmo ano. Mattos ficou quase oito anos na cadeia. Em abril de 2011, quando já estava em regime semiaberto (saía para trabalhar durante o dia e voltava para a prisão à noite), ele foi libertado e passou a cumprir prisão domiciliar.
Dinheiro na Suíça
Rocha Mattos é acusado de movimentar milhões de dólares sem origem declarada em uma conta na Suíça. Em outubro do ano passado, após decisão da Justiça, o equivalente a mais de R$ 77 milhões foram repatriados para os cofres públicos do Tesouro Nacional.
O valor havia sido depositado pelo ex-juiz em um banco suíço e seria fruto de "incontáveis crimes contra a administração pública brasileira", de acordo com o MPF. Além da pena de prisão, o ex-juiz foi condenado ao pagamento de uma multa de 303 salários mínimos.
A ex-mulher dele, Norma Regina Emílio Cunha, e um irmão dela também foram condenados. O ex-cunhado de Rocha Mattos foi sentenciado pela prática de evasão de divisas e teve a pena de prisão de três anos e seis meses substituída por prestação de serviços e pagamento de R$ 10 mil a uma instituição social indicada pela Justiça.
Ele também deverá pagar multa, no valor de 60 salários. Já Norma foi condenada a 15 anos e dois meses de prisão e a pagar 257 salários de multa.

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