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COLUNISTA VIP:
Marco Antonio Villa
A cerimônia de posse da
ministra Cármen Lúcia como presidente do STF permite algumas reflexões. É
injustificável a presença de personagens identificados com o que há de
pior no Brasil. Lula, considerado pela Procuradoria Geral da República
como o chefe do petrolão, lá estava. Meio de lado, isolado, mas
presente. Foi uma afronta. Afinal, há uma quinzena, ele vociferou contra
o que considerou golpe, o julgamento do impeachment presidido por
Ricardo Lewandowski. Próximo a Lula, Fernando Pimentel, outro acusado em
graves irregularidades. E completando o trio, que trata a coisa pública
como coisa privada, o ínclito Renan Calheiros, investigado em uma dúzia
de inquéritos e símbolo da impunidade senatorial.
Mas o que já era ruim ficou pior. Caetano Veloso cantou o Hino Nacional. Mais um momento constrangedor.
Em Paris, recentemente, o cantor protagonizou um triste espetáculo. Num
show declarou que no Brasil “fora Temer” tinha se transformado em uma
forma de cumprimento. Ou seja, acusou que o impeachment foi um golpe. Se
o STF é o guardião da Constituição, explicitamente considerou a Suprema
Corte golpista. Mesmo assim, não se sentiu constrangido em participar
da cerimônia. Pior, foi convidado pela presidente do STF.
Ex-ministros do STF não se
fizeram de rogados. Lá compareceram, mesmo advogando na Corte. Às
favas, a ética. Na cerimônia de beija-mão, longos cumprimentos. As
mulheres desfilaram com vestidos e bolsas caras – algumas dando a
impressão de serem falsas, as bolsas, claro. O plenário do STF se
transformou em clube de amigos, de poderosos amigos dos três Poderes.
Apesar da menção ao povo, ele estava ausente. Naquela hora labutava para
pagar a inútil cerimônia. E sonhava que um dia haverá justiça no
Brasil.
O plenário do STF se transformou em um clube de poderosos
amigos dos três Poderes. Apesar da menção ao povo, ele estava ausente.
Naquela hora labutava para pagar a inútil cerimônia.
A posse de um presidente
do STF é um ato burocrático. Não passa de um dispositivo regimental
daquela Casa, o artigo 12, que dispõe sobre a rotatividade do cargo a
cada biênio. Não há justificativa para aquele espetáculo.
Perdeu-se tempo, isso em um tribunal que justifica a lentidão das suas
decisões em razão do acúmulo de processos. Diria o otimista que, desta
vez, diversamente da posse de Joaquim Barbosa, Luiz Fux não tocou
guitarra, nem cantou Tim Maia. Menos mal, é verdade. Mas uma coisa não mudou: a praça dos Três Poderes continua de costas para o País.
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