Atores de verdade e palestrantes de uma nota só
Valdir BarbosaNo mesmo dia em que ocorre a perda inusitada do grande ator Domingos Montagner, protagonista em Velho Chico, paradoxalmente afogado nas águas daquele rio inspirador do tema, quando nele nadava, nas folgas das gravações, ao lado da belíssima Pitanga, parceira com quem contracenava na novela, vemos um pantomímico tentando resgatar almas penadas, como tantas que vivem sofrendo, nas correntezas de suas mentiras repetidas, durante estes anos todos, desde quando se intitulou herói dos fracos e oprimidos.
São ecos de hipocrisia escorrendo, nos acenos de dedo amputado, saídos das mãos que nunca trabalharam, que nada fizeram, afora enganar incautos e agora cuidam de apontar outra vez, nos outros, erros tão somente seus.
No discurso de sempre, onde existem apenas ele e os outros, posto a prepotência lhe autoriza crer e tentar fazer crer que não são iguais os semelhantes, na cabeça vazia de onde brotam falácias pobres, dignas dos cunhas e tantos parceiros seus, cunhados em tempos não tão remotos na mesma forja, volta a se referir aos outros, como se não vivêssemos um mundo de iguais.
Todavia, fácil compreender seu pensar obtuso entendendo que profissionais de inteligência não devem perquirir em busca da verdade, na medida em que aos falsos cumpre exigir “sabidos políticos” e não concursados competentes.
Perdão caro ator que nos deixa de forma tão abrupta, afinal você não merece comparações com personagem tão dispare, sua carreira vitoriosa começando como palhaço que alegrou crianças e adultos, não pode ser igualada à passagem atrapalhada de um bufão, de um Robin Wood ao contrario que tirou dos pobres, para ficar milionário justificando sua fortuna nas palestras hoje contestadas pelos investigadores, “ignorantes políticos”, mas, Policiais e Promotores competentes, porém, me permito fazê-lo, pois a vida é assim, vão-se os anéis ficam os dedos, quando não se perdem em tornos.
Despido de sua veste terrena, caríssimo Montagnero, se sublima seu ser etéreo que não interpreta, mesmo tenhas vivido sempre, o encantador exercício de desempenhar papeis, nos palcos e nas telas, com dignidade.
Elevemos nossas mãos livres aos céus rogando sua ascensão, orando a Deus no sentido de que lhe receba nas suas veredas iluminadas. Porem, peçamos também aqui que Ele nos livre dos dissimulados, atores sinistros, meros destruidores de sonhos, pobres de espírito, profissionais do engodo, palestrantes de uma nota só.
Vitória da Conquista, 16 de setembro de 2016.
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