Teto do Judiciário na base do acordão
Dora Kramer
01 Setembro 2016 | 17h22
Cunha com Renan |
Ricardo Lewandowski |
O presidente do Senado, Renan Calheiros, prometeu ao ministro
Ricardo Lewandowski que o aumento do teto dos salários no Poder
Judiciário poderia ser votado antes da saída dele da presidência do
Supremo Tribunal Federal, que será no próximo dia 12. A última sessão do
Senado antes disso será no dia 8, quinta-feira que vem. A contrapartida
da promessa ocorreu na sessão de votação do impeachment de Dilma
Rousseff, na decisão sobre a proposta de votar em separado a cassação
dos mandato e a inabilitação para ocupação de cargos públicos.
Na sexta-feira da semana passada já circulava no STF a informação
de que o assunto da elevação do teto já estaria resolvida. Alguns
senadores foram informados a respeito, mas não ligaram isso aos boatos
de que o PT tentaria separar as votações. Daí a surpresa quando Ricardo
Lewandowski na condição de presidente do processo de impeachment
mostrou-se completamente preparado para responder com longa dissertação
jurídica à questão de ordem apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues,
em tese, naquela hora.
Ainda assim, a ficha de senadores do PSDB e do DEM não caíra
completamente. Estranharam quando Renan Calheiros depois de votar a
favor do impeachment passou a defender a separação e ficaram surpresos
quando parte do PMDB atendeu ao apelo dele, resultando na “anistia” a
Dilma. A ficha completa viria a cair no dia seguinte quando o PT que até
então defendia a não aprovação do aumento do teto do Judiciário, foi o
responsável por tentar acelerar a votação da proposta. O senador Jorge
Viana (PT-AC) foi quem leu o requerimento de urgência, passo essencial
para permitir a votação.
Horas depois, petistas começaram a admitir aos pares que mudariam
de posição. Um senador do PT comunicou a um colega tucano que fora
cobrar-lhe a posição contrária ao teto: “As coisas mudaram, nã vamos
poder ficar contra”. Na semana que vem, dia 8, haverá nova tentativa de
resolver o assunto no plenário e “entregar” o trunfo a Lewandowski antes
que ele deixe a presidência. PSDB e DEM prometer obstruir a sessão a
fim de deixar o exame do projeto para quando a ministra Carmen Lúcia já
tenha assumido o comando do STF.
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