quinta-feira, 24 de junho de 2021

RICARDO SALLES SAI DO MEIO-AMBIENTE:

 

Bolsonaro em elogio a Salles antes de demissão: ‘Às vezes a herança do ministério é uma penca de processos’

Alvo de duas investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, (foto arquivo) - pediu demissão ontem ao presidente Jair Bolsonaro. A saída ocorreu após Bolsonaro ter demonstrado publicamente que Salles tinha o seu respaldo. Em um evento de motocicletas em São Paulo no dia 12 de Junho, o presidente elogiou o ex-ministro, apoiado por ruralistas, fatia importante do seu eleitorado. Na terça-feira, um dia antes da demissão, o ex-ministro recebeu uma nova deferência de Bolsonaro durante um evento no Planalto. O presidente parabenizou Salles, disse que às vezes a herança do ministérios é uma “penca de processos” e afirmou que lamenta o tratamento dado “por alguns poucos desse outro Poder”.

Esperada desde que Salles foi alvo de operação da Polícia Federal em maio, a demissão ocorreu no dia em que uma nova crise política explodiu no gabinete presidencial com a denúncia do servidor do Ministério da Saúde de que há irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin, das quais o presidente teria conhecimento.

O ato de exoneração foi publicado em edição extra do Diário Oficial ontem. O atual secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta, Joaquim Álvaro Pereira Leite, foi nomeado em seu lugar. Para deixar o cargo, Salles alegou motivos familiares, apesar do respaldo do Palácio do Planalto, que tenta abafar o escândalo da vacina indiana. Pessoas próximas relataram que o ex-ministro vinha demonstrando cansaço. Ele deve deixar Brasília e voltar a São Paulo, onde se encarregará de sua defesa nas investigações, que deixarão o foro do STF e irão para justiça de primeira instância.

A saída de Salles ocorre 14 meses após ele sugerir em reunião ministerial aproveitar a atenção da imprensa na pandemia para aprovar “reformas infralegais de desregulamentação e simplificação” na área do meio ambiente e “ir passando a boiada”.

Em nota, o governo afirmou que Salles e Bolsonaro conciliaram “a defesa do meio ambiente com o necessário desenvolvimento econômico sustentável”. O ex-ministro deixa o governo em meio à crise hídrica e ao risco de apagão no setor elétrico.

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