SARAU ENTRA NO SEU NONO ANO
NA NOITE DE MONTEIRO LOBATO
Jeremias Macário

Não fazia parte da
programação, que é eclética e informal, mas Marta Moreno com outros
integrantes, como Vandilza Gonçalves, a anfitriã da casa, Cleide e um grupo de
crianças surpreenderam o jornalista Jeremias Macário, cantando parabéns pelo
seu aniversário que foi no último dia 11 de fevereiro. Para combinar com o
homenageado, todos entoaram a música “No Sítio do Pica Pau Amarelo”. A esta
altura, o Sarau já contava com a presença de mais de 30 pessoas.

Para o próximo, ainda
sem data definida, Gregório de Matos, “O Boca do Inferno”, o temido pelos
poderosos da Bahia, foi o escolhido para ser comentado. Sua obra revolucionária
vai estar na mesa das discussões. Em andamento, no mesmo formato do Sarau, um
grupo de artistas fará um show no dia seis de abril, no Teatro Carlos Jeová,
com a finalidade de arrecadar recursos para a gravação do CD Sarau.
Mais uma vez, a memorável e alegre festa
cultural contou também com as participações do fotógrafo José Carlos D´Almeida,
Aline Kiriaki, Nadia Márcia, Paulo Spínola, o desenhista ilustrador do evento,
Rozânia Andrade, Evandro Gomes. Neide Pereira, Tânia, Yasmim Rocha, Eliane
Matos, Osíres Rocha e colega, Gildásio Amorim, Neide Teles, Rosemeiry Prado,
José Carlos, Conceição, João Bezerra, Rosângela Oliveira, Céu entre outros.
Monteiro Lobato, Vida e
Obra
O professor Jovino falou da vida e obra de
Monteiro Lobato que também foi empreendedor e nasceu em Taubaté, São Paulo, no
dia 18 de abril de 1882. Com 13 anos foi estudar em São Paulo. Registrado como
José Renato Monteiro Lobato, resolveu mudar de nome para usar a bengala de seu
pai que tinha iniciais JBML, gravadas no topo do castão. Passou a se chamar
José Bento Monteiro Lobato.
Em 1904 formou-se em
Direito pela faculdade de São Pauloquando retornou para Taubaté e casou-se com
Maria Pureza Natividade. Foi nomeado promotor público na cidade de Areias, em
1907. Publicou vários artigos e escreveu “Cidades Mortas”, livro que retrata a
agonia da cidade quase abandonada.
Permaneceu em Areias
até 1911 quando morreu seu avô, o Visconde de Tremembé, deixando-lhe como
herança uma fazenda em Taubaté. Vende a fazenda em 1917 e muda-se para Caçapava
onde passou a se dedicar à literatura e cria a revista “Paraíba”.
Em São Paulo funda a
gráfica Monteiro Lobato. A Companhia Editora Nacional vende sua parte e ele
funda a Editora Brasiliense, em 1927 com amigos. Em 1946 foi morar na Argentina
onde criou uma editora. Em 1947 volta para São Paulo, vindo a falecer em 5 de
julho de 1948.
Como literário,
situa-se entre os autores regionalistas do pré-modernismo e destaca-se nos
gêneros conto e fábula. Seu universo são os vilarejos decadentes e as
populações do Vale do Paraíba, durante a crise do café. Foi um grande crítico
de certos hábitos brasileiros, como o homem preguiçoso que não gosta de pensar.
Entre pensar e derrubar uma mata, o brasileiro p5refere a segunda opção, numa
analogia feita em seus escritos.
Com a publicação de “O
Escândalo do Petróleo” (1936) denuncia o jogo de interesses motivados pela a
extração do petróleo, criticando o envolvimento internacional das autoridades
brasileiras. Em 1941, durante a ditadura Vargas, foi condenado a seis meses de
detenção. Foi também um crítico das manifestações modernistas de São Paulo.
Ficou famoso seu
polêmico artigo “Paranoia ou Mistificação”. Nele criticou a exposição de
pinturas de Anita Malfatti. Suas principais obras foram Urupês, 1918, O Saci,
1821, Narizinho Arrebitado, 1921, Fábulas, em 1922, O Marquês de Rabicó, 1922,
As Aventuras de Hans Staden, 1927, Peter Pan, 1930, Caçadas de Pedrinho, 1933,
Geografia de Dona Benta, 1935, Emília no País da Gramática, 1934, Histórias de
Tia Nastácia, 1937, O Pica-Pau Amarelo, em 1939, dentre outras.
O professor Itamar Aguiar citou o artigo da
escritora Regina M.A. Machado “Nosso Sotaque Caipira, Nossa Cultura Refugada,
nas Notas de um Magistrado da Roça”. Ela aponta o escritor Valdomiro, um
ilustre desconhecido, mas com grande prestígio, na época em que seus contos
eram publicados nos grandes jornais em fins do século XIX e início do século
XX.
Valdomiro descreve a
cultura caipira, o caboclo, como o homem do sertão. Regina destaca que Lobato
foi um precursor do modernismo, que está preocupado em acabar com a herança do
indianismo romântico. Esse projeto está claramente exposto no prefácio a
Urupês, mas também é uma velha raiva do escritor-fazendeiro, contra o colono, o
caipira a quem ele atribui todos os males que afligiram suas plantações e
criações durante suas tentativas de ser fazendeiro.
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