Dio come ti amo
Nando da Costa Lima

No dia escolhido
João estava uma pilha, teve que beber duas garrafas de Jurubeba Leão do Norte,
mas tava ciente do que devia fazer, era só se portar como um autêntico machão...
E foi assim que João fez, já chegou abrindo o jogo- “E ai vamos sair pra dar
umas voltas, almoçar e depois ver se a
gente se entende, nós podemos até ir no Cine Ritz assistir ‘Tarzan contra os Homem-Leopardo’, não é de hoje que lhe observo”. Quando a dama
virou-se os planos de João foram por água abaixo, é que só daquela distância
ele foi notar que a dama por ele idolatrada durante tanto tempo se tratava de
um padre... O velho vigário olhou para ele que ainda se encontrava em estado de
choque e disse compreensivamente- “Há mais de um ano que notava o senhor me
observando insistentemente na hora que eu ia pegar a condução pra casa, sabia
que era algum ateu discriminando esta minha velha mania de ainda usar batina,
fiz muitas orações para o senhor e ao que parece minhas preces foram atendidas.
É claro que vamos nos dar bem, o senhor pode considerar-se o mais novo fiel da
paróquia, realmente nunca é tarde... João estava tão embaraçado com aquela
situação que a única reação bater a mão na testa e pensar desorientado em voz
alta- “Quantas vezes eu me tranquei naquele banheiro apertado pra homenagear o
senhor, será que tem perdão pra isso??? E depois de se benzer como se tivesse
cometido um pecado gravíssimo, ajoelhou-se e disse de cabeça baixa olhando pra
mão direita- “Deus que me perdoe!”
Desse dia pra cá
JOÃO nunca mais tocou “DEUS COMO TE AMO” na sanfona!... Toda vez que pegava na
“oito baixo” um sacana perguntava se ele tava com saudade do vigário...
Nando
da Costa Lima
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