sexta-feira, 13 de julho de 2018

JEREMIAS MACÁRIO - COLUNISTA VIP:

O QUARTETO LAXANTE E ARQUIVADOR
Jeremias Macário
 “No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise” – Dante Alighieri, escritor italiano.
  Toda nação clama por honestidade, o fim da corrupção e das mordomias, menos desperdício do dinheiro público e mais investimentos na educação, na saúde e na segurança. O povo acorrentado num pelourinho chamado Brasil está cansado de ser chicoteado. A democracia sangra neste tempo de caos e fizeram do voto uma arapuca com enganoso alpiste onde os mesmos serão eleitos.
Em contrapartida, o legislativo, o judiciário e o executivo fazem deboche com “projetos venenos” dos agrotóxicos, “pautas bombas” de mais gastos, votações de mais cabides de empregos nas estatais e o laxante do solta políticos e empresários bandidos - ladrões, sob o comando de um quarteto  arquivador de processos que tudo faz para anular a Operação da Lava Jato.
   De forma escancarada, sem nenhum pudor, com seus truques jurídicos de araque, os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio de Mello e Lewandowski se juntaram para libertar presos criminosos investigados e condenados pelo Ministério Público, Polícia Federal e toda força tarefa da Lava Jato, alimentando o verme da impunidade que tem colocado o país de joelhos.
   O arroto das sentenças de solturas coincidiu com a euforia da Copa do Mundo, justamente quando a seleção brasileira ainda estava ganhando, e os atos espúrios abriram brechas para que um desembargador suspeito cometesse o desatino de mandar libertar o ex-presidente Lula, passando por cima de um colegiado superior. Simplesmente, o magistrado aproveitou a cancela aberta para fazer passar o dono da boiada.
  Nós queremos um Brasil melhor, mais justo e sem castas privilegiadas que ganham 150 a 200 mil reais por mês, enquanto o pobre padece para receber mil reais num regime trabalhista escravagista, e o aposentado abrevia sua morte com um benefício miserável. Eles da elite nobre burguesa cupim insistem no contrário para permanecerem no bem bom, depenando o país que é motivo de chacota lá fora no exterior.
  Escorados em suas benesses, vivendo em mansões e palácios, eles têm mil recursos nas brechas das leis, arquitetadas pelos mesmos para se livrarem dos roubos e crimes praticados contra a nação. Os próprios executores dessas leis beneficiam aos seus e gozam de altas mordomias e distinções como o auxílio-moradia com gastos de um bilhão de reais até o final deste ano.
São altamente perigosos e matam milhares de crianças, jovens e idosos por ano nas filas e corredores de hospitais por falta de assistência médica e através da violência bruta nas grandes cidades, originária da ignorância e da miséria que prosperaram no Brasil porque eles meteram a mão nas verbas da educação. No lugar, mandam tanques, fuzis e metralhadoras de extermínio sumário.
  Os renegados súditos esfarrapados da vala comum dificilmente têm apenas um recurso de apelação para se defender dos carcarás. A maioria mofa nas cadeias, prisões e masmorras medievais subumanas. O furto de um pão e a tragada de uma maconha são atos condenados a duras penalidades, muitas das quais sem antes serem julgadas. No nosso país, a lei nunca foi igual para todos.
  E assim segue o Brasil vendendo e leiloando suas estatais a preços de banana, com suas profundas desigualdades sociais, quase todos vivendo nas injustiças, mas, mesmo assim, uns odiando e discriminando os outros nas divisões de raças, gênero, cor da pele, na ideologia e nas preferências partidárias. Estapeiam-se, vergonhosamente, nas redes sociais com xingamentos e palavrões.
Só eles se unem para manter os mesmos métodos maquiavélicos de supremacia e poder, com um Congresso de marajás (muitos larápios e até presos) de 513 deputados, 81 senadores e milhares nas assembleias e câmaras municipais. Fecham o cerco em si quando pressentem alguma ameaça de fora que indique cortes do seu bando ou denúncias de suas armações.
  É este o Brasil de cinco séculos de concentração de renda entre eles. Agora mesmo, um relatório da Consultoria Capgemini indicou que o número de milionários no país cresceu 4,25%, passando de 165 mil pessoas para 172 mil em 2017. Só no ano passado, o Brasil ganhou mais sete mil milionários. O grupo somou mais de quatro trilhões de dólares, um aumento de mais de 8% em relação a 2016. Gramsci chamou de sintomas mórbidos quando o velho não morre e o novo não nasce. Eles se perpetuam.
  Estudo da Fundação Getúlio Vargas também mostrou que a desigualdade social cresceu no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Os 20% mais ricos tiveram aumento de 10,8%. Uma ONG britânica revelou que cinco bilionários brasileiros concentram patrimônio equivalente à renda da metade mais pobre da população do país.
Os desiguais socialmente vivem brigando e às turras, enquanto eles em classe somam forças para explorar e extorquir cada vez mais. Assim age o quarteto laxante arquivador em conjunto com os devassos do Congresso Nacional e sua turma de empreiteiros assaltantes. Esnobam dessa gente que sempre foi criada à base de rações que sobram da mesa deles. A ordem é não ensinar para não ter voz.

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