O DIA QUE TIDINHO
CHOROU
Nando da Costa Lima

Quando Tidinho veio pra Conquista talvez não imaginasse que
iria passar toda a sua vida por aqui, mas logo se casou com uma filha da terra
(Virgínia Lopes Ferraz de Oliveira) e isto fincou ainda mais as raízes do
grande educador na terra dos Mongoiós. A poesia era a outra paixão do
professor... Tidinho era único, talvez porque a época exigia certa austeridade
dos educadores, ele era muito sério, apesar da bondade nunca o viram chorar,
nem quando a morte visitava aos que o cercavam. O professor Euclides Dantas ajudou
Conquista a dar seus primeiros passos na educação, foi sua persistência como
educador que fundou colégios de grande importância pra nossa terra, fez de
Conquista sua terra natal e se dedicou a educação até a doença o tornar cego,
impedindo-o de lecionar. “O cego sofre
tanto! A sua desventura é mais longa que o céu e mais funda que o mar! Quem
poderá medir a imensidade escura! E do cego quem pode as mágoas calcular!”
Mesmo assim o mestre não se afastou das letras que sempre o acompanharam, ele
ditava seus poemas para que alguém copiasse, e foram alguns desses poemas que o
levaram a chorar... Foi numa tarde fria quando Tidinho se encontrava meditando
em sua cadeira de balanço, que chegou um mensageiro com correspondência da
capital. Eram livros com um pequeno comunicado, um dos parentes na sala leu
para o professor a notícia que muito o comoveu... Ele havia ganhado aqueles
livros pelos versos enviados pra um concurso de poesia. Tidinho pegou os
volumes como se pega uma criança recém-nascida, uma ironia do destino, o poeta
cego premiado com livros que jamais poderia ler... Ele continuou acariciando os
livros, chegou para um canto da sala como se quisesse que ninguém o visse e
chorou... mas chorou baixinho, o professor Euclides Dantas não poderia deixar
rolar lágrimas em público só por não poder mais ler.
“Pois que no carnaval
somente se mascara aquele que, mostrando ao mundo a própria cara, esconde no
sorriso as lágrimas da dor”
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