Carlos Albán González - jornalista
Os centenários Botafogo e Ypiranga já não fazem
parte do mundo do futebol baiano. Como tantos outros clubes foram vítimas de um
arremedo de torneio, denominado de estadual, imposto pela Confederação
Brasileira de Desportos (CBF) às federações, que há décadas só fazem dizer
“amém”, em troca de favores, incluindo uma espécie de propina de R$ 70 mil por
mês.
Uma sessão de bajulação, a portas fechadas, regada
a um bom uísque e sem a presença da imprensa, aconteceu nesta quinta-feira, num
hotel da Barra da Tijuca, no Rio. Marco Polo del Nero, banido pela FIFA da
presidência da CBF, reuniu os presidentes das federações estaduais para lançar
como seu sucessor o desconhecido Rogério Caboclo.
A Federação Paulista ensaiou liderar uma manobra oposicionista,
mas seu presidente foi dissuadido pelos seus colegas. No colégio eleitoral as
27 federações têm peso três, o que já garante a vitória a del Nero; os 20
clubes da 1ª divisão têm peso dois e os 20 da segunda, um. Na opinião do
deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), presidente do Corinthians, o brasileiro
está assistindo a mais um golpe.
A malfadada política da CBF em relação aos chamados
pequenos clubes, não evita que a cada ano dezenas deles encerrem suas
atividades em março. Na Bahia, com exceção de Bahia, Vitória, Fluminense de
Feira de Santana, Jacuipense e Vitória da Conquista, que vão disputar duas
séries do Nacional, estão afastados das competições de 2018 o Jacobina, Bahia
de Feira, Jequié, Atlântico e Juazeirense.
Próximos passos do Conquista
Os torcedores do Esporte Clube Primeiro Passo
Vitória da Conquista respiram hoje aliviados. Beneficiado pelo regulamento do
Campeonato Baiano deste ano, que determina a queda para a 2ª Divisão de apenas
o último colocado da fase de classificação (Atlântico, de Lauro de Freitas), o
representante do Sudoeste se despediu da competição promovida pela Federação
Bahiana de Futebol (FBF) com mais uma derrota.
Com sete derrotas, sendo quatro diante do seu público,
uma goleada para o Bahia, e apenas duas vitórias, o Vitória da Conquista, em
menos de 70 dias foi eliminado de dois torneios, a Copa do Brasil e o estadual.
O que pode esperar o torcedor do desempenho do time no Campeonato Brasileiro da
série “D”, cujo início está previsto para 21 de abril? O conquistense espera
uma resposta imediata da diretoria do clube. Se não houver um apoio de toda a
cidade ao time o Estádio Lomanto Júnior vai ficar com os portões fechados por
mais de seis meses.
O resultado financeiro do campeonato acompanhou, o
que é natural, o comportamento técnico do time em campo. Nas cinco partidas
realizadas no “Lomanto Júnior” o ECPP teve um lucro líquido de R$ 41.880,27,
segundo os borderôs fornecidos pela FBF. Foram arrecadados R$ 218.590,00 para
um público de 6.011 pagantes.
Os dois primeiros jogos, contra Vitória e Jequié,
deram para evitar um esvaziamento completo dos cofres do Conquista. As derrotas
tiraram a motivação do torcedor. A partir da terceira partida os boletins
financeiros começaram a fechar no vermelho. O quarto jogo, única vitória no
“Lomantão”, foi marcado pela FBF – seu presidente, Ednaldo Rodrigues, nasceu
nesta cidade, onde jogou futebol e dirigiu a liga local – para Quarta-Feira de
Cinzas, às 21h45m.
O “Baianão” vai prosseguir com Vitória, Bahia,
Juazeirense e Bahia de Feira. As semifinais estão marcadas para 18 e 25 deste
mês e as finais para 1º e 8 de abril, mas a oficialização do campeão pode levar
meses. Uma decisão sobre o vergonhoso Ba-Vi do último dia 18 está nas mãos dos
nove auditores do Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia (TJD-BA), que deve se
pronunciar sobre o recurso apresentado pela Procuradoria, pedindo o afastamento
do Vitória da competição, o que hoje beneficiaria o Fluminense de Feira.
Até o começo do “Brasileirão” da série “D” o azul e
branco vão predominar nas arquibancadas do “Lomantão”. O Conquista Futebol
Clube, depois de mais de 20 anos afastado das competições oficiais, vai
disputar a série “B” do Campeonato Baiano. Anote ai torcedor a programação dos
jogos do time azulino em casa: dia 17 de março – Cajazeiras; dia 25 – Galícia;
dia 8 de abril – Atlético de Alagoinhas; dia 29 – Colo-Colo, de Ilhéus; dia 12
maio – Teixeira de Freitas. As finais – somente o campeão subirá para a divisão
especial – estão marcadas para 20 e 27 de maio.
“Brasileirão” série “D”
A primeira medida tomada pela diretoria do Vitória
da Conquista foi reduzir sua folha de pagamentos, dispensando quase um time
inteiro, incluindo o folclórico Flávio Caça Rato. O presidente Ederlane Amorim
declarou que o time vai disputar o “Brasileirão” com a “prata da casa”, com
gente nova que quer aproveitar a vitrina do torneio para se projetar
nacionalmente.
O elenco tem mais de um mês para se preparar para a
competição, contando com a ajuda dos sócios (um grupo de privilegiados, que
paga apenas R$ 5,00 nos jogos, e ocupa os melhores assentos no estádio, que
poderiam ser vendidos a quem se dispõe a pagar mais e a ter mais conforto), e
os 20 patrocinadores cadastrados no site oficial do clube. A ajuda da
Prefeitura de Vitória da Conquista ficou apenas na promessa. Os jogadores se queixam
das más condições do gramado, que teria sido recuperado, e a imprensa escrita
visitante não dispõe das mínimas condições de trabalho.
Vejo como da maior importância o lançamento de uma
campanha espontânea dos meios de
comunicação na divulgação dos jogos, inclusive utilizando as placas de
publicidade nos principais logradouros da cidade
O ECPP terá direito a 25 passagens nas viagens
aéreas, além de hospedagem e alimentação, que fará a Itabaiana (Sergipe), Boca
da Mata (Alagoas) e Campina Grande (Paraíba), para os jogos, respectivamente,
contra o Itabaiana (28 ou 29 de abril), Santa Rita (5 ou 6 de maio) e Treze (27
de maio). A programação para as tardes dos sábados e domingos facilita a ida de
caravanas de torcedores – a iniciativa deve ser da organizada Criptonita – às
três cidades nordestinas.
As partidas no “Lomantão” estão marcadas para 21 ou
22 de abril contra o Treze; 5 ou 6 de março diante do Santa Rita; e 19 ou 20 de
maio contra o Itabaiana. Classificam-se para a segunda fase os primeiros
colocados das 17 chaves e mais os 15 melhores segundo lugares. Os quatro clubes
que alcançarem a quinta etapa do campeonato terão assegurada participação na
série “C” em 2019. A Chapecoense é um exemplo de como chegar à elite do futebol
brasileiro e ganhar um título sul-americano, começando uma trajetória vitoriosa
na série “D”, em 2009.
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