Ex-juiz do caso Eike é condenado a 52 anos de prisão
Procuradoria: magistrado desviou dinheiro da venda de carro de traficante
O juiz Flávio Roberto de Souza, que foi flagrado dirigindo um Porsche
apreendido do empresário Eike Batista, foi condenado pela Justiça
Federal do Rio de Janeiro a 52 anos de prisão por peculato e lavagem de
dinheiro.
O juiz Gustavo Pontes Mazzocchi, da 2ª Vara Federal
Criminal do Rio, determinou ainda que Flávio Roberto perca o cargo de
magistrado e que restitua recursos desviados da Justiça. Ele ainda pode
recorrer.
A Folha ainda não conseguiu contato com a defesa de
Flávio Roberto. No processo, seus advogados dizem que ele sofre de
problemas mentais.
As penas não têm relação com o caso de Eike
Batista. Flávio Roberto respondia a outros dois processos sobre desvio
de recursos da Justiça.
Em um deles, o Ministério Público Federal
acusa o juiz de desviar R$ 106.125,15 obtidos com a venda de um veículo
do traficante espanhol Oliver Ortiz de Zarate Martin, que foi preso em
operação da Polícia Federal.
No outro, diz que ele desviou R$
290.521 de conta da Justiça Federal, usando documentos e informações
falsas. Ele também teria se apropriado de US$ 105.617 mil e € 108.170.
De
acordo com a Procuradoria, os recursos desviados nos dois casos foram
usados para comprar dois veículos —um deles para a filha do juiz— e um
apartamento na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Em cada um dos
processos, a pena estabelecida foi de 26 anos. Um deles pede a
devolução de R$ 240.521 —parte será abatida com a venda do carro
comprado. Flávio Roberto já havia devolvido R$ 599.000.
"Como
membro do Poder Judiciário, cumpria ao réu, acima de tudo, zelar pela
escorreita aplicação da lei, pela defesa da regularidade dos
procedimentos e pelo combate ao crime e a quem os pratica. Não foi o que
fez", escreveu o juiz Mazzocchi, em uma das decisões.
"Descambando
para a ilegalidade, usou das facilidades e do poder hierárquico sobre
servidores para obter vantagem de caráter patrimonial, subtraindo,
escancaradamente e sem pudor, valores que não lhe pertenciam",
completou.
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