Fidelão
ganhou a luta

Mas foi numa Conquista dessa época que um partido
resolveu lançar um jovem candidato pra disputar uma vaga de vereador. E nesse
tempo ninguém melhor que Pedro Alexandre pra representar a juventude
conquistense. Nesse tempo, Dom & Ravel ainda faziam sucesso cantando: “Eu
te amo meu Brasil...”. Era uma bestagem só. Mas Pedro resolveu levar a campanha
a sério, começou a ler sobre política, participava mais das conversas com a
comunidade, mesmo sendo jovem. E como todo jovem, ele chegou pra inovar, ia
botar uma porção de ideias futuristas na cabeça daquela velharia. Já tinha
gente pagando 3 pra 1 com ele se elegendo. Pedro se empenhava cada vez mais em
consertar o Jeep que lhe deram pra fazer campanha e convencer o eleitorado que
ele era o homem certo para ocupar um das cadeiras tão cobiçadas.
Tava faltando
menos de um mês para a votação. Pedro Alexandre tinha notado que tava perdendo
espaço, tinha que bolar alguma coisa diferente pra atrair o pessoal jovem, só
assim pra ele se eleger. E foi no Hotel Cometa que ele encontrou com a possível
salvação da lavoura. Os dois lutadores mais requisitados do Nordeste estavam
hospedados. Aquilo caiu como um presente na cabeça do futuro político, era só
promover a luta no domingo à tarde no Jardim das Borboletas e tudo estaria
resolvido. Independente de quem ganhasse aquela megaluta, Pedro Alexandre seria
eleito e encheria os olhos da rapaziada.
E foi
marcada a luta para uma semana antes da eleição. O futuro vereador ia bancar a
hospedagem com alimentação dos dois lutadores no grande Hotel Cometa. O dono do
hotel não gostou muito da ideia, mas “de filho a gente engole tanto sapo”. Foi
o jeito participar sem querer da campanha do filho. A luta aconteceria em cima
duma carroceria de um caminhão cedido por um empresário. Os lutadores, antes do
evento, tiveram a sabedoria de forrar todos os parafusos e quinas do veículo
que poderiam causar grandes problemas com toalhas que o comércio fez questão de
dar. Pedro ficou no meio do ringue (caminhão) e fez um discurso político. Em
seguida, distribuiu pão para os mais humildes junto com o número que ele iria
concorrer, tudo como sempre foi naquele tempo. Aí começou a luta, todo mundo
torcendo pra um dos dois se fuder. A meninada gritava, os entendidos apostavam,
quem não gostava de violência foi para a Cidade dos Pássaros namorar. De
repente, um baque foi ouvido na carroceria do caminhão. O boxeador Leão do
Norte tinha desabado. Levantou, levou a mão à testa e quando viu o sangue, não
suportou. Teve uma crise de choro. A molecada, quando viu aquele homão
chorando, começou a gritar: “O lutador é bicha, é o cabeludo do hotel”. Leão do
Norte não aguentou ser insultado e tentou pegar Pedro Alexandre pra dar um pau,
mas o candidato se livrou sem maiores problemas. A polícia foi acionada, os
ânimos foram acalmados, Fidelão e Leão do Norte partiram pra Jequié e o nosso
candidato infelizmente não se elegeu... Mas tomou gosto por esse negócio de
promover eventos e ficou famoso, segundo o povo. Ele já deve estar beirando os
70, não tá nem aí pra porra de fama. Mas Fidelão e Leão do Norte eu tenho quase
certeza que ficaram famosos, até hoje tem gente que se lembra dessa luta.
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