EUNÍCIO OLIVEIRA (PMDB) DEVERÁ SER NOVO PRESIDENTE
![]() |
Eunício Oliveira (PMDB-CE)e José Medeiros(PSD-MT) |
Até esta terça-feira (31), somente os senadores Eunício Oliveira
(PMDB-CE) e José Medeiros (PSD-MT) manifestaram interesse em concorrer
ao cargo. Mas eles ainda não tinham oficializado as candidaturas – o
prazo para inscrição vai até antes das 16h, horário previsto para se
iniciar a votação.
O novo presidente acumulará a função com o comando do Congresso
Nacional – instituição formada pela união da Câmara e do Senado. Além do
poder político e das regalias em jogo na eleição, o sucessor de Renan será o segundo na linha de sucessão da Presidência da República.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/q/4/nNvLAyRnimJBf9ZwssuQ/eunicio-oliveira.jpg)
Eunício Oliveira
Favorito na corrida pela presidência do Senado, Eunício Oliveira, 64
anos, circula pelos corredores do Congresso Nacional desde 1998, quando
foi eleito deputado federal pela primeira vez.
O atual líder do PMDB no Senado se reelegeu para a Câmara em 2002 e em
2006, período em que também chegou a liderar a bancada peemedebista.
Em 2004, em seu segundo mandato como deputado, licenciou-se para
assumir o Ministério das Comunicações no governo do então presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Natural de Lavras da Mangabeira – município cearense a 400 quilômetros
de Fortaleza –, Eunício se elegeu para o Senado em 2010. O mandato dele
se encerra em fevereiro de 2019.
Apesar de ser senador de primeiro mandato, ele ocupou duas funções
importantes nos últimos seis anos: a presidência da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) – considerada a mais influente da Casa – e a
liderança do PMDB.
Em seu primeiro mandato, Eunício relatou projetos importantes, como a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabeleceu um teto para os
gastos federais nos próximos 20 anos. A proposta era a principal aposta
do presidente Michel Temer em 2016.
Dono da maior bancada do Senado – com 19 senadores –, o PMDB de Eunício
comandou a Casa ininterruptamente nos últimos 10 anos. A dinastia
peemedebista tem dominado a presidência do Senado desde a
redemocratização, em 1985.
Nos últimos 28 anos, a Casa teve apenas dois presidentes que não eram
filiados ao PMDB: Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), entre 1997 e 2001, e
Tião Viana (PT-AC), que ocupou um mandato-tampão de dois meses, em
2007, após a renúncia de Renan Calheiros.
Fortuna - Eunício Oliveira é o segundo parlamentar mais rico do Senado. Apenas o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) tem patrimônio declarado maior do que o do líder do PMDB.
Em 2014 – quando se candidatou ao governo do Ceará –, Eunício declarou à
Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 99 milhões. Quatro anos antes, na
eleição em que se elegeu senador, ele tinha declarado patrimônio de R$
36,7 milhões.
A maior parte da fortuna de Eunício vem dos negócios que ele controla. O
líder do PMDB é dono da Remmo Participações, conjunto de seis empresas
que prestam serviços de segurança eletrônica, transporte de valores e
táxi aéreo. As companhias do senador cearense prestam serviços,
inclusive, para órgãos públicos federais.
O senador peemedebista também é dono da fazenda Santa Mônica, que ocupa
grande porção de terras entre os municípios de Corumbá de Goiás e
Alexânia, em Goiás.
Doações de campanha -Na eleição em que conquistou uma cadeira no Senado, Eunício foi um dos financiadores da própria campanha. Dos R$ 7,7 milhões que ele declarou à Justiça Eleitoral em 2010, mais de R$ 1,6 milhão veio de empresas do peemedebista e do próprio bolso. Naquele ano, o senador também contou com o aporte de empreiteiras.
A OAS, empresa investigada pela Lava Jato, doou R$ 750 mil para Eunício
concorrer ao Senado. Outros R$ 420 mil vieram de empresas de
engenharia.
Em 2014, a campanha de Eunício ao governo do Ceará recebeu, via PMDB,
R$ 3,5 milhões da JBS; R$ 2,5 milhões da Amil; R$ 1,5 milhão da Camargo
Correa; R$ 1,5 milhão da Vigor; e R$ 963 mil da Andrade Gutierrez. No total, a campanha de Eunício ao governo cearense recebeu cerca de R$
50 milhões em doações contabilizadas. Eunício Oliveira, no entanto,
acabou sendo derrotado pelo petista Camilo Santana.
Lava Jato
Eunício não responde a nenhum processo no Supremo Tribunal Federal
(STF), Corte responsável pelo julgamento de senadores. O parlamentar
também não é alvo de inquéritos em andamento na Suprema Corte. No começo
do ano, o peemedebista solicitou e recebeu uma certidão de “nada
consta” no STF.
Porém, no fim do ano passado, o ex-diretor de Relações Institucionais
da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse, em seu acordo de pré-delação
premiada, que pagou R$ 2,1 milhões em propina para o atual líder do
PMDB.
Em troca, segundo o delator da Lava Jato, Eunício atuou em defesa dos
interesses da empreiteira na votação de projetos de lei no Senado. Os
dirigentes da Odebrecht chamavam o senador cearense de "índio" nas
anotações de propina.
À época em que o conteúdo da delação veio à tona, Eunício afirmou "que
todos os recursos arrecadados em suas campanhas foram recebidos de
acordo com a lei e aprovados pela Justiça Eleitoral".
Ele afirmou ainda que "nunca autorizou ninguém a negociar recursos em seu nome em troca de favorecimento à qualquer empresa".
Outro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Relações Institucionais da
Hypermarcas Nelson Melo disse, declarou, em julho de 2016, que repassou
R$ 5 milhões para a campanha de Eunício ao governo do Ceará por meio de
contratos fictícios. A defesa do parlamentar nega irregularidades.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/U/J/mnFGhgTsW4OsL53JgMVA/jose-medeiros-senado.jpg)
José Medeiros
Único senador que ensaia uma candidatura de oposição a de Eunício Oliveira, José Medeiros, 46 anos, é um novato na política.
Primeiro suplente de Pedro Taques (PSDB) no Senado, ele assumiu a
cadeira no parlamento em 2015, após o titular renunciar ao mandato para
comandar o governo do Mato Grosso. Medeiros é policial rodoviário de
carreira.
A posse de Medeiros como senador foi marcada por um impasse dentro da
própria chapa. Ele e o segundo suplente de Taques, Paulo Fiuza, travaram
um embate pela cadeira do atual governador mato-grossense. No fim das
contas, prevaleceu o registro da chapa no Tribunal Superior Eleitoral,
que apresentava Medeiros como primeiro suplente.
Diferentemente de Eunício, que é milionário, José Medeiros declarou à Justiça Eleitoral, em 2010, um patrimônio de R$ 380 mil.
Ao G1,
o senador do PSD disse que decidiu lançar candidatura porque percebeu
que “muitos senadores” estavam insatisfeitos com a possibilidade de
haver apenas a candidatura de Eunício ao comando da Casa.
Vice-líder do governo no Senado, o parlamentar do Mato Grosso ressalta
que sua eventual candidatura não é uma oposição ao PMDB nem ao governo
do presidente Michel Temer.
Ele tem afirmado que possível candidatura à presidência do Senado não é um instrumento de pressão para negociar cargos.No entanto, de acordo com o colunista do G1 Matheus
Leitão, após anunciar a candidatura à sucessão de Renan Calheiros,
Medeiros conseguiu emplacar um aliado na direção-geral da Polícia
Rodoviária Federal (PRF), corporação que ele fez carreira. Renato Antônio Borges Dias foi nomeado pelo governo Temer para o comando da PRF em 24 de janeiro.
Polêmicas
Embora seja novato na política, José Medeiros ganhou holofotes no
Legislativo ao atuar na comissão especial que analisou o impeachment da
presidente Dilma Rousseff no Senado. O parlamentar do PSD protagonizou
discussões acaloradas com senadores que apoiavam a petista.
Um dos bate-bocas em que Medeiros se envolveu durante o processo de
afastamento de Dilma foi com a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO). Na
ocasião, ele cobrou educação e respeito ao tempo de fala. Em resposta, a
parlamentar do PMDB disse que ele era “homem, mas não era dois”.
Medeiros também é dono de declarações polêmicas. Em uma sessão de
debates no plenário do Senado, ele fez críticas a ocupações de
estudantes em escolas públicas. À época, alunos haviam acampado em
instituições de ensino para protestar contra a reforma do ensino médio e
contra a PEC do teto de gastos.
O parlamentar declarou em um discurso que parte dos manifestantes estava nas escolas “para fumar maconha”.
Além de ter integrado a comissão do impeachment, o senador do PSD foi
relator do projeto que tornou obrigatório o acendimento do farol de
veículos durante o dia em rodovias.
Assim como Eunício, Medeiros não responde a processos e não é alvo de inquéritos no Supremo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário