Justiça do DF aceita denúncia, e Lula vira réu pela terceira vez:
Ex-presidente, o empresário Marcelo Odebrecht
e mais 9 pessoas são acusadas de participar de esquema para liberar
empréstimos no BNDES
G1 - Carolina Brígido
Lula e Marcelo Odebrecht - Montagem/ Arquivo O Globo
BRASÍLIA - O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da
10ª Vara Federal de Brasília, abriu ação penal nesta quinta-feira contra
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por participação em
organização criminosa, corrupção passiva e tráfico de influência e
lavagem de dinheiro. Além de Lula, também foram transformados em réus no
mesmo processo outras dez pessoas – entre elas, o dono da Odebrecht,
Marcelo Odebrecht. Segundo as investigações, Lula teria recebido
dinheiro da construtora para defender interesses da empreiteira em
outros países. Este é o terceiro processo da Lava-Jato em que Lula é
réu.
Na decisão, o juiz determinou a notificação dos réus, para
que apresentem defesa à acusação em prazo de dez dias. Os investigados
também deverão apresentar lista de testemunhas de defesa.
A
denúncia separa a atuação do ex-presidente em duas fases: a primeira,
entre 2008 e 2010, quando ele ainda ocupava a presidência da República
e, na condição de agente público, praticou corrupção passiva. E a
segunda, entre 2011 e 2015, já como ex-mandatário, momento em que
cometeu tráfico de influência em benefício dos envolvidos.
O ex-presidente foi acusado ainda pelos crimes de
organização criminosa e lavagem de dinheiro. Sobre este último, ele foi
denunciado 44 vezes. O crime teria sido viabilizado por meio de repasses
de valores justificados pela subcontratação da empresa Exergia Brasil,
criada em 2009 por Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira
mulher do ex-presidente e também denunciado na ação penal.
Segundo investigação da Polícia Federal, a Odebrecht só
teria contratado a Exergia porque sabia das relações de Taiguara com
Lula, a quem, segundo o relatório, ele se referia como "tio". Pelas
investigações, a empresa de Taiguara não tem condições técnicas e
operacionais para prestar os serviços descritos no contrato com a
empreiteira. A polícia suspeita que a empresa tenha sido criada apenas
para receber dinheiro da Odebrecht. Não há informações de negócios da
Exergia com outras empresas dentro ou fora do país.
De acordo com o MPF, parte dos pagamentos indevidos se
concretizou por meio de palestras supostamente ministradas pelo
ex-presidente a convite da construtora. A contratação teria sido feita
por meio da empresa LILS Palestras, criada por Lula no início de 2011,
menos de dois meses depois de deixar a presidência.
Os advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins e Roberto
Teixeira, divulgaram uma nota, em que afirmaram que o ex-presidente é
vítima de "acusações absurdas e sem provas" e alvo de "lawfare", que
seria uma "guerra travada por meio da manipulação das leis para atingir
alguém que foi eleito como inimigo político"
"Nessa nova ação Lula é acusado pelo MPF de ter influenciado
a concessão de linhas de crédito de R$ 7 bilhões para a Odebrechet e
ter recebido, em contrapartida, um plano de saúde para seu irmão e a
remuneração por duas palestras que ele comprovadamente fez – em valores
que são iguais aos contratos relativos às demais palestras feitas pelo
ex-Presidente a 41 grupos empresariais", diz o texto, que afirma que o
ex-presidente nunca interferiu na concessão dos financiamentos do BNDES. RÉU EM OUTROS DOIS CASOS
Um
dos outros casos em que Lula é réu é o do tríplex do Guarujá, em que o
ex-presidente responde na 13ª Vara Federal de Curitiba por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, Lula obteve R$ 3,7
milhões em vantagens indevidas que lhe foram pagas pela empreiteira OAS,
de forma dissimulada, em troca de contratos com o governo federal.
No outro processo, que tramita na 10ª Vara da Justiça
Federal de Brasília, Lula é acusado de tentar obstruir a Justiça
comprando o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos
delatores do esquema de corrupção na estatal, que também foi originado
nas investigações da Petrobras. A suposta participação de Lula foi
denunciada pelo ex-senador Delcídio do Amaral, que afirmou em depoimento
de delação que Lula queria manter Cerveró em silêncio para proteger o
pecuarista José Carlos Bumlai, que havia retirado em nome dele, no Banco
Schahin, um empréstimo para o PT, que foi pago com contrato bilionário
fechado pelo Grupo Schahin com a Petrobras.
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