Comissão do Senado vota a favor do impeachment de Dilma
Por Damian WROCLAVSKY4 de agosto de 2016
(Arquivo)
A comissão de impeachment do Senado votou nesta quinta-feira a favor de
submeter a julgamento o impeachment da presidente afastada, Dilma
Rousseff, o que poderá retirar seu mandato definitivamente ainda em
agosto
A
comissão de impeachment do Senado votou nesta quinta-feira a favor de
submeter a julgamento o processo de impeachment da presidente afastada
Dilma Rousseff, o que poderá retirar seu mandato definitivamente ainda
em agosto.
"O
resultado é de 14 a 5" a favor da acusação, informou o senador Raimundo
Lira, que dirige os trabalhos da comissão é é aliado do presidente
interino Michel Temer.
O
parecer será submetido agora ao plenário do Senado em 9 de agosto, no
que se antecipa como uma sessão histórica que se desenvolverá tendo os
Jogos Olímpicos como pano de fundo.
Se
nesta ocasião uma maioria simples dos senadores (81) optar por dar
continuidade à acusação, a presidente Dilma, afastada desde maio, ficará
a uma única votação de perder definitivamente seu mandato e por fim ao
ciclo de mais de 13 anos do PT no poder.
"A
presidente será demitida pelos gravíssimos crimes que cometeu. Foi a
maior fraude fiscal da história do país", declarou o senador Cássio
Lima, do PSDB, antes do início da votação desta quinta.
A
eventual última fase do julgamento está prevista para começar em 25 de
agosto e, depois de cinco dias de alegações, deve chegar a uma sentença
que poderá finalizar o ciclo de mais de 13 anos de PT no poder.
A
primeira mulher a presidir o Brasil, que denuncia um golpe contra ela, é
acusada de ter violado a Constituição ao aprovar despesas sem a
aprovação do Congresso e assinar decretos para financiar o Tesouro com
bancos públicos. As duas infrações são consideradas "crimes de
responsabilidade" que podem por fim a seu mandato e inabilitá-la a
exercer cargos durante oito anos.
Uma
ampla maioria dos senadores e de analistas considera que a afilhada
política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem poucas
possibilidades de conservar o mandato.
"Atentado contra a Constituição"
A
comissão deu um amplo apoio ao relatório de 441 páginas do senador
Antonio Anastasia (PSDB), no qual se pronunciou a favor do impeachment
com palavras duras.
"A
gravidade dos fatos constatados não deixa dúvidas quanto à existência
não de meras formalidades contábeis, mas de um autêntico 'atentado
contra a Constituição'", declarou na véspera, ao ler seu voto.
"Estou
muito triste pelo dia de hoje, era um resultado esperado. Ficou
evidente que se preocupara mais com o processo do que com o mérito.
Buscaram uma razão para justificar este ritual e afastar a presidente de
seu cargo", declarou, por sua vez, a senadora petista Gleisi Hoffmann,
defensora ferrenha de Dilma.
Se
forem corroboradas as previsões e o presidente interino permanecer no
cargo até 2018, Dilma se tornará a segunda chefe de Estado a perder o
cargo pelas mãos do Congresso em 24 anos, depois de Fernando Collor.
Dessa forma, Temer deverá governar até o final de 2018.
Um
grande protesto contra o presidente provisório está previsto para esta
sexta-feira em frente ao estádio do Maracanã, a mesma hora da abertura
dos Jogos Olímpicos.
Os
organizadores do protesto pediram para que os presentes vaiem Temer
depois do hino nacional, e durante e depois de seu discurso.
Em
meio à profunda crise política, os brasileiros estão aborrecidos com o
alto custo dos Jogos Olímpicos, os serviços públicos deficientes, a
recessão econômica que atinge o país e os escândalos de corrupção que
atingem quase todos os partidos e a elite empresarial.
"De
certa forma, essas Olimpíadas são boas para o Brasil, para ajudar no
desenvolvimento, mas o país está muito triste, cheio de violência e
desemprego", comentou Carlos Roberto, um operário portuário de 56 anos
vive no Rio.
Fase final
Quando
o impeachment for votado na próxima terça-feira, dia 9, o processo será
conduzido pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski.
Segundo
o Senado, serão intimadas a parte acusatória - representada por um
grupo de juristas que pediu o impeachment de Dilma Rousseff em 2015 - e a
defesa, nas mãos do ex-ministro de Justiça José Eduardo Cardozo. Cada
um terá 48 horas para chegar a uma lista de até cinco testemunhas.
Depois será marcada a data do início do julgamento, quando o Senado se tornará um tribunal.
Durante
as sessões finais serão ouvidas as testemunhas e haverá um debate em
que os senadores terão até 10 minutos para estabelecer suas posições.
No
dia da sentença, a acusação e a defesa, que poderia ser feita até pela
própria Dilma, disporão de duas horas antes da votação.



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