Trabalho e pesquisa de Carlos
Leite Ribeiro
A escrita é a representação da palavra e do pensamento por meio de sinais gráficos convencionais. A história da comunicação humana remonta à época mais antiga da humanidade. Os símbolos foram desenvolvidos há cerca de 30.000 anos atrás, e a escrita há cerca de 8.600 anos. Os primeiros sistemas de escrita dos últimos IV milénios Antes de Cristo, não são considerados uma invenção súbita. Pelo contrário, elas foram baseadas em antigas tradições dos sistemas de símbolos que não podem ser classificados ainda como escrita, mas têm muitas características importantes reminiscentes na escrita. Estes sistemas podem ser descritos como proto escrita. Eles usaram ideografia e (ou) no início símbolos mnemónicos para transmitir informações ainda eram provavelmente desprovidos de conteúdo direto linguístico. Estes sistemas surgiram no início do período Neolítico, talvez no 7.º milênio Antes de Cristo.
Podemos distinguir três grandes tipos de escrita, cujo aparecimento se sucede aproximadamente no plano histórico, cada um deles podendo ser considerados um progresso na medida em que o código usado é cada vez mais eficiente, como: escritas sintéticas (ou mitográficas) *01; escritas analíticas *02; e as escritas fonéticas (ou fonémicas) *03.
*01 – Podemos incluir nas escritas
sintéticas, onde o sinal é a tradução de uma frase ou de um enunciado completo,
todo o tipo de manifestações de uma vontade de comunicação espacial. Algumas
pessoas preferem falar, neste caso, de “pré-escrita”, na medida em que estes
processos, constituem uma transcrição do pensamento e não da linguagem
articulada. A. Leroi-Gourhan (foi um arqueólogo, paleontólogo, paleoantropólogo
e antropólogo francês, interessado ainda em tecnologia e estética, do século
XX), descobriu exemplos dessas manifestações a partir do Mustierense evoluído,
ou seja, 50000 anos antes da nossa era, sob a forma de incisões regularmente
espaçadas, em ossos ou pedras. A este tipo de comunicação pertencem as
representações simbólicas de objetos. A forma mais comum de escrita sintética é
a pictografia, ou seja, a utilização de desenhos figurativos, também conhecidos
por pictogramas, em que cada um equivale a uma frase. É o sistema usado pelos
esquimós do Alasca, os Iroqueses e os Algonquinos.
*02 – Nas escritas analíticas, também
conhecidas por ideográficas, o sinal não representa uma ideia, mas sim um
elemento linguístico (ou palavra ou morfena). Já não é uma simples sugestão, é
uma noção. Na realidade, a falta de economia deste sistema – teria de haver um
sinal para cada significado – faz com que não exista no estado puro: todas as
escritas conhecidas por “ideográficas” possuem, paralelamente aos sinais-coisas
“ideogramas”, uma quantidade importante de sinais com valor fonético, quer se
trate dos cuneiformes sumero-acadianos, dos hieróglifos egípcios ou de escrita
chinesa.
*03- As escritas fonéticas, são
testemunho de uma tomada de consciência mais avançada sobre a natureza da língua
falada. Os sinais perderam todo o seu conteúdo semântico – mesmo se, na origem,
as letras são antigos ideogramas. Estes sinais constituem apenas a representação
de um som (fonema), ou de um grupo de sons (sílaba). Podem apresentar-se casos,
como o sistema representar sílabas, consoantes sozinhas ou, simultaneamente
vogais e consoantes. Os silabismos, do ponto de vista histórico, nem sempre são
anteriores ao sistema dos alfabetos. Contudo, é verdade que os silabismos mais
antigos que se conhecem, em particular o cipriota, antecedem à invenção do
alfabeto, consonântico, pelos fenícios; outros são, pelo contrário,
adaptações de alfabetos, como é o caso do brami, antepassado de todas as
escritas indianas atuais, que provém do alfabeto aramaico, ou do silabismo
etíope, que sofreu influências semíticas e gregas. Quanto ao nascimento do
alfabeto grego, marcou-se, segundo parece, tanto pelo modelo fenício como pelos
silabismos cipriota e cretense. Os sistemas silábicos caraterizam-se pelo lado
relativamente pouco económico, dado que é preciso, em princípio, tantos sinais
quantas as possibilidades de combinação vogal-consoante. Nos alfabetos
consonânticos, sendo o fenício historicamente o primeiro exemplo, apenas servem
bem as línguas que tenham a estrutura particular das línguas semíticas. A raiz
das palavras possui uma estrutura consonântica que é portadora do seu sentido,
podendo a vocalização ser deduzida da ordem muito rigorosa das palavras na
frase, que indica a sua categoria gramatical e, por conseguinte, a sua função. O
alfabeto aramaico serviu de modelo a toda a série de alfabetos: árabe, hebraico,
siríaco, etc.), assim como de silabismo (brami). A alfabeto árabe serviu e serve
para representar línguas não semíticas, embora com algumas dificuldades, por
isso foi abandonado pelo turco. O alfabeto grego é historicamente o primeiro
exemplo de uma escrita que representa ao mesmo tempo e separadamente as
consoantes e as vogais. Serviu de modelo a todas as escritas do mesmo tipo que
existem atualmente: alfabeto latino, cirílico, arménio, georgiano, etc.. Os
acentos, indicando a acentuação na fala, e não a abertura ou fechamento de uma
vogal, apareceram muito tardiamente no grego antigo, e, encontram-se no
castelhano, no russo, etc.. Mais tardiamente ainda foram introduzidos os sinais
diacríticos em certas línguas escritas em carateres latinos, como o polaco,
sueco, etc..
Nota: neste trabalho, falámos várias
vezes em “”Fenícia”, que se situava na região litoral sírio-palestino, limitada
a Sul pelo Monte Carmelo e Norte pela região de Ugarit. Do III milénio ao século
XIII Antes de Cristo, a zona costeira do corredor sírio foi ocupada por
populações semíticas, designadas pelo nome de “Cananeus”. No século XII, a
chegada de novos povos, como Arameus, Hebreus, Filisteus, reduziu o domínio dos
Cananeus a uma simples faixa costeira a que os gregos deram o nome de “Fenícia”.
Esta formava então um conjunto de cidades- estados, entre as quais Biblos, Tiro
e Sídon que exerciam uma influência preponderante. Empurrados para o mar, os
Fenícios tornaram-se, por necessidade vital, navegadores e fundaram, em toda a
orla mediterrânea até Espanha, numerosas feitorias e colónias, entre elas
Cartago, no século IX, que impôs no ocidente mediterrâneo. As cidades fenícias
caíram sob tutela dos impérios Assírio em 743 Antes de Cristo, e Babilónio a
partir de 605 Antes de Cristo, e mais tarde sob a dos persas e dos gregos, mas
continuaram a desempenhar um papel capital nas trocas económicas do Mediterrâneo
Oriental. Herdeiras da cultura cananeia, conservaram os cultos de Baal e de
Astarte e, legaram ao mundo antigo o uso da escrita
alfabética.
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite
Ribeiro – Marinha Grande – Portugal
A seguir: “A História (resumida) da
Literatura.
Livro de Visitas do Portal CEN - "Cá
Estamos Nós"


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