terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Suíça informa ao MPF que suspeito da 23ª fase da Lava Jato está preso

Prisão não tem ligação com a investigação direta, segundo os procuradores.
Fernando Migliaccio é ex-funcionário da Odebrecht.

Bibiana DionísioDo G1 PR
O Ministério Público Federal (MPF) informou à Justiça Federal que Fernando Migliaccio, investigado na 23ª fase da Operação Lava Jato, foi preso em Genebra, na Suíça. A prisão foi comunicada nesta terça-feira (23), entretanto ocorreu na quarta-feira (17). A prisão não tem relação com o mandado expedido no Brasil, que era desconhecido pelas autoridades estrangeiras, de acordo com o MPF.
“Ontem, 17 de fevereiro de 2016, por volta das 12:00 horas, a Polícia suíça prendeu o cidadão brasileiro Fernando Migliaccio da Silva em Genebra com base numa ordem do nosso Ministério público federal”, diz trecho do documento suíço enviado às autoridades brasileiras.

Segundo o Ministério Público Federal, existe na Suíça uma investigação autônoma sobre a Odebrecht. Isso, de acordo com os procuradores, pode indicar a relação da prisão com as investigações da Lava Jato. De qualquer forma, o MPF destaca que desconhece as razões da prisão de Migliaccio.

No âmbito da Lava Jato, a prisão de Migliaccio foi decretada em 11 de fevereiro deste ano - onze dias antes da deflagração da operação no Brasil. Segundo a investigação, ele era responsável por gerenciar contas usadas pela Odebrecht no exterior para pagar propinas para autoridades do Brasil e de outros países. Essas contas estavam atreladas a offshores.

Ainda conforme o MPF, Migliaccio mudou-se para o exterior após as buscas e apreensões feitas na Odebrecht, em 19 de junho de 2015. Para os procuradores da Força-tarefa, a mudança de Migliaccio - custeada pela Odebrecht - foi uma manobras de Marcelo Odebrecht e funcionários para dificultar as investigações.

Documento suíço mostra a prisão do investigado pela Operação Lava Jato (Foto: Reprodução)Documento suíço mostra a prisão do investigado pela Operação Lava Jato (Foto: Reprodução)
A 23ª fase - Operação Acarajé
A 23ª fase prendeu o publicitário baiano João Santana e a esposa dele, Monica Moura. Marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, Santana recebeu US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior, segundo a PF e o Ministério Público Federal. Investigadores suspeitam que ele foi pago com propina de contratos da Petrobras.

"Há o indicativo claro de que esses valores têm origem na corrupção da própria Petrobras. É bom deixar isso bem claro, para que não se tenha a ilusão de que estamos trabalhando com caixa 2, somente", disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

Os supostos pagamentos ilegais para conta secreta de Santana seriam provenientes da construtora Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels. Suspeita-se de pagamento de serviços eleitorais ao PT.

O advogado que representa João Santana, Fábio Tofic, afirma que todos recursos em contas do exterior do marqueteiro provêm, exclusivamente, de campanhas feitas em outros países. Segundo a defesa, "nenhum centavo" é de campanha brasileira.

Santana, Monica Moura e Zwi Skornicki estão em Curitiba. A prisão do casal é temporária. Eles estavam na República Dominicana trabalhando em uma campanha eleitoral. Conforme o G1 antecipou, ele se apresentou sem celular e sem notebook, apesar de estar voltando de uma viagem de trabalho, onde fazia campanha política junto com a esposa.
O engenheiro Zwi Skornicki
A prisão de Zwi Skornicki é preventiva. Ele é tido pela Operação Lava Jato como um dos operadores de propina no esquema de corrupção descoberto na Petrobras. O patrimônio do engenheiro aumentou 35 vezes em 10 anos - passando de R$ 1,8 milhão para R$ 63 milhões.
Na primeira vez em que a operação levou a Polícia Federal à casa de Zwi Skornicki, em 5 de fevereiro de 2015, os agentes recolheram na garagem subterrânea cinco carros importados e valiosos. Nesta segunda, em outros endereços do suspeito de ser operador de propinas da Petrobras, foram apreendidos pelo menos mais dez.

Por nota, a defesa do engenheiro declarou que só vai falar nos autos do processo e que considera a prisão desnecessária, já que desde a 9ª fase da operação, há mais de 1 ano, ele sempre esteve no brasil e à disposição para prestar esclarecimentos.

Confira a situação dos investigados até esta terça-feira:
Estão presos:
- João Santana - marqueteiro do PT - prisão temporária
- Monica Moura - sócia e mulher de João Santana - prisão temporária
- Zwi Skornicki - engenheiro apontado como operador do esquema- prisão preventiva
- Benedicto Barbosa -  diretor-presidente da Construtora Norberto Odebrecht (CNO) - prisão temporária
- Vinícius Veiga Borin -administrador de uma consultoria financeira ligada à offshore da Odebrecht - prisão temporária
- Maria Lúcia Guimarães Tavares - funcionária da Odebrecht - prisão temporária
- Fernando Migliaccio - ex-funcionário da Odebrecht - prisão preventiva (detido na Suíça)
Ainda não foram detidos:
- Marcelo Rodrigues - suposto operador do esquema - prisão temporária

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