DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR
Subsérie: Dissertações tanatológicas, e uma miscelânea de pontos de
vista sobre o fim de nossa efêmera existência.
A MORTE E A VELHICE
Mortais! Não temais a Thánatos! Mesmo por que,
todos nós
passaremos por este processo que se
inicia inevitavelmente, quando nascemos,
e se acelera
com a velhice.
(DIGRESSÕES SOBRE A MORTE E A VELHICE)
Edimilson Santos Silva Movér
INTRODUÇÃO AO ASSUNTO MORTE:
Sísifo driblou Tânatos várias vezes, será que conseguiríamos executar
tal proeza, nem que fosse por somente uma vez?
A única espécie animal que sabe que vai morrer, tendo certeza de que sua
Morte é inevitável, é a espécie “homo sapiens”. Talvez, devido a isso, passamos
99,99% do tempo sem nem sequer pensar na Morte. Muitos humanos demonstram não ter
medo da Morte, embora, estes corajosos sejam uma minoria. Mesmo tendo tanto
pavor da Morte, a espécie pratica o suicídio desde tempos imemoriais. O mesmo
homem capaz de praticar o suicídio passa toda sua vida temendo a Morte. Poderíamos
utilizar o verbete “PASSAR”, (como título desse ensaio), ou seria um eufemismo?
Existe até hoje, (mas, já quase em desuso), um antigo costume de comunicar a Morte
das pessoas referindo-se ao seu “passamento” e não à sua Morte, como se a
referência à Morte, trouxesse maus presságios. O verbete masculino grego
“Thánatos” significa Morte, na Grécia a Morte era representada por um belo
jovem sem pai, filho de Nix, que na mitologia é o nome da noite. O nome da Morte
na mitologia e na língua grega é “Thánatos”. Talvez por ser uma entidade do
sexo masculino, jovem e belo, nunca se tornou de uso comum a nominação
“Thánatos entre os povos de língua Lusitana, onde a “Morte” é representada por
uma megera feia, velha e esquálida. Devemos também levar em conta a ortoépia e
a acentuação proparoxítona da palavra Thánatos. Em nosso país, nalgumas
comunidades a palavra Morte é muito pouco pronunciada em voz alta, como se a
pronúncia da palavra tivesse até mesmo o poder de trazer a própria Morte, ou no
mínimo trazer azar. Nas comunidades no interior do Brasil onde o catolicismo
predomina, existe o costume de se benzer, fazendo o sinal da cruz, ao se ouvir
a palavra “Morte”. Já a palavra “Thánatos”, só é utilizada por estudiosos,
médicos, advogados, químicos, historiadores, escritores e repórteres, não
esquecendo naturalmente, dos tanatologistas. Atualmente existe a especialidade da
medicina legal denominada de “Tanatologia Forense”, muito utilizada nos institutos
de medicina legal, (IML), logo adiante trataremos disso. Por outro lado a
medicina moderna desenvolveu a tanatologia noutro sentido! Esta nova e nobre
especialidade médica cuida do “passar” dos doentes terminais, evitando
sofrimentos inúteis e evitáveis, principalmente, sofrimentos psicológicos e
dores, com ação na área da psicologia amenizando os traumas das despedidas. Esta
área da tanatologia tanto funciona para o paciente como para seus parentes mais
próximos. Tentarei suavizar este início de ensaio em que trato da temida “Morte”.
Em primeiro lugar com o Canto dos Últimos Medos. Em segundo, com os Rogos ao
Frei Albérico e a Sísifo! Em terceiro contando a pequena história dos dois
torcedores baianos de futebol e seu relacionamento com a Morte. E em quarto
lugar contarei uma das várias histórias de Sísifo e “Thánatos” existentes na
mitologia grega. Quase no fim deste ensaio, transcrevo o relato da negociação
que um poeta fez com a Morte. Observe que a palavra “Thánatos” ou “Tânato” é
aqui utilizada com duas grafias. Assim, as encontrei e assim, propositadamente as
deixei.
Por Edimilson Santos Silva Movér
1 * O CANTO DOS ÚLTIMOS MEDOS:
Nós sofredores, nos últimos anos de nossas vidas,
Vemos partir, uma a uma, as pessoas queridas,
Os amigos de infância, enfileirados vão passando,
Vemos a esquálida velha da foice visitando as casas,
Primeiro os velhos, logo após, os jovens os seguirão,
Planando, a desmilinguida chega sem bater as asas,
Vemos o tempo célere passar! Seria isto uma ilusão?
Notamos que o tempo não anda, mas sim, que ele voa!
Mal começa janeiro e os dias logo correm a passar,
Passa mui rápido os últimos dias da bela “vida boa”,
Logo, logo dezembro bate na porta querendo entrar,
Para onde nos levará a desmiolada da desmilinguida?
Que indiferente, e sem bater na porta nos vem buscar!
Diz-nos Thánatos! Acabando com nossa bela e doce vida?
- Deixai cá fora todas as esperanças! Ó vós que entrais!
2 * OS ROGOS AO FREI ALBÉRICO E À SÍSIFO:
Rogam os sofredores - Tende piedade de nós! Ó Frei Albérico, naqueles ermos abissais!
Repetem os sofredores - Salvai-nos! Ó Sísifo! Usai vossa coleira em
Tânato, para que os nossos medos não se tornem realidades infernais.
3 * O FUTEBOL NO CÉU:
Contam, que dois baianos, fanáticos torcedores de um dos principais times
da terra de Dorival Caymmi, nasceram, cresceram e envelheceram torcendo pelo
velho time baiano. Um dia, após uma vitória esmagadora do seu time sobre o
adversário, ao saírem do velho estádio e se dirigirem para suas casas, (os dois
tinham se mudado há muito tempo para um bairro juntinho ao estádio). Estando parados
no passeio para dar passagem ao féretro de alguém do bairro. Tiraram os chapéus
respeitosamente, enquanto aguardavam, confabulando em voz baixa! Um fez a
pergunta que não queria calar! Será que no céu tem futebol? Ao que o outro
respondeu! Deve ter, pois, dizem que tudo que é de bom, tem lá no céu! Ao que o
primeiro propôs: - Devíamos fazer um trato! – Qual trato? – É o seguinte: O que
de nós dois morrer primeiro, volta e vem dizer ao outro se lá no céu tem ou não
futebol! - Trato feito, tá fechado! Quem
morrer primeiro volta e informa ao outro! Passaram-se quase quinze anos, já
tinham até se esquecido do trato. Num certo dia, o céu amanheceu diferente, céu
brumoso, “enfarruscado”. O Bahia, passou o dia calado, soturno. Logo no finalzinho
da tarde, uma conhecida veio dar a triste notícia. O Ferreirinha tinha passado
desta para outra melhor! O “Bahia” (era assim que ele era conhecido), pois, nunca
tirava a camisa do time adorado, ficou inconsolável, choroso, foi ao velório,
no outro dia foi ao enterro, voltou pra casa muito triste e, o tempo passou, o
certo é que ele nunca mais foi a um estádio de futebol. Passados uns 6 (seis)
meses, o “Bahia”, lá pela madrugada de
uma sexta-feira, ouviu umas batidas na cabeceira da velha cama “Patente”. Ao
que perguntou assustado, quem bate aí? Uma voz que de imediato ele não
reconheceu, respondeu! - Sou eu o Ferreirinha! O “Bahia” sem acreditar
perguntou! - O que você vem fazer, aqui homem de Deus? O Ferreirinha respondeu com
voz chorosa! - Ora Bahia! Você se esqueceu de nosso trato? – Qual trato? – Ora!
O de vir informar se lá no céu tinha futebol! – Há! Então fale logo homem! - O
Ferreirinha com voz chorosa, replicou! - Eu trago duas noticias pra você! Uma
boa e outra ruim. Mas, vou te dar a noticia boa primeiro, no céu tem futebol sim,
e o tempo todo, de manhã, de tarde, de noite, até de madrugada tem futebol, e o
melhor é que, é tudo de graça, até a comida e a bebida são de graça! E não vai acreditar! Lá não chove nunca! - Obá!
Respondeu o Bahia. - Agora vou te dar a noticia ruim, disse o Ferreirinha, aí,
o Bahia meio temeroso perguntou – E qual é? Fale logo homem! - Bom não fique tão
apressado nem preocupado, mas você foi escalado para jogar no meu time, na
posição de “center half”, no domingo que vem. Esteja preparado, pois, você tem
que treinar antes, pelo menos uma vez. - [... Naquela madrugada, o “Bahia”
sentiu um friozinho dentro da barriga, fechou os olhos com força e, cobriu
lentamente a cabeça com o cobertor, tentando dormir aquele restinho de
madrugada. O certo é que nunca mais abriu os olhos, vocês sabem como é! Morreu
como um passarinho. Nem procurou saber se aquilo não tinha sido somente um
sonho. O negócio é que ele gostava demais de futebol ...].
4 * TÂNATO E A HISTÓRIA DE SÍSIFO:
Sísifo despertou a raiva de Zeus, pois Zeus havia se transformado
em águia e sobrevoado o reino de Sísifo com Egina, filha de Asopo, depois quando Asopo
perguntou a Sísifo se havia visto Egina, ele contou em troca de uma fonte de
água. Então como vingança, Zeus enviou Tânato para levá-lo à Hades. Porém Sísifo
conseguiu enganar Tânato, elogiou sua beleza e pediu-lhe para deixá-lo enfeitar
seu pescoço com um colar, o colar, na verdade, era uma coleira, com a qual
Sísifo manteve a Morte (Tânato), aprisionada e, ao mesmo tempo evitando que
qualquer outra pessoa ou ser vivo morresse. Desta vez Sísifo arranjou encrenca
com Hades,
o deus dos mortos, e com Ares, o deus da guerra, que precisava
da Morte para consumar as batalhas.
Tão logo teve conhecimento, Hades
libertou Tânato e ordenou-lhe que trouxesse
Sísifo imediatamente para as mansões da Morte. Quando Sísifo se despediu de sua
mulher, teve o cuidado de pedir secretamente que ela não enterrasse seu corpo. Quando
já no inferno, Sísifo reclamou com Hades da falta de respeito de sua esposa em
não o enterrar. Então suplicou por mais um dia de prazo, para se vingar da
mulher ingrata e cumprir os rituais fúnebres. Hades lhe concedeu o pedido. Sísifo
então retomou seu corpo e fugiu com a esposa. Havia enganado a Morte pela
segunda vez...
5 * OS HUMORISTAS:
Como vimos, a despeito do tão falado e decantado medo da Morte, os
brasileiros fazem piadas sobre qualquer assunto. E vez por outra, a Morte é um
desses assuntos. Humoristas devem fazer parte daquela minoria que não temem a
velha da foice, há poucos dias ela levou um dos melhores do Brasil, o
inimitável Shaolin! Temos o caso do “eterno” Chico Anísio, não com a
desmilinguida, mas, com seu personagem: O Vampiro Chico Bento.
6 * TANATOLOGIA FORENSE:
A maioria dos cidadãos
desconhecem completamente os processos legais médicos a que a lei manda
submeter os corpos das vítimas de Morte violenta. Não interessando se esta Morte
violenta foi causada por acidente intencional ou não. Todos indiscriminadamente
sofrerão necropsia, ou mesmo, outros processos legais médicos.
Vejamos o que o “Portal Educação”
nos informa a respeito:
A Morte é a “cessação total e
irreversível das funções vitais que, no entanto, não desaparecem de uma só vez,
razão pela qual se costuma dizer que a Morte não é um fato e sim um processo
que leva o organismo a uma série de transformações em que a volta à normalidade
torna-se impossível” (Silva, 1997). O exame tanatológico, “consiste no exame do
cadáver e na verificação das circunstâncias que envolveram a Morte”, envolvendo
a necroscopia, que pode ser chamada de tanatoscopia, necrópsia e autópsia. Vale
à pena lembrar que apesar de usual, o termo autopsia não é correto, pois
significa autoanálise, o que não ocorre de fato (Silva, 1997). A necropsia é
realizada em todos os casos de Morte violenta e é disciplinada no Código de
Processo Penal. Para as Mortes naturais, não há nenhuma regulamentação no
momento, sendo comumente realizada com a permissão de familiares, sendo
recomendada principalmente em casos nos quais o médico não possui um
diagnóstico da Morte preciso (França, 2001).
Alguns quesitos são utilizados nos
exames tanatológicos, que irão direcionar o médico legista no exame tanatológico
(Silva,1997):
a. Houve Morte?
a. Houve Morte?
b. Qual a sua causa?
c. Qual instrumento ou meio que a
produziu?
d. A Morte foi produzida com emprego de
veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que podia resultar em perigo comum?
Meios complementares de diagnóstico
No decorrer da autópsia e dependendo do
caso em análise o
médico tanatologista pode solicitar
exames complementares:
Exames toxicológicos (nível de álcool e
drogas no sangue,
medicamentos, inseticida, monóxido de
carbono, etc.);
Exames bioquímicos, metabólicos,
histológicos,
bacteriológicos e virulógicos;
Pesquisa de esperma (cavidade oral,
vaginal, anal, outra) e de
outros tipos de materiais biológicos
como saliva, urina e fezes;
DNA: identificação de material biológico
do(s) possível (is)
suspeito(s), e para identificação do
cadáver;
Pesquisa de resíduos de disparo de arma
de fogo, exame de
projéteis, armas e instrumentos que
causam a lesão;
Exame de peças de vestuário;
Raios X etc.;
Além da necropsia, a perinecroscopia,
exame do cadáver no local dos fatos, pode ser realizada; assim como a
tanatognosia, que é o diagnóstico da realidade da Morte, e a cronotanatognosia,
que é o conhecimento do tempo da Morte.
A
cronotanatognosia é realizada seguindo os diversos parâmetros:
Cadáver ainda quente: Morte recente, de uma a duas horas;
Cadáver ainda quente: Morte recente, de uma a duas horas;
Cadáver com temperatura sensivelmente
inferior a 37°C: pouco ais de 2 horas;
Temperatura de cadáver “morno”, com
rigidez total, ausência de mancha verde: Morte há pouco mais de oito horas;
Cadáver frio, rigidez total, mancha
verde inicial: 20 a 30 horas. Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO
[... - Tem mais umas lagartixas, que
não serão tratadas aqui ...].
7 * O CONHECIMENTO INSUFICIENTE:
Costumo dizer que o conhecimento adquirido pelo “Ser” falante, até esta
data, ainda é insuficiente para este “Ser” conhecer a si próprio, sua origem,
num passado desconhecido, e o seu destino no futuro, (aqui, não me refiro a sua
morte), e, sobretudo, se a existência do universo está relacionada com a
existência dele próprio. Unicamente por que: esta insuficiência de conhecimento
o impede de ter um entendimento profundo do universo, (neste “universo” estando
incluso o próprio falante), fato que torna tudo obscuro. Observar que isto é o
que nos diz os maiores filósofos e cientistas do planeta. No entanto: Alguns
idiotas declaram conhecer o homem e o universo em toda sua plenitude.
Creiam-me, estas declarações são originárias da mais pura “burrice” do animal
pensante. Leiam: digitando no Google: O Elogio da Burrice de Edimilson Movér.
8 * A RELATIVIDADE DO TEMPO NO NOSSO EXISTIR:
Não considerando algumas proposições absurdas existentes a respeito do
tema tempo: Podemos observar que, se o fizermos com lógica, usando principalmente
a razão. Para assim, podermos mensurar o que realmente é o “Ser” pensante e sua
relação com o tempo neste universo, onde nascemos, vivemos tão celeremente e
depois morremos. Se considerarmos o tempo geológico, nossa duração do nascer até
morrer, mesmo morrer de velhice, não passa de um “segundo”. Esta celeridade do
nosso existir é compensada pelo entendimento que fazemos da nossa existência!
Pois, (talvez como defesa), o falante durante o decorrer de toda a sua vida,
utiliza o tempo como se ele fosse eterno, só abandonando este comportamento
quanto já bastante idoso. Vejo nisso uma grande sabedoria comportamental e
natural da existência da espécie, isto proporciona um viver sem psicopatologias
decorrentes de excessiva tanatofobia. Seria horrível se vivêssemos preocupados
com o decorrer do tempo, e o quanto é efêmera nossa existência. Sendo que a
Morte ocorre em qualquer tempo de nossa vida! Mas, só nos últimos anos de nossa
vida atingimos o que chamamos de velhice, que nada mais é, que a falência
sistematizada e paulatina do sistema vital. Portanto, à medida que
envelhecemos, morremos um pouco a cada dia. Perdemos paulatinamente um pouco de
nossas funções orgânicas. Notamos principalmente, que os nossos sentidos
diminuem a acurácia. Diminui a função do olfato, do tato, nossa visão torna-se
menos aguçada, passamos a pedir que aumentem o som da televisão, e não
reclamamos se a comida está salgada, passamos a ser indiferentes aos odores
expelidos pelos organismos presentes. É o começo paulatino do fim. Este período
de morte lenta poderia ser aproveitado para tomarmos providências inteligentes,
como: Acertarmos nossas contas. Terminarmos de escrever aquele livro. Fazermos
nossas últimas recomendações. Fazermos nosso inventário, isto, para quem
amealhou algumas bugigangas na vida. Diante da Morte tudo se torna bugigangas. Pedirmos
aquele perdão a quem ofendemos. Ajudarmos aquelas pessoas que gostamos e são
necessitadas. Mas, a burrice da maioria das pessoas não permite que elas tomem
estas últimas providências, tão úteis aos que ficam! Pois aos que se vão, nada faz
mais sentido ou tem importância.
9 * A IGUALDADE DOS HUMANOS DENTRO DO QUE CHAMO DE SUPERORGANISMO DA
VIDA:
Na Morte, todos os humanos se igualam, disto ninguém discorda. De forma
geral, se observarmos a existência dos humanos através dos tempos, através da sua
história escrita e até mesmo da sua história fóssil! Veremos que: A espécie
humana é um imenso organismo dentro do superorganismo da “vida”. Interessante é
que a espécie homo sapiens não possui a propriedade de se cruzar (se reproduzir),
com nenhuma outra espécie animal. A despeito das lendas, ela é única. Recentemente,
um grupo de cientistas descobriu que a espécie “homo sapiens” é a única espécie
animal que tem câncer de pele, sendo a única que não está adaptada ao Sol, como
se ela não fosse originária ou formada no planeta Terra. Num teste de campo, o
homem não suporta duas semanas de exposição ao Sol, enquanto os outros animais
são indiferentes ao Sol constante. É difícil de acreditar que todos os seres
humanos sejam exatamente iguais! Embora nos pareçam “Seres” distintos. Se bem
os observarmos, veremos que a diferença encontrada é pura aparência, mesmo com
referência à sua dualidade, matéria/consciência. Esta igualdade é encontrada em
ambos os “Seres”, o material e o imaterial, a ciência que estuda e cura as
doenças da psique, (do “Ser” interior), conhecida como psicologia, disto tem pleno
conhecimento. As teorias da personalidade, embora sejam várias, trata a
humanidade como um único “Ser”. E mais difícil ainda de acreditar, é de que são
nossas diferenças que nos tornam iguais, exatamente iguais! Pois, mesmo as
diferenças são iguais. As diferenças, como dizia a “Zélia”, são somente
detalhes, e estes se repetem em todos os “Seres”. É importante observar que
estas diferenças são e serão eternamente, somente diferenças temporais. Isto
nos é demonstrado ao compararmos um “Ser” com outro “Ser”, desde o “tempo” no
seu nascer, durante todo seu existir, até chegar ao “tempo” do seu passar em
idade já avançada, onde notaremos que nos extremos destes existires os seres se
igualam completamente. E de que no intervalo destes existires independentemente
do espaço ou do tempo que os separe, todos eles são, nalgum local e momento, exatamente
iguais! As diferenças por ventura encontradas serão somente diferenças
temporais. Fisicamente, se os analisarmos “organicamente” num laboratório, veremos
que são exatamente iguais. As diferenças encontradas e, que também os igualam,
são sempre provenientes da sua pronunciada e ativa defesa orgânica. Quanto ao
comportamento em tempos distintos, se bem observarmos, veremos que todos se
comportam em tempos diferentes como um só “Ser”. Explico: Num tempo dado, um
primeiro “Ser” trata um segundo “Ser” de uma maneira. Noutro tempo dado, o
segundo “Ser” trata-o da mesma maneira, é onde as posições se invertem, (igualando-os),
tratando-o da mesma maneira, embora, seja em tempos distintos. Como se em
tempos distintos eles fossem a mesma pessoa. O “homo sapiens sapiens” possui a
propriedade de se repetir através dos
tempos. Esta pouco notada repetição tem origem num fato nunca levado em conta! Este
é o “fato” indiscutível, de que a humanidade seja um único e gigantesco organismo.
A medicina moderna e a paleo/antropologia vem tomando conhecimento de que as
doenças de hoje são comuns aos homens do passado, as múmias dos diversos povos,
isto o tem confirmado. Mesmo nos fósseis mais antigos, as diferenças
encontradas são somente morfológicas. Ao olharmos um esqueleto de um esquimó
braquicéfalo atarracado, enterrado dez mil anos atrás no ártico, e outro fóssil
nas mesmas condições de um homem longilíneo e dolicocéfalo do deserto da Namíbia
na África, com a mesma idade biológica e geológica, à primeira vista, aos
leigos parecerão e dirão que são fósseis de dois seres diferentes. No entanto, um
paleo-antropólogo verá imediatamente suas igualdades como espécie. Quando analisamos
o homem através dos milênios, vemos que um de seus comportamentos mais notáveis,
(e que a paleo-antropologia registra) é o comportamento guerreiro, que
acompanha o homem através de toda sua existência. E até mesmo no decorrer de
alguns milhões de anos de sua existência como pré-hominídeo. Com respeito ao
machado biface “acheulense” primeiramente encontrado no século passado no Vale
de Saint Acheul na França, com a idade geológica de 200.000 (duzentos mil) anos,
já, o biface “achelliano” africano remonta a 1,9 milhão de anos. Aí eu inquiro;
será que estas ferramentas eram utilizadas somente na caça? A paleontologia nos
diz que a disputa e a guerra era uma constante no dia a dia dos mais antigos
antepassados do homem. Abismado, observo e vejo, que o planeta nos dias atuais,
continua sendo um perpétuo e imenso teatro de operações de guerra. Aí eu me
pergunto; Onde estão nossas desigualdades? Num tempo pretérito, não a
encontramos, e mesmo no presente, também não! O resto é pura hipocrisia e
burrice, principalmente as opiniões contrárias a esta observação sobre a guerra
perpétua existente no planeta. Independentemente de era, cultura, crença ou
etnia, o homem sempre foi e sempre será um animal guerreiro, ele, no geral,
nunca se comportou como um “Ser” divino. Infelizmente esta é a verdade.
10 * A VIDA COMO UM TODO É UNA:
Sempre defendi a proposição de que nós sejamos uma simples faceta dentre
milhões de facetas existentes neste único e imenso organismo constante e
imutável, chamado de VIDA. Do qual fazemos parte como a espécie nominada de “homo
sapiens”. Sendo que esta espécie ou faceta da vida faz parte do que chamamos de
humanidade. O sistema que é vulgarmente e comumente conhecido como VIDA comporta
milhões de espécies ou facetas. A helicoide do DNA iguala todas as espécies
vivas, (nascem, vivem e morrem), igualando animais e vegetais. Independentemente do grau de sua
complexidade, ou do seu grau de evolução, independendo também da vida se nos
apresentar em suas variadas e multíplices formas ou facetas. Devemos
compreender, que no “todo”, a vida não passa de um único organismo. Naturalmente,
é muito difícil para a única espécie que aprendeu a pensar, entender que este organismo
seja infenso ao tempo e ao espaço. Segundo a biologia os primeiros registros de
seres vivos datam de 3,4 bilhões de anos. Estes seres são conhecidos como
estromatólitos. OS seres pensantes datam “em torno” de 250 mil anos, portanto,
os animais pensantes são novíssimos no planeta. O estranho em tudo isso, é que
este fato de termos evoluído até o ato de “pensar”, ao invés de facilitar,
dificulta o entendimento de que sejamos um único organismo. O fato da espécie “pensar”
cria primeiro, sua personalidade, depois o “individualismo” no “Ser”, criando uma
miríade “crenças”, criando também por sua vez, (o “Ser” que observa), O ato de
observar leva-o a “crer” que ele seja superior aos outros “Seres” perante a
vida. Levando-o a acreditar que os “outros”, e tudo à sua volta seja fruto da
sua observação. Levando-o também a “crer” que ele seja um “Ser” especial, levando-o
a “crer” que ele e a vida são sistemas especiais e únicos, e também sistemas
eternos. Sendo a vida eterna somente com relação ao quanto seja eterno o universo
que este sistema que chamamos de “vida” habite. A eternidade entre as espécies
ou facetas também é relativa. Ora! Um organismo que dure 300 (trezentos) anos
de vida, como uma tartaruga, para um organismo que vive somente por alguns dias
como um mosquito. Para este, a tartaruga seria um organismo eterno. Aí me dirão
os animais não possuem consciência da existência de diferenças entre uns e
outros, nem do passar do tempo, ora! Se isso fosse verdade, não se
transformariam em amigos e inimigos. E também não seriam indiferentes às pedras
e às árvores. Todas as espécies animais reconhecem-se mutuamente. E classificam
as outras espécies conforme o grau de perigo que oferecem. E se classificam, (uns
aos outros), como amigos ou inimigos). Isto prova que os animais conseguem
distinguir os seres vivos “ativos” dos vivos “inativos”, e também distinguir os
seres vivos dos não vivos. Naturalmente, que é necessário entender e admitir o
fato de que cada espécie animal possui seu próprio grau de evolução “consciencial”.
Torna-se muito difícil para um animal que somente “observa” entender que outro
animal como um “mosquito”, (dentro de sua realidade existencial) seja um animal
tão complexo o quanto ele, mas, que também somente observa! Quanto à
eternidade! É desnecessário lembrar que na realidade, a lógica nos diz, tudo
indica, e a ciência cosmológica comprova que nem mesmo o universo seja eterno,
como universo vivo, pulsante e quente. Sabemos que devido a sua acelerada
expansão, ele tende a se transformar num universo morto estático e frio.
Compreendamos, porém, que o universo só deixará de existir como universo
dinâmico, e também, que antes deste evento, a vida desaparecerá por completo.
Torna-se desnecessário afirmar que a ciência desconhece completamente “quando”
isto se dará!
11 * A VIDA HUMANA É UM CICLO:
A vida humana é um ciclo que podemos considerar eterno, dentro de suas
limitações de eternidade, ela sempre se repete em ciclos “ad infinitum”.
Considere uma data no passado, recuando 110 (cento e dez) anos, exemplo: Em 19/02/1906,
todos que estavam vivos naquela data, hoje 19/02/2016 estão todos mortos.
Considere que na data de 20 de fevereiro de 1906, todos que estavam vivos, e a
data de 20/02/2016, o mesmo acontece, estão todos mortos. Portanto de 110 em
110 anos toda a população do planeta se renova. Compreendeu? Todos os dias a
população se renova completamente fechando num ciclo de 110 anos, não importa o
número de seres. Visualizou o ciclo da
vida humana a que me refiro?
No planeta, grande parte do sistema da vida, no eterno ciclo do existir,
por muitas vezes, no passado, foi parcialmente, e temporariamente interrompido
por um cataclismo de magnitude global, com o desaparecimento da algumas
espécies. Isto já ocorreu muitas vezes, há 74 mil anos, há 250 mil anos e, há
65 milhões de anos! Esta última! Para sorte (nossa como primatas), e no geral, dos
mamíferos, foi esta última catástrofe que garantiu a partir da extinção dos
dinossauros, a supremacia dos mamíferos, (em especial dos primatas), na
superfície do planeta. Senão os primatas teriam permanecido para todo o sempre,
sem se desenvolver. E o antepassado do homem não teria surgido como primata
bípede há 4,5 milhões de anos. O primeiro registro fóssil de um nosso
antepassado primata quadrúpede mais antigo, foi o “Purgatórius” com a idade de 70.000.000
(setenta milhões) de anos, este animal foi classificado como primata por, L.
Van Valen e R. E. Sloan em 1965.
Aqueles que se julgam imortais!
Ao permanecerem vivos por mais tempo
Se esbarram na barreira da velhice.
INTRODUÇÃO AO ASSUNTO VELHICE:
Na nossa existência, isto, em nossa sociedade moderna de humanos, num
tempo, somos “filhos de nossos pais”; noutro tempo, somos “pais de nossos
filhos”; e adiante, se tivermos tido sorte e, tivermos sido filhos do amor, seremos
“pais de nossos pais”.
12 * A IGUALDADE NA VELHICE:
Posso escrever muitas páginas sobre mim e, sobretudo sobre a minha
velhice, mas, creio que me bastará somente algumas, para me fazer entendido!
Farei isto para que os meus filhos e netos, e também para que meus amigos e
leitores, seus filhos e netos entendam e se acostumem com o “passar” natural
das pessoas idosas. Para que não sofram com uma coisa tão corriqueira como um
“passar”. A Morte é isso mesmo! Um PASSAR. Pois, somente “passamos”, passamos de
vivos para mortos, de ativos para inativos, de presentes para ausentes, de
mortais para imortais, pois a Morte nos imortaliza na lembrança dos que nos
amam. Passamos do mundo das realidades físicas sensíveis, para o mundo
imponderável das lembranças e das saudades. Num futuro não previsível, seremos,
portanto, somente atividades neuronais, (lembranças e memórias), nas mentes de nossos
entes queridos, e de nossos amigos e nada mais... Isto tudo temporariamente,
depois de, digamos, em dez gerações seremos (esquecidos completamente).
13 * AS NOSSAS NECESSIDADES DURANTE NOSSA VELHICE
Mas, alguns de nós, “quando pais já idosos”, quase sempre, antes de nosso
“PASSAR”, necessitamos da emblemática barra no Box do banheiro, da retirada do
tapete de nosso caminho, nestes casos e nesse passar de tempo, é que os filhos
tornam-se pais de seus pais, Eu vo-los afirmo, pois isso eu o presenciei. Numa
velhice avançada, os pais se vão antes de seus corpos, a sábia natureza os
protegem, tornando-os indiferentes e infensos às vicissitudes da vida,
principalmente na velhice avançada. Não nos ouvem, não nos vêem, não nos
entendem, nem mesmo sentem pudor, simplesmente, tornam-se indiferentes à
própria vida. Simplesmente, respiram seus últimos alentos e, vivem seus últimos
momentos... Com insuspeitada sabedoria, “sabedoria da própria natureza”, param,
se encasulando dentro do tempo. E simplesmente passam...
14 * NOSSOS SERES QUERIDOS SÃO NÓS MESMOS, DAÍ, O VAZIO QUE ADVÊM COM O
SEU PASSAR:
Mas, numa noite, na sala lá em casa. Minha mãe olhou pra mim
serenamente, e pude notar uma lágrima solitária rolar na sua face, aí, eu disse
para a amiga que cuidava dela, ela está chorando! Ao que a amiga retrucou, de
vez em quando parece que ela chora, mas são somente os olhos que fazem isto. Aquela
lágrima me deixou triste e impressionado por um longo tempo, sempre pensava! E
se Dilinha estivesse me reconhecendo! Só sei que ela se foi caladinha naquele
sábado, sem dar um ai, aquela ausência me tocou profundamente, deixando um
grande vazio dentro de mim. Em toda minha vida nunca tive um momento de emoção
tão grande o quanto aquele.
15 * NOSSAS CRENÇAS RELIGIOSAS E PARADIGMÁTICAS NÃO LEVAM EM CONTA QUE TODOS
SOMOS UM SÓ ORGANISMO:
Aqui não me refiro às nossas crenças religiosas, mas, estou a me referir
simplesmente ao quem chamamos de paradigma com relação à nossa concepção do
sistema chamado de “vitae”. Esperar não é relevante! Isto eu sei, mas, espero
que eu não dure o quanto Dilinha. Ela passou com 102 anos de idade. Ninguém é
só no planeta! Todos nós fazemos parte de um grande grupo de seres. A que
chamamos de humanidade. Sendo que todos nós de forma mais forte, mais íntima ou
pessoal fazemos parte de pequenos grupos de seres. A que chamamos de família. Isto
faz parte de nossa psiquê, faz parte da psiquê de todos os falantes do planeta.
Mas, isto não está inserido na nossa consciência, quanto ao nosso existir, quanto
ao nosso paradigma. Sendo nossa consciência do existir e o nosso paradigma
fruto do nosso aprendizado, da nossa vivência. E a nossa psique é inerente ao
“Ser” com relação a si próprio. Muito raramente possuímos interações
psicológicos com outros seres, parentes ou não, por mais próximo que sejam. Mas
não inerente ao “Ser” com relação a outro “Ser”. O que afirmo é que não temos
comunicação psicológica com outro “Ser”. Somos completamente independentes como
seres sencientes, como seres espirituais. A nossa psique é o que forma nossa
personalidade, que se resume em algo complexo do tipo, o id, o ego e o superego,
freudiano, ou seja, (nossa estrutura psicológica), que desaparecem com o nosso
passar. Nossa estrutura psicológica é formada, não nascemos com ela.
Diferentemente das coisas do instinto, que reputamos como coisas do espírito. Nosso
“eu”, nosso espírito nasce zerado. Quem primeiro estudou e propôs isso, e
denominou de “tabula rasa” foi Locke. Com o nosso passar resta somente nossa
memória do viver atual, somada a todas as nossas memórias anteriores, obviamente,
“de nossas outras vidas”, suporte maior da psicologia transpessoal do Dr. Stanislav
Grof. A grande dificuldade do “Ser” falante conhecer a si próprio advém da
leitura errada que ele faz de si próprio. Ora! A consciência não é inerente à
espécie “homo sapiens”, num tempo tal, ele a adquiriu, portanto o falante é
trino, sendo composto de 3 (três) seres: Um “Ser” material, um “Ser”
instintivo, e um “Ser” espiritual.
16 * ARTIGOS INTELIGENTES DE AUTORES DESCONHECIDOS. A CORAGEM E A
HUMILDADE DE APROVEITAR UM TEXTO DE OUTRO “SER”:
Vejam a adaptação que fiz deste artigo abaixo: escrito com maestria e
amor por alguém muito sensível e observador. Desconheço o nome do ilustre autor. – Que este autor seja relembrado e que seu
artigo seja reescrito por um tempo sem fim. Estas lições de amor dignificam a
humanidade como humanidade. Lançando um lampejo de esperança no futuro da
espécie como espécie.
17 * (TODO SER HUMANO
UM DIA FICA DEVAGAR E COM UM DEAMBULAR IMPRECISO)
Isto ocorre quando
aquele pai que segurava com força nossa mão já não consegue mais andar ou se levantar
sozinho. Isto passa a ser notado quando nosso pai, outrora firme e autoritário
decai e enfraquece de vez, ficando lento e indeciso, demorando o dobro do tempo
para se levantar da cadeira.
Notamos pesarosos que
nosso pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, e nos olha
assustado, e nos dá desculpas imprecisas sobre sua lentidão, só geme, agora, ir
do quarto para a sala torna-se uma maratona. Tudo se torna distante, tudo fica
muito longe.
Passamos a observar
isso, quando nosso velho pai, antes ativo e trabalhador, fracassa ao tentar
trocar sua própria roupa, e notamos que não mais se lembra dos seus remédios.
E nós, como filhos,
não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar amorosamente que somos
responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida
para morrer em paz e com dignidade. Lembremo-nos, de que podemos chegar à
condição atual de nossos pais, ao nos tornarmos idosos.
Todo filho que ama
seu pai. Torna-se pai de seu pai, quando na proximidade da Morte de seu pai já
idoso. Quando se tratar de nossa mãe, nosso pudor e não o dela, nos obriga a
contratar outras pessoas para cuidá-la.
18 * QUANDO A MORTE
SE APROXIMA DOS IDOSOS:
Na Morte dos pais,
todo pai é filho de seu filho, quando o amor os uniu na vida. Ou, quem sabe, a
velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última oportunidade de aprender
a última lição de amor. Nosso último ensinamento que eles nos dão. Nossa última
oportunidade de sermos filhos. Nesta fase podemos retribuir os cuidados que nos
foram prestados e dados ao longo de décadas, de retribuir o amor com o carinho
e com a paciência, o que nossos velhos pais, mais necessitam é de paciência,
paciência infinita e natural. Da mesma forma como adaptamos nossa casa para
receber nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, necessitamos
mudar a posição dos móveis para “criar” os nossos pais que se aproximam de seus
últimos dias. Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.
Seremos pais de
nossos pais na hora de pôr uma barra no Box do banheiro. A barra é emblemática,
a barra é simbólica, todos a colocam. A barra os protege de uma queda fatal, de
um escorregão, as barras dos vasos são as mais importantes, porque quando
idoso, sentar e levantar é um trabalhão.
Porque o chuveiro, outrora,
simples e refrescante, agora tudo é um risco, para os pés idosos de nossos pais
idosos, tudo é escorregadio, hoje eles tem os pés protegidos, pelos tapetes
antiderrapantes. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, poremos nossos
braços nas paredes, em todos os lugares necessários. A casa de quem cuida dos
pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados por
todos os lugares necessários, sob a forma de corrimões. Os acompanhantes devem
ser instruídos para não abandoná-los por nenhum momento.
19 * A GRAVIDADE É
INIMIGA DOS IDOSOS:
Pois envelhecer é
andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem
degraus. Tudo é difícil.
Quando idosos seremos estranhos em nossas residências. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais envelheceriam e adoeceriam e, de que precisariam da gente?
Nós nos arrependeremos dos sofás no caminho de nossos pais, das estátuas e do acesso em caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e de cada tapete. O principal empecilho é o degrau. Tire todo traste do caminho em que seu pai idoso dará seus últimos e vacilantes passos... Pois, cada passo vacilante o levará para mais perto do seu último passo. Feliz do filho que é pai de seu pai antes da Morte de seu pai, e triste do filho que aparece somente na hora do seu enterro e não se despede um pouco cada dia. Portanto, vivam os últimos dias de seus pais! Como eles viveram seus primeiros dias de vida. Com o mais puro amor e dedicação...
Quando idosos seremos estranhos em nossas residências. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais envelheceriam e adoeceriam e, de que precisariam da gente?
Nós nos arrependeremos dos sofás no caminho de nossos pais, das estátuas e do acesso em caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e de cada tapete. O principal empecilho é o degrau. Tire todo traste do caminho em que seu pai idoso dará seus últimos e vacilantes passos... Pois, cada passo vacilante o levará para mais perto do seu último passo. Feliz do filho que é pai de seu pai antes da Morte de seu pai, e triste do filho que aparece somente na hora do seu enterro e não se despede um pouco cada dia. Portanto, vivam os últimos dias de seus pais! Como eles viveram seus primeiros dias de vida. Com o mais puro amor e dedicação...
20 * A INTUIÇÃO É
NOSSA ÚLTIMA COMPANHEIRA:
Independentemente de
que os seus sentidos estejam ativos ou não! Os idosos sentem a presença dos
filhos, da mesma forma que as mães sentem a Morte dos filhos, mesmo quando estas
ocorrem em distantes campos de batalha.
21 * O EXEMPLO:
Meu amigo José Klein
acompanhou o seu pai até seus derradeiros minutos. No hospital, a enfermeira
fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou
de sua cadeira:
– Deixa que eu ajudo!
Reuniu suas forças e
pegou pela primeira vez seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus braços
o pai consumido pelo câncer, sentiu seu arfar vagaroso, seu corpo pequeno,
enrugado e frágil, tremendo.
Ficou segurando-o por um tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável, equivalente a toda sua existência. Embalou o pai de um lado para o outro. Aninhou o pai. Acalmou o pai. E apenas dizia, sussurrando: – Estou aqui, estou aqui, meu pai! Sua quietude, e seu semblante sereno, dizia silenciosamente ao filho amado que ele estava pronto para partir e, que estava partindo... O que um pai quer sentir no fim de sua vida, é apenas que seu filho está ali.
Ficou segurando-o por um tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável, equivalente a toda sua existência. Embalou o pai de um lado para o outro. Aninhou o pai. Acalmou o pai. E apenas dizia, sussurrando: – Estou aqui, estou aqui, meu pai! Sua quietude, e seu semblante sereno, dizia silenciosamente ao filho amado que ele estava pronto para partir e, que estava partindo... O que um pai quer sentir no fim de sua vida, é apenas que seu filho está ali.
22 * NINGUÉM SABE DE NADA, QUANTO AO QUE ACONTECE
DEPOIS DA MORTE! PRINCIPALMENTE AS RELIGIÕES:
Segundo o Dr. David Barrett existem mais de 10500 (dez mil e quinhentas) religiões
na Terra, selecionamos as 11 (onze) que são consideradas as mais importantes,
as 11 com maior número de membros. Alguns dados abaixo sobre a Morte e as
religiões são do professor de Teologia: Silas Guerrero, do departamento de
Ciências das Religiões da PUC-SP. Outros
são da Wiki. Utilizei também o Boletim
Internacional de Pesquisa Missionária, preparada pelo Dr. David Barrett, onde
ele lança um olhar detalhado sobre a situação religiosa no mundo a cada ano.
Barret é um conhecido professor de “missiometria” da Universidade Regent. Os
estudos deste pesquisador encontraram mais de 10500 (dez mil e quinhentas)
religiões no planeta. Mas, podemos deduzir que a imensa maioria destas
religiões estão estribadas nas crenças “quanto a vida depois da Morte”, destas
11 (onze) principais religiões.
O que temos adiante e um resumo das
crenças das 11 (onze) principais, (quanto ao número de seus adeptos), existentes
atualmente em todo o planeta: Sendo a ordem abaixo aleatória.
23 * A MORTE NO CANDOMBLÉ:
Os candomblesistas acreditam que cada pessoa
tem um destino e um dever na Terra que deve ser cumprido antes da Morte. E que:
a pessoa que já cumpriu seu dever passa para outra dimensão, permanecendo com
outros espíritos, os orixás e guias, trabalhando com as forças da natureza
existente entre a Terra (Aiyê) e o céu (Órum). Se a pessoa morrer e não tiver
ainda cumprido seu dever, ficará vagando, podendo perturbar negativamente os
mortais. Como esses espíritos ainda não se realizaram, eles podem reencarnar
para tentar cumprir seu dever. È de se observar, que eles, os candomblesistas
não acreditam na evolução do espírito.
24 * A MORTE NO JUDAÍSMO:
Jane Bichmacher de Gusmam, fundadora e ex-diretora do programa de
Estudos Judaicos da Universidade
Estadual doi Rio de Janeiro (UERJ), explica que os judeus enxergam a vida como
um corredor que conduz o homem à Morte, um mundo em que ele é julgado, chamado
Olám ha-bá. Contudo não se conhecem as suas descrições. Segundo o professor
Silas Guerrero, da PUC-SP, assim como para os católicos, existiria céu e
inferno depois da Morte.
Jane explica que a Morte é considerada um fim pelos judeus, apesar
de outras doutrinas acreditarem na reencarnação. Por isso, os familiares do
morto fazem uma série de rituais para confortar e manter a honra do parente
falecido. Existem três períodos de luto depois do enterro: Shivá, os sete dias
que se seguem ao enterro. Shioshim, os 30 dias que transcorrem desde o fim, e o
Deshivá, em que até o 30º dia depois do enterro os enlutados não assistem a
festas, não se casam e homens não se barbeiam.
25 * A MORTE NA CIENTOLOGIA:
As religiões sempre dão frutos novos, a religião da Cientologia é
uma das mais modernas. Alguns de seus membros mais ilustres são: John Travolta,
Juliette Lewis e Tom Cruise, parece coisa de filme, mas, não é! Esta religião moderna
crê que: há 75 milhões de anos, dezenas de planetas se reuniam numa espécie de
confederação das galáxias”, governada
por um líder malígno. Xenu que teria segregado bilhões de espíritos de seus
habitantes para a Terra. Com isso, cada habitante da Terra hoje seria uma
reencarnação desses extraterrestres, que são imortais através da reencarnação
eterna. Lafayette Ronald
Hubbart (1911-1986), fundador da cientologia, no livro Rediscovery of the Human
Soul. Esta religião não é uma das maiores, mas, é umas das mais novas e
diferentes, suas crenças estão fundamentadas no moderno paradigma humano.
26 * A
MORTE NO CATOLICISMO:
Os
católicos acreditam que o espírito seja eterno, e que só existe uma Morte,
sendo que todos os católicos aguardam o juízo final, mesmo depois de mortos.
Assim os que morreram católicos logo após Cristo, já esperam a quase 2000 anos.
E só depois do juízo final irão para o céu, para o purgatório ou para o
inferno. Isto, conforme o merecimento de cada um.
A Morte
no Islamismo:
Para
o islamismo, Você está somente se preparando para outra existência, que vai
começar depois da sua Morte. Essa existência pode ser no céu ou no inferno,
cabe a Alá julgá-lo.
Silas
Guerrero, do departamento de Ciências das Religiões da PUC-SP. Conta que, quando a pessoa morre, começa o primeiro dia da
eternidade e a espera pelo dia da ressurreição , quando será julgada por Alá.
No Alcorão, o inferno é descrito como um lugar preto e com fogo ardente, onde
os desobedientes Serão castigados eternamente. Já o paraíso é descrito
como um local com rios de leite e córregos de mel e outros atrativos, como 72
virgens e 80 mil servos ao dispor dos homens.
27 * A MORTE NO HINDUÍSMO:
A visão hindu da vida após a Morte está baseada
na reencarnação. Para os hinduístas, a Morte pode significar a passagem do
espírito para o corpo de outra pessoa ou animal, dependendo das ações em vida.
Ou o alcance da libertação final (Moksha). Até lá, passamos continuamente por Mortes
e renascimentos (Roda de Samsara). A pessoa que consegue se libertar, retorna
ao verdadeiro lar, que é um mundo iluminado onde não existem Mortes ou
nascimentos.
A diferença do hinduísmo para o budismo é que a
reencarnação não é vista como algo positivo, e sim negativo. “Eles acham que a
reencarnação é uma chance de se tornarem melhores. Eles querem se livrar
disso”, diz Guerrero. Para conseguir, o espírito precisa passar por 14
(quatorze) níveis planetários distintos (Bhuvanas) dentro da existência
material. Silas G.
28 * A
MORTE NA UMBANDA:
A
religião Umbandista acredita e prega que após a Morte nós vamos para sete
mundos espirituais, regidos por orixás, que são entidades divinas. Eles
explicam o universo por meio de sete linhas, representando cada linha um ciclo
de evolução. Onde o espírito evolui, podendo reencarnar novamente, quando o
espírito alcança evolução torna-se espírito protetor, quando não alcança
torna-se perturbador.
29 * A
MORTE NO ESPIRITISMO:
Já
para o espiritismo de Alan Kardec o espírito evolui e não morre, mas, supera a Morte
sendo eterno, e conforme seu carma, que é a ”lei de causa e de efeito”,
reencarna logo ou não, mas, todos os espíritos dos que acreditam e dos que não
acreditam (portanto de toda humanidade), alcançarão a completa evolução
espiritual. Depois todos alcançarão a plena evolução espiritual. Então, todos
alcançarão uma espécie de nirvana ou casa celestial espírita. Estes comentários
de nº 29 não são do Silas Guerrero.
30 * A MORTE NO BUDISMO:
Ainda segundo o professor Silas Guerrero, o
budismo prega o renascimento ou a reencarnação da alma. De acordo com eles,
após a Morte, o espírito volta em outros corpos, subindo ou descendo na escala
dos seres vivos, sendo a mais baixa de animais e a mais alta de homens, de
acordo com sua conduta.
“O ciclo de reencarnação permanece até que o
espírito se liberte do carma”. Dependendo do seu carma, a pessoa pode renascer
em seis mundos distintos: reinos celestiais, reinos humanos, reinos animais,
espíritos guerreiros, espíritos insaciáveis e reinos infernais. Depois de
resolver seu carma, as pessoas atingem a Terra pura, ou Nirvana, que é um local
de paz e sabedoria, para isso a pessoa precisa se desapegar de coisas
materiais.
31 * A MORTE NO PROTESTANTISMO:
O Protestantismo fundado por Lutero e Calvino, diferentemente
das outras religiões, não acreditam na evolução do espírito, mas sim, que
depois da Morte todos ficarão aguardando a volta do Senhor Jesus Cristo, quando
serão arrebatados em vida, juntamente com os da mesma crença, que morreram
antes da vinda do Senhor Jesus.
32 * COMENTÁRIOS
SOBRE A MANEIRA DE VER A MORTE DAS DIVERSAS RELIGIÕES:
Tomamos
conhecimento no decorrer desta pesquisa sobre a Morte, que no mundo religioso
há muita pouca concordância entre as religiões sobre o que se passa depois da Morte
dos seres humanos. Todas as religiões do planeta acreditam firmemente que suas
crenças são únicas e verdadeiras, Não faria sentido para estas mesmas religiões
acreditarem nas crenças das outras religiões. Como cada religião acredita simplesmente
que somente elas estão certas e que todas as outras estão erradas! Podemos
deduzir logicamente que toda a humanidade irá para o inferno! E “cest fini”. Não
há a mínima possiblidade de que todas as religiões estejam certas sobre esta
questão do que acontece conosco após a Morte. Temos que enfrentar o fato, de
que mesmo somente uma delas estando certa! Todos os praticantes das outras irão
inescapavelmente para o inferno o que representa quase toda a humanidade... E
agora como ficamos? Salvo se a crença religiosa certa sobre a morte for a do espiritismo.
Pois, esta crença propõe que todos os espíritos, (indiscriminadamente), evoluem.
Portanto
quanto ao destino do homem depois da Morte, nada mais temos a comentar com
respeito a visão religiosa.
33 * UMA VISÃO CIENTÍFICA QUE ESTÁ CONCORDE
COM O ESPIRITISMO:
O que nos acontece após a Morte sob a mais
amena visão da ciência. Veremos agora o que
nos diz a ciência médica:
Quando morreu pela primeira vez, em 1993, o empresário americano
Gordon Allen estava a caminho da UTI. Havia sofrido uma parada cardíaca
momentos antes. Seu sangue deixou de fluir, a respiração se deteve, o cérebro
apagou. Mesmo assim, ele sentiu algo. "Fui transportado para fora do corpo
e comecei a viajar. Não senti dor, apenas leveza. Vi cores maravilhosas, que
não existem na Terra", recorda Allen no site da fundação que leva seu
nome. Os médicos o ressuscitaram com um desfibrilador.
Assim como Gordon Allen, milhares de pessoas que tiveram Morte
clínica foram trazidas de volta. "Há uma semelhança incrível nos
relatos", diz Maria Julia Kovács, coordenadora do Laboratório de Estudos
sobre a Morte da USP. "Muitos dizem ter visto um túnel e uma luz branca.
Outros veem uma imagem de Deus." Os relatos também incluem encontros com
parentes mortos e a sensação de estar fora do corpo. São as chamadas “Experiências
de Quase-Morte” (EQM). A explicação mais aceita é que se trata de alucinações,
causadas pela falta de oxigênio no cérebro. Um estudo feito em 2010 pela
Universidade George Washington monitorou o cérebro de sete pacientes terminais.
Em todos os casos, a atividade cerebral disparava logo antes da Morte. Isso
supostamente acontece porque, conforme os neurônios vão morrendo, perdem a
capacidade de reter carga elétrica - e começam a descarregar numa sequência
anormal, que poderia provocar alucinações.
O intrigante é que, durante a EQM, às vezes a pessoa vê coisas que
realmente aconteceram - e que ela, em tese, não teria como saber. "Muitos
pacientes dizem ter se encontrado com um parente que ninguém sabia que havia
morrido. Nem o próprio paciente. Por exemplo, um tio que morreu minutos antes
de o paciente ter a EQM", disse o psiquiatra Bruce Greyson, da
Universidade da Virgínia, num seminário realizado em Nova York. "Outras
pessoas contam coisas que se passavam na sala do hospital [enquanto elas
estavam mortas]". Mas como explicar que os pacientes estejam conscientes
mesmo sem atividade cerebral? Depois de acompanhar 344 sobreviventes de paradas
cardíacas, dos quais 18% tiveram EQM, o médico holandês Pim van Lommel criou
uma teoria a respeito. "A consciência não pode estar localizada num espaço
em particular. Ela é eterna", diz. "A Morte, como o nascimento, é
mera passagem de um estado de consciência para outro." Ele reconhece que
as pesquisas sobre EQM não provam isso, mesmo porque as pessoas com EQM não morreram
- só chegaram muito perto. "Mas ficou provado que, durante a EQM, houve
aumento do grau de consciência. Isso significa que a consciência não reside no
cérebro, não está limitada a ele", acredita. - (Este último parágrafo está
de acordo com a teoria da ressonância mórfica do Dr. Rupert Sheldrake, Movér).
34 * A Morte para uns é um pesadelo e tristeza, para outros é
motivo de chacota e risadas, existem seres humanos que não dão a mínima para
Thánatos: Eis um diálogo com a Morte na forma de conto, do poeta de Poções
Florisvaldo Rodrigues.
35 * Diálogo do Boêmio
com a Morte! A negociação...
A
vida de um Boêmio é como um sonho dentro de outro sonho ou um pesadelo dentro
de outro pesadelo. Depois de uma boa farra, a vida torna-se uma mistura de
ficção e de realidade, ou de coisas reais e abstratas, de quimeras, ilusões e
esperanças, quase sempre não realizadas.
A
morte, sempre será sua companheira nas noites de insônia.
O
Boêmio é um ser ímpar! Sempre protegido “unicamente” pelo seu parceiro
universal que também é poeta, (Deus). A crença de que: “Deus protege os loucos
e os bêbados” é antiga e inabalável. E parece ser verdade, Deus conhece suas
fragilidades e seus corações desprovidos de maldade.
O
mundo através dos tempos vem sendo desafiado pelas doenças! O homem com sua
frágil ciência vem travando grandes batalhas com a morte, ganha umas e perde
outras. E tudo leva a crer que a muquirana tem se esquecido dos boêmios, dos
poetas e dos velhos, que estão vivendo cada vez mais.
Num
passado não muito distante a falta de higiene deu origem a verdadeiros monstros
a que chamavam de pestes ou epidemias, como a lepra ou hanseníase, as famosas
pragas da Europa medieval, e outros tipos de pestes e gripes, que quase
devastaram com a humanidade na época. Hoje a ciência do homem reconhece que a
maioria destes males tem origem na ingestão da carne e da convivência com os
animais hospedeiros das pestes. Só que o homem nunca parou de matá-los para
saciar sua fome...
No
final do mês de maio de 2010 me preparei para vacinar contra a gripe, isto,
numa sexta-feira. Mas, como na quinta tinha tomado um porre dos diabos, já
amanheci com o vírus da gripe H1N1 ou influenza A, e não pude ir vacinar. Na
noite de sábado a situação se complicou e eu não pude mais respirar. Aí,
comecei a falar com Deus pedindo socorro e perdão pelos meus pecados. Para
minha surpresa! Quem estava em pé na beira da minha cama! Ela mesma, a Morte
com sua foice na mão! Estremeci-me todo, levantei, depois calmamente sentei na
cama e perguntei a ela: O que você quer? Ela respondeu, dizendo: - Vim atender
teu chamado e levantou a estrovenga, rápido, agarrei o seu braço com força e
perguntei: - E o nosso trato de eu viver até os oitenta anos? Você não vai
cumprir? Ao que ela respondeu! Quem
quebrou o trato foi você, que está fazendo tudo que pode e que não pode –
fumando, bebendo, perdendo noites e achando que ainda é um menino. Respondi em
cima da bucha! Eu não Senhora: Trato é trato. Eu ainda preciso cuidar de meus
filhos e de meus netos, e do meu amor que está aqui dormindo ao meu lado!
Ao
que ela respondeu: Está tudo bem! Vou te dar mais uma chance, por causa dela;
que mesmo sabendo que tu não presta ainda te ama, pois, quanto mais ela te ama,
mais ela vai sofrer. Mas, tem uma coisa!!!... Vais ter que deixar o cigarro e
as extravagâncias! Não chega o teu tempo de juventude? Ao que eu respondi de
pronto! Combinado! Só que agora quero mais dez anos, quero chegar aos noventa
anos, certo? – ela disse: Esse trato não é comigo, é com aquele que te criou e
a quem tu pedes socorro quando me aproximo de ti, e já foram muitas vezes que
ele te salvou! Já te esqueceu? -
Negativo lembro-me de tudo: Ao que ela retrucou: - Agora vou indo que tem um
avião caindo com mais de quatrocentos passageiros na Líbia, depois falaremos de
novo. Até breve, - eu aliviado, respondi com veemência: - Até breve coisa
nenhuma, esqueça que eu existo. Ela botou a estrovenga no ombro e disse:
Veremos...
Este
papo com a velha da foice não podia deixar de ser registrado para lembrar de
que no mundo tudo é possível e de um tudo há! E olhe que este não foi o nosso
primeiro encontro.
E de
que, nada é impossível para Deus, que sempre está disposto a ajudar seus
parceiros preferidos, os Poetas Boêmios.
Florisvaldo
Rodrigues. O Poeta dos Sonhos
Vitória
da Conquista - Bahia, início do outono de 2010
36 * O
MEU OU TALVEZ, O NOSSO ENTENDIMENTO DA VIDA:
A
vida é tão somente o entendimento da vida que adquirimos na vida e do universo,
este entendimento é o que chamamos de nosso paradigma, que por sua vez molda
nossa existência, e nada mais somos que isso. Eis porque todos os seres “aparentemente”
são desiguais, embora sendo iguais e únicos. Na realidade suas visões da vida é
que são desiguais...
37 *
TRANSCRIÇÃO DE UMA TEORIA QUE NOS TRAZ ALGUMA ESPERANÇA:
Teoria quântica, de múltiplos universos, e o
destino da consciência humana após a morte (Biocentrismo), por
Robert Lanza) 14/09/2014
s/d; acessado em 14 de setembro de
2014
Desde que o mundo é mundo discutimos
e tentamos descobrir o que existe além da morte. Desta vez a ciência quântica
explica e comprova que existe sim vida (não física) após a morte de qualquer
ser humano. Um livro intitulado “O biocentrismo: Como a vida e a consciência
são as chaves para entender a natureza do Universo” fez furor na Internet, porque continha uma
noção de que a vida não acaba quando o corpo morre e que pode durar para
sempre. O autor desta publicação o cientista Dr. Robert Lanza, eleito o
terceiro mais importante cientista vivo pelo New York Times, ele diz não ter
dúvidas de que isso é possível.
Além do tempo e do espaço
Lanza é um especialista em medicina
regenerativa e diretor científico da Advanced Cell Technology Company.
No passado ficou conhecido por sua extensa pesquisa com células-tronco e também
por várias experiências bem sucedidas sobre clonagem de espécies animais
ameaçadas de extinção. Mas não há muito tempo, o cientista se envolveu com
física, mecânica quântica e astrofísica. Esta mistura explosiva deu à luz a
nova teoria do biocentrismo que vem pregando desde então. O biocentrismo ensina
que a vida e a consciência são fundamentais para o universo. É a consciência
que cria o universo material e não o contrário. Lanza aponta para a estrutura
do próprio universo e diz que as leis, forças e constantes variações do
universo parecem ser afinadas para a vida, ou seja, a inteligência que existia
antes importa muito. Ele também afirma que o espaço e o tempo não são objetos
ou coisas mas sim ferramentas de nosso entendimento animal. Lanza diz que
carregamos o espaço e o tempo em torno de nós “como tartarugas”, o que
significa que quando a casca sai, espaço e tempo ainda existem.
A teoria sugere que a morte da
consciência simplesmente não existe. Ele só existe como um pensamento porque as
pessoas se identificam com o seu corpo. Eles acreditam que o corpo vai morrer
mais cedo ou mais tarde, pensando que a sua consciência vai desaparecer também.
Se o corpo gera a consciência então a consciência morre quando o corpo morre.
Mas se o corpo recebe a consciência da mesma forma que uma caixa de tv a cabo
recebe sinais de satélite então é claro que a consciência não termina com a
morte do veículo físico. Na verdade a consciência existe fora das restrições de
tempo e espaço. Ele é capaz de estar em qualquer lugar: no corpo humano, e no
exterior de si mesma. Em outras palavras, a consciência é não-local, no mesmo
sentido que os objetos quânticos são não-local. Lanza também acredita que
múltiplos universos podem existir simultaneamente. Em um universo o corpo pode
estar morto e em outro continua a existir, absorvendo consciência que migraram
para este universo. Isto significa que uma pessoa morta enquanto viaja através
do mesmo túnel acaba não no inferno ou no céu, mas em um mundo semelhante ao
que ele ou ela que tinha habitado, mas da mesma forma, vivo. E assim por
diante, infinitamente, quase como um efeito cósmico vida após a morte.
38 * VARIOS MUNDOS
Não são apenas meros mortais que
querem viver para sempre mas também alguns cientistas de renome têm a mesma
opinião de Lanza. São os físicos e astrofísicos que tendem a concordar com a
existência de mundos paralelos e que sugerem a possibilidade de múltiplos
universos. Multiverso (multi-universo) é o conceito científico da teoria que
eles defendem. Eles acreditam que não existem leis físicas que proibiriam a
existência de mundos paralelos.
O primeiro a falar sobre isto foi o
escritor de ficção científica H. G. Wells em 1895 com o livro “The Time
Machine“ (A Máquina do Tempo). Após 62 anos essa ideia foi desenvolvida
pelo Dr. Hugh Everett em sua tese de pós-graduação na Universidade de
Princeton. Basicamente postula que, em determinado momento o universo se divide
em inúmeros casos semelhantes e no momento seguinte, esses universos “recém-nascidos”
dividem-se de forma semelhante. Então em alguns desses mundos que podemos estar
presentes, lendo este artigo em um universo e assistir TV em outro. Na década
de 1980 Andrei Linde cientista do Instituto de Física da Lebedev, desenvolveu a
teoria de múltiplos universos. Agora como professor da Universidade de
Stanford, Linde explicou: o espaço consiste em muitas esferas de insuflar que
dão origem a esferas semelhantes, e aqueles, por sua vez, produzem esferas em
números ainda maiores e assim por diante até o infinito. No universo eles são
separados. Eles não estão cientes da existência do outro mas eles representam
partes de um mesmo universo físico. A física Laura Mersini Houghton da
Universidade da Carolina do Norte com seus colegas argumentam: as anomalias do
fundo do cosmos existem devido ao fato de que o nosso universo é influenciado
por outros universos existentes nas proximidades e que buracos e falhas são um
resultado direto de ataques contra nós por universos vizinhos.
39 * A ALMA
Assim, há abundância de lugares ou
outros universos onde a nossa alma poderia migrar após a morte, de acordo com a
teoria do neo-biocentrismo. Mas será que a alma existe? Existe alguma teoria
científica da consciência que poderia acomodar tal afirmação? Segundo o Dr.
Stuart Hameroff uma experiência de quase morte acontece quando a informação
quântica que habita o sistema nervoso deixa o corpo e se dissipa no universo.
Ao contrário do que defendem os materialistas Dr. Hameroff oferece uma
explicação alternativa da consciência que pode, talvez, apelar para a mente
científica racional e intuições pessoais. A consciência reside, de acordo com
Stuart e o físico britânico Sir Roger Penrose, nos microtúbulos das células
cerebrais que são os sítios primários de processamento quântico. Após a morte
esta informação é liberada de seu corpo, o que significa que a sua consciência
vai com ele. Eles argumentaram que a nossa experiência da consciência é o
resultado de efeitos da gravidade quântica nesses microtúbulos, uma teoria que
eles batizaram de “Redução Objetiva Orquestrada”. Consciência, ou pelo menos
proto-consciência é teorizada por eles para ser uma propriedade fundamental do
universo, presente até mesmo no primeiro momento do universo durante o Big
Bang. “Em uma dessas experiências conscientes comprova-se que o proto esquema é
uma propriedade básica da realidade física acessível a um processo quântico
associado com atividade cerebral.” Nossas almas estão de fato construídas a
partir da própria estrutura do universo e pode ter existido desde o início dos
tempos. Nossos cérebros são apenas receptores e amplificadores para a
proto-consciência que é intrínseca ao tecido do espaço-tempo. Então, há
realmente uma parte de sua consciência que é não material e vai viver após a
morte de seu corpo físico.
40 * OS MICROTÚBULOS DE HAMEROFF:
O Dr. Hameroff disse ao Canal Science
através do documentário Wormhole: (buraco de minhoca), “Vamos dizer
que o coração pare de bater, o sangue pare de fluir e os microtúbulos percam
seu estado quântico. A informação quântica dentro dos microtúbulos não é
destruída, não pode ser destruída, ele (o estado quântico), só distribui e se
dissipa com o universo como um todo.” Robert Lanza acrescenta aqui que não só
existem em um único universo, ela existe talvez, em outro universo. Se o
paciente é ressuscitado, esta informação quântica pode voltar para os
microtúbulos e o paciente diz: “Eu tive uma experiência de quase morte”. Ele
acrescenta: “Se ele não reviveu e o paciente morre é possível que esta informação
quântica possa existir fora do corpo talvez indefinidamente, como uma alma.”
Esta conta de consciência quântica explica coisas como experiências de quase
morte, projeção astral, experiências fora do corpo e até mesmo a reencarnação sem a
necessidade de recorrer a ideologia religiosa. A energia de sua consciência
potencialmente é reciclada de volta em um corpo diferente em algum momento e
nesse meio tempo ela existe fora do corpo físico em algum outro nível de
realidade e possivelmente, em outro universo.
E vocês o que acham? Concordam com
Dr. Lanza?
Grande abraço!
Indicação: Pedro Lopes Martins Artigo publicado
originalmente em inglês no site SPIRIT
SCIENCE AND METAPHYSICS - Existem imperfeições na tradução, ao
consultar o site acima, em inglês, você eliminará dúvidas por ventura
encontradas. Movér
41 * COMENTÁRIOS:
Esta
transcrição acima trás um novo alento aos que temem a Morte. Sendo os
cientistas citados expoentes da ciência atual. Trata-se de uma plêiade dos
maiores cientistas dando esperança de uma nova vida, após a Morte. Portanto,
Thántalos não existiria.
42 * RELATO
DE UM SUPOSTO CONTATO COM THÁNATOS:
Quando
comentei com um amigo que estava escrevendo um ensaio sobre a velha da foice,
ele me apareceu com este relato: Torno-o público com a permissão do mesmo, e conforme
ouvi.
Quando fiz
uma cirurgia de uma hérnia inguinal, - Vi a cara da Morte a rondar lá nas
alturas, como um urubu nos ares “urubuando” um cavalo doente. Seus olhos (da
Morte), cinzentos e graúdos literalmente comiam o equídeo terminal, que era
“eu”. Ela desceu planando e pairou sobre mim na sala de cirurgia, então, senti
um choque elétrico na altura do peito, Vi num relance os olhos sorridentes de
um médico vestido de verde. Nada mais vi! Segundo me contaram só acordei no dia
seguinte, e vivinho da silva.
- Este curto
relato, ouvi de uma pessoa amiga, já idosa. Mas, que vive permanentemente com
medo da Morte. Fiz ver ao meu amigo que, tal fato, talvez teria explicação na sua
profunda tanatofobia, (segundo me confessou). E que o mais provável é que seria
uma alucinação provocada pela ausência de oxigenação no cérebro causada pela
parada cardíaca, ou mesmo pelo excessivo medo da Morte. Gostei foi do seu neologismo
“urubuando”.
43 * UM
ESPÍRITA, ASSIM DEFINIU A VIDA:
A vida é como uma estrada principal, asfaltada que leva
a uma grande cidade. Onde iremos morar eternamente. Ao longo do percurso desta
estrada principal encontramos pequenas estradas de terra que levam a pequenas
cidades. Nós ao passarmos pela estrada principal, entramos ou não, nestas
pequenas estradas de terra e passamos alguns dias nestas pequenas cidades. A
estadia nestas pequenas cidades representam nossas vidas, nelas, adquirimos
experiências e polimos nossos espíritos, nos preparando para a chegada final na
grande cidade que se encontra no final da grande estrada asfaltada.
44 * Ora! Então! Deduz-se acertadamente, que nossa vida
real nada mais seria que uma grande viagem, com visitas a pequenas vilas, ou
seja, com idas e vindas pelo meio do caminho. Então! Boa viagem, e feliz progresso
espiritual, seguindo sempre em direção da meta final...
Desconheço o nome do espírita, que numa semana espírita
proferiu esta explicação há bem mais de vinte anos, aqui em Conquista.
45 * FINALMENTE:
A essência da realidade da Vida e da Morte nos foi, nos
é, e nos será negada e, portanto, desconhecida por um longo futuro. Falta-nos “EVOLUÇÃO
ESPIRITUAL” para compreendermos e percebermos esta realidade. (E o resto são “tertúlias
plácidas” para levar bovinos aos braços de Morfeu”). Ou seja, é tudo conversa pra
boi dormir.
Edimilson Santos Silva Movér
Vitória da Conquista - Bahia.
18/02/2016
O
RITUAL DA MORTE 061
Este pecador se
escondeu e não disse uma só palavra jamais,
A morte o levou para pagar todos os pecados
lá nos umbrais,
Aprendam a lição!
Oh! Vós loucos infelizes e que mais pecais,
Nem no alto dos
céus, nos fundos dos mares,nem dentro do chão vós vos escondais!
Deixai toda a
esperança oh! Vós que entrais!
A velha da foice bate na porta de uma igreja nos tempos
medievais,
Tum! Tum! Tum!
O clérigo responde de dentro da igreja,
-
Quem bate
Por três vezes!
A velha da foice
- Sou
eu, a morte, em busca de uma alma pecadora!
O clérigo
- És
tu, ingrata ceifadora?
Indiferentes escutamos o teu bater!
Siga em frente,
Bate em outra porta,
Oh! Andrajosa e vil mutiladora,
A velha da foice
- Não
se assustem!
Vós que cuidai “aquilo” com zelo,
“Aquilo” só vai depois de morta!
O clérigo
-
Estás cega? Não viste o sagrado selo?
Nesta casa não entrais oh! Asqueroso horror!
Passai ao largo peçonha maldita,
Este lugar é santo, não entrais aqui!
Este símbolo é o Santo dos Santos!
O que vedes na porta é o selo de David...
Aqui é terra sagrada temos o que fazer,
Nesta casa guardam-se os mandamentos do Senhor...
Use a tua foice nas adjacências!
Todos aqui ainda têm muito que viver,
Se dirija a outras paragens,
Ou serás condenada a pagar dez mil penitências.
A velha da foice
Tum! Tum! Tum!
O clérigo
-
Quem insiste em bater?
Aqui só estamos nós os homens do Senhor!
E um rico e respeitável fidalgo,
De veneráveis barbas, conosco a rezar!
Que quereis repetindo o teu bater?
A velha da foice
- Sei
que ele é um rico usurário,
E que a vós pagou, para o selo da sua religião
Em vossa porta estampar,
Vosso símbolo é a cruz,
E por isso um dia terás que pagar,
O clérigo
-
Isto é blasfêmia! Temos direito a dar nossa benção,
A todos, "indiscriminadamente"
"Independentemente" da sua religião!
A velha da foice
- Aí,
alguém se esconde sem ter o direito de se esconder!
Cumpro o meu dever!
Eu vim buscar o que me pertence,
Sem ao sagrado recinto querer ofender!!!
O clérigo
- Se
insistes tanto, alguma razão deves ter!
Diga o nome do pobre desvalido e sem sorte,
Quem viestes buscar e diga o por quê?
A velha da foice
- O
nome não importa mais! Quem o busca é a morte!
Para onde ele vai ninguém tem nome,
Lá o apelido dele será “aquilo” e nada mais!
Quero o velho barbudo que atrás da porta se esconde
Lá tem azeite quente e enxofre, ele não passará fome!
Estou esperando aqui fora!
Sei que aí não posso entrar!
Ainda bato mais três vezes!
Na primeira ele se deita,
Dê-lhe a extrema unção,
Na segunda ele sai sem o corpo, o corpo não quero não!
Na terceira a alma penada comigo vai
Pecador! Despojais a ti de toda esperança!
De agora em diante!
Chegou tua hora...
Não ouviste Dante?
O clérigo
-
Aguardai aí fora, peçonha maldita!
Vamos encomendar a alma do sofredor!!!
A velha da foice
Tum! Primeiro bater
-
Preparai bem este pecador,
Pra onde ele vai não há refrigério,
Eu só levo a alma, lá há somente dor!
Podem ficar com o corpo para o cemitério!
O clérigo
-
Tenha paciência coisa indecente!
Diremos uma missa para o pobre homem,
Ainda em vida e de corpo presente!
A velha da foice
-
Estas coisas já não importam mais,
Recebi ordens severas,
Tenho que levar o delinquente!
O clérigo
-
Estamos a encomendar a alma nos rituais,
Falta mil ladainhas, dois mil terços,
Cinco mil salve Rainhas,
Vinte mil esconjuros de frente pra trás!
São coisas que não acabam mais...
A velha da foice
Tum! Segundo bater
-
Escutei calada os xingamentos!
Os pecados dele não se paga com rituais,
Quero sem delongas os meus emolumentos....
Dessas coisas todas vós o dispensais!
O que ele fez, vai ter que acertar,
Não discutais comigo, oh! Vós da cabeça coroada,
E também vazia!
Não sabeis meu nome? Dante me elogiou!
E me chamou de Harpia!
O clérigo
- O
venerável homem está vivo! Assim não o podeis levar!
A velha da foice
- Não
o levo vivo
O corpo é pesado
Só levo a alma, esta vai comigo,
Os pecados dele não se paga com rituais,
Não tenho mais tempo e não espero mais,
Já
disse, fiquem com o corpo e o enterrai,
O que ele fez só se paga além dos umbrais,
Na terceira batida, ele comigo vai!
A velha da foice
Tum! Terceiro e último bater
E lá se foi a alma para as profundezas infernais...
Ranger de dentes, caldeirões de azeite quente,
Água fervente, espetos quentes e coisas e tais!
Puro sofrer, e nem um socorro para o pobre
vivente!
Vitória da Conquista, Ba. - 01 de março de 2007
Edimilson Santos Silva Movér
QUEM EU
SOU?
O Ser mergulha no mais profundo do seu eu e pergunta!
Quem sou?
Ao começar a entender a simplicidade contida na
complexidade da
existência, ele encontra
dentro de si, algumas sutis respostas!...
Nunca perguntaste a ti
mesmo! Quem sois?
Se com o teu “eu”! Tu
não te importas!
Arriscas a nunca ser nada e,
Nunca a ti mesmo
encontrar!
Indo viver qual
vegetal!
Se a ti não conheceres
Viverás como um
animal,
Sem nunca a vida
entender!
Ou como a espuma do
mar
Que existe sem se conservar!
Eu pergunto e não me
esmoreço,
E de mais coisas vou
indagar
Pelo que sou eu tenho
apreço!
Assim!
Eis o que creio que
sou!
Sou a centelha divina,
Sou minúscula parte da
vida,
Sou uma usina
pequenina,
Sou a fímbria do
infinito,
Sou a orla do absurdo,
Sou ao nascer! O
grito,
Sou o “Ser” mais
complexo que há!
Sou o nada absoluto,
Sou as helicóides do
meu DNA
Sou oriundo dos
cromossomos,
Sou a soma de dois
seres,
Sou o universo a
caminhar,
Sou muitos trilhões de
átomos,
Sou um “Ser” finito e
infinito,
Sou um “Ser” uno, duo e
trino a um só tempo,
Sou um “Ser” a viver
contrito,
Sou o monge do
convento,
Sou feito da água do
rio!
Sou feito do que
contém o granito,
Sou o tudo e sou o
nada!
Sou filho do Deus da
vida,
Sou feito do pó do
chão!
Sou feito disso e não
me esqueço não!
Sou este mundão sem
fim,
Sou a árvore na
floresta.
Sou o grilo lá no
jardim,
Sou o escorpião lá no
canto,
Sou o pasto na
campina,
Sou o pirilampo no
campo,
Sou mais uma criação
divina,
Sou um poeta de
improviso,
Sou invisível, pois
sou a ilusão,
Sou quem nunca perde o
siso,
Sou filho do fogo!
Sou de Deus a benção!
Sou filho de Gaia
Sou feito de sua
energia!
Sou o real e sou o
maya
Sou filho do gelo,
Sou a pura harmonia,
Sou filho do trovão,
Sou a pura rebeldia,
Sou as asas lá nos
céus,
Sou as pernas aqui na
terra
Sou as guelras no
oceano,
Sou o que Deus criou
de mais belo
Sou filho do homem!
Amém,
Sou a vida que tudo
encerra,
Nasci no ano da
guerra,
Sou filho de Onedino
Santos Melo,
E de Odília Maria da
Silva,
Sendo deles
descendente,
Trago comigo a
inteligência
Com que Deus os dotou,
Vivo e obedeço às
leis,
Que a divindade criou,
Devido a rotação da
terra,
Passo meus dias na
luz,
E as noites na
escuridão,
E por ser filho da
energia
Quem me mantém vivo é
a eletricidade!
Que faz bater meu
coração,
No final de tudo isso!
Simplesmente eu nada
seria...
Principalmente sem
Deus
Ou mesmo sem a razão!
Acredito num Deus
Cósmico
Sendo único, e
impessoal,
Sem o qual nada
existiria!
Meu Deus é
transcendental,
Sem Ele! Eu aqui não
estaria
Mas eu aqui estou!
Por isso pergunto e
digo! Quem sou...
Vitória da Conquista - Ba. 2007
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