E a Lava Jato pegou João Santana
Foi por acaso que as finanças suspeitas do marqueteiro do PT acabaram descobertas pela investigação do petrolão

No manuscrito enviado ao operador, a esposa do marqueteiro também anexou uma cópia, rasurada, de um contrato entre a offshore do casal, a Shellbill, e a offshore Kleinfeld. Monica rasurou mal o papel, o que permitiu aos investigadores descobrir os nomes que ela pretendia ocultar. Quatro meses depois, em junho, a Polícia Federal prendeu Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira, e apreendeu um gigantesco material na empresa. No meio, milhares de mensagens permitiram identificar, por exemplo, que a Kleinfeld era uma offshore usada pela Odebrecht. Na caixa de e-mails de um executivo da empresa, Fernando Migliaccio, foi encontrada também uma planilha que permitiu identificar que a Kleinfel fizera pagamentos a João Santana. Além do marqueteiro, chamado de “Feira” no documento, aparecem pagamentos também a o ex-ministro José Dirceu, chamado de “JD”.

ilícita no exterior. Desse montante, pelo menos US$ 4,5 milhões foram pagos por Zwi Zkornicki. Foram detectadas pelo menos nove transferências entre 25 de setembro de 2013 e 4 de novembro de 2014 de Zkornicki para a offshore Shellbill Finance, de Santana. Os investigadores concluíram que houve pagamentos durante a campanha eleitoral de 2014. João Santana também recebeu da construtora Odebrecht pelo menos US$ 3 milhões, entre 13 de abril de 2012 e 8 de março de 2013, também transferidos para a offshore Shellbill, mantida no Panamá. Para os investigadores, há evidências de que esse montante foi transferido em benefício do PT. As investigações revelaram que o marqueteiro utilizou R$ 3 milhões, recebidos da Odebrecht, para comprar um apartamento em São Paulo. O vendedor do imóvel foi pago com dinheiro transferido de uma conta mantida por Santana nos Estados Unidos.
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A operação contra Santana escancara mais um meandro do esquema de corrupção. Zwi Skornicki era representante da empresa Keppel Fels e chegou a ser preso temporariamente na 11ª fase da Lava Jato, no ano passado. As investigações continuaram desde então e ficou comprovado que ele fez pagamentos de propina para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e para os ex-gerentes Pedro Barusco e Eduardo Musa.
Na Operação Acarajé, foram expedidos 38 mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva, seis mandados de prisão temporária e cinco mandados de condução coercitiva. Até o momento, foram presos Zwi Zkornicki, Maria Lucia Guimaraes e Vinicius Borim. Maria Lúcia era secretária do grupo Odebrecht e Borim era representante de bancos de Antígua e Barbuda, que foram utilizados pela Odebrecht para pagamentos de propina. Permanecem foragidos João Santana e a esposa Mônica, Marcelo Rodrigues (ligado à Odebrecht), Benedicto Júnior (vice-presidente da Odebrecht) e Fernando Migliaccio (funcionário da Odebrecht). João Sananta e Monica Moura não foram presos porque estão na República Dominicana, onde trabalham na campanha à reeleição do presidente Danilo Medina.
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