PMDB gaúcho vai propor saída do governo Dilma
Encontro em Tramandaí definirá posições para convenção nacional | Foto: José Cruz / Agência Brasil / CP
A manutenção do apoio a Temer, que enfrenta uma série de resistências para permanecer no comando do partido, é uma saída pragmática encontrada pelo diretório gaúcho, que, ao mesmo tempo, tem parte de seus caciques trabalhando para se manterem “à distância” do vice-presidente. “Entre o Michel e o Renan (Calheiros, presidente do Senado), vão ficar com o primeiro, até porque o Renan é aliado da Dilma”, resume um dos líderes partidários integrante do grupo mais próximo de Temer e, no Rio Grande do Sul, historicamente rival do grupo integrado pelo presidente estadual da sigla, deputado Ibsen Pinheiro, e pelo governador José Ivo Sartori.
Temer, por exemplo, não deverá passar pelo RS na maratona de viagens aos Estados que fará a partir de 28 de janeiro para angariar apoios. Inicialmente, estava prevista a passagem por Porto Alegre, que foi alterada. Questionado sobre a alteração, o ex-ministro Eliseu Padilha (foto), conhecido por sua proximidade com o vice-presidente, informou apenas que Temer já esteve no RS em dezembro. Ele confirmou as visitas aos outros dois estados da região Sul: Santa Catarina e Paraná.
Outro sutil movimento feito pelo grupo do governador para marcar posição foi a mudança de postura em relação ao impeachment de Dilma. Sartori, que em dezembro havia declarado neutralidade, neste mês de janeiro, concedeu uma série de entrevistas afirmando que, até o momento, há apenas uma “questão orçamentária” que não justifica a abertura de um processo de impeachment.
A manobra, apontam parlamentares peemedebistas, foi feita para “isolar” lideranças como Padilha e os deputados federais Osmar Terra e Darcísio Perondi, que chegaram a trabalhar abertamente pela derrubada de Dilma e para que Temer assumisse em seu lugar.
Ibsen diz que carta de Temer foi erro
Os movimentos do grupo ligado ao presidente estadual do PMDB, Ibsen Pinheiro, visam “esfriar” qualquer possibilidade de o ex-ministro Eliseu Padilha ter uma ingerência mais direta no governo estadual. Inicialmente, o fato de o diretório nacional ter sido generoso com a campanha do atual chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, foi considerado por aliados do ex-ministro como uma forma de influência no Piratini. Biolchi, contudo, não teria correspondido às expectativas.
O grupo próximo a Padilha passou a trabalhar então com a possibilidade de que o deputado estadual Gabriel Souza, herdeiro político do ex-ministro, viesse a ocupar o cargo em uma eventual reforma do secretariado. Souza, porém, perdeu pontos após suas intervenções durante as votações da convocação extraordinária.
O grupo dos “históricos” do RS considera ainda a carta escrita por Temer à presidente Dilma Rousseff como um “desastre”. Quando o documento foi divulgado, em uma reunião da executiva e da bancada, Ibsen declarou que a carta era um erro e que a saída de Padilha naquele momento só piorava a situação. “Os movimentos passaram a ideia de que o PMDB estava na conspiração e o fato de estar ou não nela se tornou secundário. A melhor conduta de vice quem teve foi o Itamar: uma postura de absoluta discrição”, diz Ibsen.
Discrição semelhante à de Itamar o deputado adota quando questionado sobre as disputas internas do PMDB gaúcho. “As diferenças históricas não têm qualquer relevância neste momento.” Um dos interlocutores de Padilha é mais objetivo: “Todos sabem onde está o poder”.


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