Arábia Saudita executa 47 pessoas, incluindo importante líder religioso xiita
Retrato do clérigo xiita Nimr Baqir al-Nimr
A
Arábia Saudita executou neste sábado 47 pessoas condenadas por
"terrorismo", incluindo jihadistas sunitas da Al-Qaeda e o clérigo xiita
Nimr Baqir al-Nimr, uma importante figura do movimento de contestação
contra o regime, anunciou o ministério do Interior.
O
Irã, potência xiita cujas relações com a Arábia Saudita são tensas,
imediatamente reagiu às execuções, prometendo que Riad pagará "um preço
alto" pela morte do xeque Nimr al-Nimr.
"O
governo saudita apoia movimentos terroristas e extremistas, e ao mesmo
tempo utiliza a linguagem da repressão e a pena de morte contra seus
opositores internos (...) pagará um preço alto por essas políticas",
declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores,
Jaber Ansari.
O
sobrinho do xeque, Ali al-Nimr, menor de idade no momento da sua
detenção, não está entre os executados, que geralmente são decapitados
com sabre. Os
condenados - 45 sauditas, um egípcio, um chadiano - foram executados em
doze cidades do reino, indicou o ministério do Interior em um
comunicado oficial. Eles
haviam sido condenados, segundo as autoridades, por diferentes casos,
incluindo por ter aderido a ideologia radical "takfiri" (termo
geralmente utilizado para se referir a grupos radicais sunitas), por
juntar-se a "organizações terroristas" ou ter participado de
"conspiração criminosa".
O
xeque Nimr al-Nimr, de 56 anos, crítico ferrenho da dinastia sunita
Al-Saud, foi um dos líderes de um movimento de contestação que eclodiu
em 2011 no leste da Arábia Saudita, cuja população é majoritariamente
xiita. Esta comunidade, que está concentrada na Província Oriental, queixa-se de ser marginalizada neste país predominantemente sunita.
A execução do xeque poderia provocar fortes reações nesta região, segundo especialistas.
Para
o irmão do líder religioso, Mohammed al-Nimr, "esta ação provocará a
cólera dos jovens" xiitas na Arábia Saudita. "Espero que aja um
movimento de contestação pacífico", acrescentou.
Por
sua vez, o ramo estudantil da milícia Bassidji, ligada aos Guardiães da
Revolução, a unidade de elite das forças armadas iranianas, convocou
uma manifestação no domingo em frente à embaixada saudita em Teerã.
O
xeque Nimr tinha sido condenado à morte em outubro de 2014 por "motim",
"desobediência ao soberano" e "porte de armas" por um tribunal de Riad
especializado em casos de terrorismo.
Sua
prisão em julho de 2012 ocorreu de maneira turbulenta e dois dos seus
partidários foram mortos durante as manifestações que se seguiram.
"Sangue será derramado"
Entre
os executados neste sábado também estão jihadistas sunitas condenados
por envolvimento em ataques mortais reivindicados pela rede Al-Qaeda de
Osama bin Laden no final de 2003 e 2004.
A
lista inclui o nome de Fares al-Shuwail, que a imprensa saudita
apresenta como um líder religioso da Al-Qaeda na Arábia Saudita, preso
em agosto de 2004.
Em
2011, as autoridades sauditas montaram tribunais especiais para julgar
dezenas de sauditas e estrangeiros acusados de pertencer à Al-Qaeda e
de envolvimento em uma onda de ataques sangrentos (mais de 150 mortos)
no reino entre 2003 e 2006.
Foi
o atual príncipe herdeiro, Mohammed bin Nayef, que supervisionou a
repressão contra a Al-Qaeda e que sobreviveu a uma tentativa de
assassinato.
Em
1º de dezembro, o ramo da Al-Qaeda no Iêmen ameaçou "derramar sangue"
se as autoridades sauditas decidissem executar os jihadistas detidos.
"Nós
ouvimos falar de execuções, de que o governo dos Al-Saud pretende
praticar contra os irmãos mujahideens atualmente detidos. Nós nos
comprometemos a sacrificar nosso próprio sangue para salvá-los", afirmou
a Al-Qaeda na Península Arábica (Aqpa).



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