SOBRE
A “CARTA AO ANFRÍSIO”
DO GERALDO XAVIER
Edimilson
Santos Silva Movér
A propósito de um
PREFÁCIO morto da 'crônica de uma cidade morta', magistralmente recusado pelo
poeta Geraldo Xavier
Prezado
Geraldo, este teu curto texto é a tua cara...
Dizem
que somos o que pensamos que somos, mas, tem horas em que penso que somos mais
o que escrevemos do que o que pensamos, embora de vez em quando também pensemos
no que escrevemos! Porque, no geral escrevemos automaticamente e sem pensar, se
todos pensassem no que iam escrever, o mundo não estaria tão cheio de baboseiras.
Um filósofo de plantão e crítico tenaz dos escritores desprevenidos quis
argumentar com veemência, (comigo), que meus raciocínios nesta área estavam fora
do contexto, aí, me vi obrigado a apresentá-lo às 38 maneiras de vencer uma
argumentação “com ou sem ter razão”, do mestre
Arthur Schopenhauer. Só assim me vi livre por uns tempos do tal pensador
de “botequim”. Julgo que ele já conhecia as argumentações erísticas do filósofo
alemão. Na realidade este meu amigo é professor de filosofia de uma faculdade
daqui de Salvador, sendo muito inteligente. Mas, nem por isso sou obrigado a
concordar com ele. Nenhum argumento por mais razão que tenha, pode nos tirar o
direito de acharmos o que bem entendermos sobre o nosso “Ser”. Se a filosofia em
toda sua história tivesse chegado a um consenso sobre o que somos como seres,
ainda assim, não concordaria com meu amigo “filósofo”. Portanto, afirmo que
somos mais o que escrevemos que o que pensamos que somos. Nada retrata mais a alma
que alguns de nossos escritos. Aqui não fica implícito nem mesmo de forma
subliminar que as pessoas que nada escrevem sejam ninguém. Salvo aquelas
pessoas que não escrevem, por pensar que agindo assim, tornam-se anônimas e
desconhecidas, pois, estas são ninguém mesmo. Mesmo assim, julgo ser um direito
natural do homem escolher entre “ser um ilustre desconhecido ou uma pessoa notória
e pública”.
Sempre
que nosso amado e eternamente lembrado Geraldo Xavier aparecia no beco, eu não o
deixava sair sem antes me contar as últimas travessuras do “Robit”. Que não pude
conter as lágrimas que não possuía, de tantas saudades do Geraldo, nem pobre de
mim, que não soube como contê-las, mesmo não as possuindo mais... GX estas tuas
bem alinhavadas linhas escritas em um xis de um janeiro qualquer. Com certeza é
o retrato do teu espírito brincalhão, dotado de extrema perspicácia e sabedoria
no trato com as coisas do existir. Terminas a tua desaforada negativa de
escrever o prefácio dizendo: - e à sua irmã caçula, aquela
gostosa. O que me faz lembrar o epitáfio
aposto no jazigo de um poeta de uma cidadezinha do interior, escancaradamente
brincalhão, que dizia assim: Tá rindo de que! Estou te
esperando aqui...
Fostes
para o segundo andar na minha ausência, quem te autorizou? Pois, quando o poeta
e amigo Ricardo De Benedictis me avisou que tinhas pegado o elevador, eu me
encontrava em Salvador cuidando da saúde. Tu já fostes tarde!, Ou quem sabe,
muito cedo... nunca saberemos... Quem foi que te autorizou partir tão de
repente! Não fique triste, não demoro
muito por aqui, em breve estaremos juntos articulando umas traquinagens por
ai!!!... Se puderes me avise se aí tem um beco como o nosso para batermos uns
papos...
O
Geraldo nem deu trela pro tal prefácio, ele tinha e tem razão de ter ficado tão
indignado. Uma cidade morta!!!... Ora veja! Só queria saber, (para dar umas
porradas), quem é este escritor de meia
tigela, que queria impor ao criador de Robit a feitura do tal prefácio da
crônica de uma cidade morta, portanto, cheia de mortos, ou no mínimo, vazia de
vivos.
Tenha
certeza, para mim foi uma grande honra te conhecer, parece que é minha sina
conhecer pessoas maravilhosas por pouco tempo.
Meu
saudoso amigo Geraldo; não sei se o Anfrísio é tua criação, ou se é feito de cabelo,
pele, carne, osso, tutano e tudo mais, juro de pés separados que não sei! Pois,
as juras de pés juntos são feitas dentro dos envelopes de madeira. T’escunjuro!
Arma panteriosa...
Do mais
humilde e sincero dos teus amigos dos teus últimos dias.
A minha
opinião é de que este teu breve texto seria um excelente Prefácio para o livro
“CRÔNICA DE UMA CIDADE MORTA” e como seria!
Salvador,
10 de janeiro de 2013



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