Bolsa fecha em alta e dólar em queda depois de muitas oscilações durante o pregão
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em um dia cheio de oscilações, a Bolsa fechou em alta e o dólar em baixa nesta quinta-feira (16). Até o meio da tarde, o foco estava em indicadores econômicos no Brasil e nos Estados Unidos. Mas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acabaram chamando mais atenção dos investidores.
O Ibovespa fechou em alta de 0,31%, a 109.941 pontos. O dólar comercial à vista fechou em baixa de 0,19%, a R$ 5,209. A cotação chegou a atingir R$ 5,26 na máxima do dia.
Os juros futuros encerraram o dia mais próximos da estabilidade. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 caíram de 13,27% do fechamento desta quarta-feira (15) para 13,20% ao ano. O vencimento para janeiro de 2025 passou de 12,59% para 12,53%. As taxas para janeiro de 2027 avançaram de 12,86% para 12,87%.
Segundo apurou a Folha de S.Paulo, empresários que participaram de um jantar com Haddad, na noite desta quarta-feira (15), comentaram sobre a determinação do ministro em levar adiante sua agenda fiscal.
Para Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco, Haddad foi sereno, e mostrou firmeza sobre a importância de sinalizar soluções para a questão fiscal.
O presidente Lula voltou a adotar um tom crítico ao falar do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto .
"Como presidente da República, não interessa brigar com um cidadão que é presidente do Banco Central e que eu pouco conheço. Eu vi ele uma vez. A única coisa que eu quero é que ele cumpra... Sabe, se ele topar, quando eu for levar o meu governo para visitar os lugares mais miseráveis desse país, eu vou levá-lo para ele ver. Ele tem que saber que a gente nesse país tem que governar para as pessoas que mais necessitam", afirmou o presidente em entrevista à CNN.
Na manhã desta quinta, foi divulgado o IBC-Br, índice de atividade econômica medido pelo Banco Central. Em todo o ano passado, o indicador apresentou aceleração de 2,9%. Mas no quarto trimestre, houve uma retração de 1,46% na comparação com o terceiro trimestre.
Para os analistas do Bank of America, a tendência desaceleração vista no segundo semestre de 2022, como resultados dos juros altos, deve se acentuar em 2023.
O banco americano espera que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) oficial, a ser divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa) fique em 3,25% no ano passado. Para este ano, a expectativa é que a economia avance 0,90%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira que o valor do salário mínimo será de R$ 1.320 e que a isenção do Imposto de Renda subirá para R$ 2.640 - o que corresponde a dois salários mínimos. Lula ainda disse que a faixa de isenção será aumentada progressivamente.
Para Tiago Sbardelotto, economista da XP, mesmo com o aumento gradual na faixa de isenção do IR, a medida esbarra em restrições fiscais, e para viabilizá-la, o governo terá que revisar benefícios e isenções.
Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos, aponta que as sinalizações de estímulo à economia pelo governo chinês impulsionou ações de empresas produtoras de commodities, especialmente aço e minério de ferro.
As ações ordinárias da Vale fecharam em alta de 0,21%, com o mercado à espera da divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2022, na noite desta quinta. As ações ordinárias da CSN e preferenciais da Gerdau subiram mais de 1%.
Os bancos também fecharam em alta, com o noticiário sobre as negociações com os acionistas de referência da Americanas. A proposta da varejista envolve uma injeção de R$ 7 bilhões por estes acionistas, além de recompra de R$ 12 bilhões em títulos emitidos e a conversão de R$ 18 bilhões em capital ou dívidas subordinadas.
As ações preferenciais do Bradesco, grande banco mais exposto à Americanas, subiram quase 2%. As preferenciais do Itaú Unibanco fecharam em alta de 0,74%.
Nos Estados Unidos, continua a preocupação dos investidores com dados que mostram uma atividade econômica ainda aquecida, mesmo com as recentes altas de juros.
Esta dinâmica, segundo analistas, dificulta o controle da inflação e pode levar o Fed (Federal Reserve, banco central americano) a continuar em uma linha mais dura de política de juros.
Nesta quinta-feira, foi divulgada a inflação da indústria nos Estados Unidos, com avanço mensal de 0,7% em janeiro, maior alta desde junho do ano passado.
Além disso, os pedidos de seguro-desemprego ficaram em 194 mil nesta semana, ante a expectativa de de que o número atingisse os 200 mil pedidos.
"Nesta conjuntura, os dados divulgados recentemente não mudaram minha visão de que vamos precisar elevar os juros para níveis acima de 5%, e manter assim por um tempo", disse Loretta Mester, presidente do Fed de Cleveland.
Com isso, os índices de ações em Nova York fecharam em baixa. O Dow Jones recuou 1,26%. O S&P 500 caiu 1,38%%. E o Nasdaq fechou em queda de 1,78%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário