segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

RICARDO DE BENEDICTIS - CRÔNICA

NÃO AOS VÂNDALOS!

Ricardo De Benedictis

O dia 8 de janeiro fica marcado no Brasil como um grave atentado à Democracia. É verdade. E esta verdade nos incomoda quando convivemos numa época em que uma pessoa ou outra é capaz de tomar atitudes arbitrárias e não é punida. Quem sabe, o Senado não seja um dos principais culpados por tanta transgressão à nossa Constituição?

Nos posicionamos contrários aos vandalismos e achamos que os envolvidos devam ser processados e se provada sua culpa, punidos, na forma da Lei.

Vamos aos fatos:

Há dias vinha esperando que algo acontecesse em Brasília com a formação de centenas, para não dizer, milhares de pessoas acampadas na porta do Quartel General do Exército, enquanto através das redes sociais havia informações, desinformações e contra-informações à rodo.

Alguma coisa deveria sair de mais de um mês de esforço concentrado por tais pessoas em todo o Brasil, mas que toma vulto no DF, onde se concentram os poderes da República. E até então, 8 de janeiro de 2023, aquele entra e sai de manifestantes se mantinha inalterado.

Acontece que neste final de semana chegou uma leva de dezenas de ônibus oriundos de vários estados e com destino a capital federal. E neste domingo à tarde, quase como um ensaio de escola de samba, centenas de pessoas seguiram para a esplanada e para a praça dos Três Poderes, centro nevrálgico do Poder. Coincidentemente, os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo encontravam-se quase vazios, dado o domingo, e totalmente ou parcialmente desguarnecidos. E isso deu a senha para alguns extremistas de direita, outros tantos infiltrados de esquerda e vândalos, realizassem a invasão dos prédios em questão, destruindo e trazendo enormes prejuízos ao país, seja do ponto de vista patrimonial, histórico-cultural, e até do ponto de vista moral, bem como da violação da integridade de casas que deveriam ser inexpugnáveis, pois representam os Poderes Constitucionalmente elencados em nossa Carta Magna.

A quem atribuir a responsabilidade? Ao governador e ao secretário da segurança pública do Distrito Federal, à Polícia Militar de Brasília, aos órgãos de segurança interna das casas invadidas? Afinal, aos domingos é normal que a segurança destes locais seja desprezada?

A História vai dizer, hoje ou amanhã, quem foram os responsáveis ou os irresponsáveis.

Lula disse em Araraquara que nunca havia acontecido isso no Brasil. Não é verdade. Em 2014 houve algo semelhante quando os ‘Sem terra’ invadiram os prédios públicos e o chefe da casa civil de Dilma, Gilberto Carvalho, atribuiu ao elemento surpresa, e tantas outras vezes em que invadiram os salões do Congresso Nacional e o governo de então colocou panos quentes sobre os culpados. Ninguém foi preso, ninguém foi sentenciado. E os quebra-quebra em São Paulo, Rio de Janeiro, etc entre 2014 e 2017, já esqueceram? Onde estão os culpados? E o cinegrafista da TV Band Santiago Ilídio Andrade, de 49 anos que foi morto com um rojão na cabeça, pelas costas, enquanto gravava a ação dos blackblocks no Rio, em 10 de fevereiro de 2014? E os mais de 30 dias que a Assembleia Legislativa da Bahia ficou invadida por integrantes da própria Polícia e ameaçaram explodir carretas na Rio-Bahia, já esqueceram? E as rebeliões nos presídios em todo o país com centenas de mortos, já esqueceram, também?

Por falar nisso, cadê o presidente tampão da Câmara dos Deputados, (que era vice de Eduardo Cunha, que foi preso pela Lavajato) então deputado maranhense Waldir Maranhão, que veio num avião com o atual Ministro da Justiça e fez um ofício fajuta para o presidente do Senado, em que anulava a sessão legislativa que afastou por impeachment a então presidente Dilma Vana Roussef, cujo ofício foi ignorado pelo Senado, já esqueceram? E a manobra ilegal do então presidente do Supremo, Ricardo Lewandowsky que impediu Dilma de ficar inelegível por 8 anos como manda o texto constitucional, ah, já esqueceram?

Que memória fraca, minha gente!

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