MPF apresenta denúncia contra magistradas por venda de decisões judiciais
Isadora Peron
Desembargadora
e juíza que atuam no TRT-5 teriam recebido propina para beneficiar
empresa O Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra duas magistradas que atuam no
Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5), que tem sede em
Salvador, sob a acusação de recebimento de propina para beneficiar um
grupo empresarial em um processo judicial. Além da desembargadora Maria
Adna Aguiar do Nascimento e da juíza do trabalho Marúcia Belov, outras
cinco pessoas foram denunciadas por participarem do esquema criminoso
que, segundo o MPF, funcionou entre 2015 e 2019. A acusação é pelos
crimes de corrupção nas modalidades ativa e passiva e de lavagem de
dinheiro. A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo pediu ainda
o afastamento das magistradas. O objetivo é evitar que utilizem o cargo
para intimidar testemunhas, comprometer a colheita de provas ou
prejudicar as pessoas que colaboraram para a elucidação dos fatos. De
acordo com a denúncia, entre outubro de 2015 e janeiro de 2016, quando
Maria Adna era presidente do tribunal, ela e sua juíza auxiliar
receberam vantagens indevidas para beneficiar o grupo empresarial FTC,
gerido pelo empresário Gervásio Meneses, que também foi denunciado. Em
novembro de 2014, o grupo firmou um acordo com seus credores em que
assumiu o compromisso de quitar, de forma parcelada, todo o passivo
trabalhista, à época estimado em aproximadamente R$ 96,8 milhões. O
acordo foi homologado judicialmente em primeira instância, mas 11 meses
depois, em outubro de 2015, ele foi repactuado após alegação do grupo
empresarial de que estaria enfrentado dificuldades financeiras. As
investigações revelaram que, mesmo após a homologação da repactuação, o
empresário ofereceu e pagou propina em troca de uma decisão judicial que
suspendesse o pagamento das parcelas. Conforme a investigação, foram
pagos pelo menos R$ 250 mil para que fosse decretada a moratória da
dívida mesmo contra a vontade da maioria dos credores.
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