PÂNICO, DEMAGOGIA E COISAS INEXPLICÁVEIS
Jeremias Macário
Não dá para tentar encobrir que o governo
chinês não foi culpado pela disseminação do coronavírus (Covid-19) no mundo,
que começou lá no final do ano passado. Por ser uma ditadura fechada, como
qualquer outra faria, os primeiros casos foram abafados e escondidos até quando
a situação fugiu de controle meses depois, e aí o vírus já havia feito um
rastro de destruição em várias regiões do pais e transportado para outros vizinhos
asiáticos.
Agora imagina se essa pandemia tivesse
acontecido durante a ditadura civil-militar no Brasil, especialmente nos anos
de chumbo do governo Médici (1969 a 74)! Certamente, por algum tempo, os
generais teriam confinado o vírus em seus quartéis, e a sociedade teria o
mínimo de informações. Mesmo assim, as notícias seriam censuradas. Naquele
tempo, muitos casos dessa natureza tiveram sua divulgação proibida para a
população.
E OS PAÍSES AFRICANOS?
Isso acontece em todas as ditaduras que, para
não comprometer a governabilidade, seus governantes carimbam esses
acontecimentos na lista dos arquivos de segurança nacional. Mal ou bem, estamos
numa democracia de tempos de redes sociais onde as notícias correm como
rastilho de pólvora, muitas das quais falsas, desencontradas, exageradas,
incompletas, inexplicáveis e até em forma de pânico e demagogia.
Todos os dias recebemos
um monte de notícias do coronavírus nos países europeus (Itália, França, Espanha,
Portugal, Inglaterra e outros), asiáticos (Japão, China, Malásia) e dos Estados
Unidos, mas nada com relação ao continente africano. Por lá o Covid-19 não
passou? Por que esses países são excluídos do noticiário?
SEM ESTARDALHAÇOS
“O número de contaminados
só faz crescer na Bahia” – diz em tom enfático uma repórter da TV. Isso em
termos psicológicos só causa pânico e mal-estar na população. Passa uma
sensação de terrorismo jornalístico quando a linguagem deveria ser outra.
Numa democracia, o
jornalismo precisa ser feito com responsabilidade e sem estardalhaços,
procurando ao máximo evitar o sensacionalismo em momentos críticos. Os
programas mais parecem um show de espetáculos. A profissão de infectologista
nunca esteve em alta.
Os apresentadores insistem
o tempo todo que as pessoas fiquem em casa, lavem as mãos com álcool e gel e
usem máscaras. Quase nada se fala que todos precisam se alimentar e têm outras
necessidades para sobreviver. Por acaso os governos vão levar comida e dinheiro
na porta de cada cidadão? Os pobres das periferias têm condições de comprar
álcool, gel e máscaras? A grande maioria passa fome e vive em barracos sem o
mínimo de saneamento básico. Isso o jornalismo não comenta e nem questiona.
Estamos chegando ao fim
do mês quando uma grande leva de aposentados precisa ir aos bancos para tirar
seu dinheirinho, para fazer a feira e comprar seus remédios. Vão proibir os
idosos de irem aos caixas para sacar seus benefícios? O governo vai mandar
levar o pagamento de cada um em sua casa?
O governador do Rio de Janeiro falou em
distribuir cestas básicas para desempregados, idosos e os mais pobres. Não
explicou como ele vai fazer isso. Vai montar um mutirão de funcionários com
caminhões de produtos higienizados para entregar em cada porta?Ele já mapeou
esse contingente, ou vai cadastrar cada um para receber os alimentos? Se for
fazer isto, com certeza haverá aglomerações de filas.
Muitas medidas anunciadas não passam de
demagógicas porque, não somente a União, mas a grande maioria dos estados está
quebrada sem recursos nem para bancar a saúde se o quadro da pandemia piorar.
Será que agora vai adiantar muito fechar portos, aeroportos e rodoviárias? Quem
vai sustentar as perdas econômicas? Como as pessoas vão conseguir sobreviver
sem dinheiro? Vamos entrar na pandemia da fome? Vão criar campos de
concentração para os idosos?
O governo federal tomou a decisão de fechar
os aeroportos brasileiros para a entrada de aviões de diversos países europeus,
mas manteve a porta aberta para os norte-americanos onde lá a situação já é
crítica em muitos estados. O ministro da Justiça tenta explicar e inexplicável,
ou aliás, ficou bem escancarada a vergonhosa submissão aos ianques. Eles podem
vir e contaminar os brasileiros.
Por que os governos não cancelaram o
carnaval quando o vírus já estava contaminando muitos países? Tudo soa a
demagogia, e agora, de maneira atabalhoada, e imitando outros países, querem se
aparecer como salvadores da pátria quando não passam de alarmistas de plantão.
NOTA DO BLOG:
Não vamos censurar jamais as opiniões de um colega, principalmente em se tratando de notícias referentes ao mundo político.
Concordamos com alguns argumentos, segundo o Carnaval, por exemplo, entretanto, não endossamos suas críticas ao governo por ter se aliado aos Estados Unidos, nossos parceiros há mais de um século.
O colega esqueceu que não há notícias sobre Rússia, Cuba, Coreia do Norte e outras ditaduras comunistas ou afins. Fazer a crítica ao Brasil é fácil. Dizer que está tudo errado, nos parece uma tomada de posição que extrapola a opinião ideológica, de quem quer que seja.
Por isso, não endossamos parte do texto, apesar de publicá-lo na íntegra. Os governos estaduais de esquerda não mereceram qualquer palavra do colunista e esta é uma demonstração que achamos que deveria merecer atenção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário