quarta-feira, 3 de maio de 2017

ELE FOI MINISTRO DA EDUCAÇÃO:

MORRE ESCRITOR BAIANO EDUARDO PORTELA
O corpo do escritor, acadêmico e ex-ministro da educação Eduardo Portella é velado na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, na manhã desta quarta-feira (3). Portella será sepultado no Cemitério São João Batista, na Zona Sul. Ele morreu na terça (2), aos 84 anos.
O acadêmico havia sido internado na segunda-feira (1) no Hospital Samaritano, em Botafogo. Segundo a direção do hospital, o acadêmico morreu em decorrência de um quadro grave de pneumonia.
Amigos comparecem ao velório de Portella para prestar últimas homenagens (Foto: Bruno Albernaz / G1) "No domingo foi como se ele estivesse se despedindo de mim. Porque ele disse assim: 'Você me surpreende. Depois de uma relação tão longa, você cada dia se revela e eu vejo alguma coisa em você. Você amadureceu junto de mim. Você hoje consegue caminhar sozinha.' Foi uma vida com ele. Sem ele vai ser difícil. É um recomeçar muito difícil.", diz a viúva, muito emocionada.
A filha do escritor, Mariana de Albuquerque Portella contou que sempre foi muito ligada ao pai desde pequena. Segundo ela, foi por intermédio dele que veio a ser escritora também. Ela conta que o pai se orgulhava da filha que tinha.
Eduardo Portella durante evento na Academia Brasileira de Letras (Foto: Divulgação/Site ABL) "Ele tinha muito orgulho de mim em dizer que eu era a grande interlocutora dele, por isso, eu tenho muita honra e ótimas lembranças do meu pai em saber que ele também gostava tanto da minha presença quanto eu. Ele tinha orgulho de mim assim como eu tenho dele", contou a filha.
O poeta, ficcionista, crítico e também amigo de Portella há 50 anos, Carlos Nejar, não escondeu a saudade que terá do amigo. 
"A falta dele nessa casa vai ser imensa. Porque o patrimônio cultural que ele legou pelo lado humano, pelo lado de escritor, pelo lado de companheiro, foi inestimável."
“Eduardo era um pensador de cultura, de presença brasileira e de presença internacional, com a participação em vários organismos, inclusive na Unesco”, destacou Domício Proença Filho, presidente da ABL. Durante 36 anos, o acadêmico ocupou a cadeira de número 27, cujo patrono é Antônio Peregrino Maciel Monteiro. 
O perfil conciliador foi também destacado pelos colegas.
“Portella era aquele que, de fato, defendia o diálogo e trazia a Academia Brasileira de Letras para este diálogo. Era um amigo muito querido e vai fazer muita falta”, explicou o também acadêmico Marco Lucchesi.
Em março, na posse de Geraldo Carneiro, Portella fez questão de destacar que a ABL está se renovando.
“A Academia não está fechada nas tradições antigas, remotas, mas é capaz de se abrir para as novas realidades, as novas verdades”, destacou na época Eduardo Portella.
Geraldo Carneiro fez questão de lamentar a morte do amigo. “O Eduardo, além de uma pessoa encantadora, era dono de uma inteligência bailarina, que não se prendia a um único método ou a um dogma”. 

Vida para a educação

Nascido em Salvador (BA) em 8 de outubro de 1932, Eduardo Mattos Portella integrou o gabinete civil do presidente Juscelino Kubitschek, foi ministro da Educação no governo João Figueiredo e secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro.
Também coordenou a pasta de Educação, Cultura e Comunicação da Comissão de Estudos para a Constituição de 1988 e foi presidente da Conferência Mundial da Unesco de 1997 a 1999.
De 1952 a 1954, em Madri, estudou Filologia, Romanística, Crítica Literária, Estilística e Filosofia. Continuou seus estudos em Paris, no Collège de France e na Sorbonne; e em Roma.
O primeiro livro foi publicado em 1953. A obra "Aspectos de la poesía brasileña contemporânea" era uma tese originalmente apresentada na I Jornada de Lengua y Literatura Hispanoamericana, em Salamanca, na Espanha.
Um dos temas preferidos como autor foi a cultura e o poder. Na editora Tempo Brasileiro, criada e digirida por ele, publicou livros como "O intelectual e o poder", com ensaios.
Após o bacharelado em Ciências Jurídicas e Socais pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1955, completou o doutorado em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1970.
Em 1979, foi Ministro de Estado da Educação, Cultura e Desportos. Foi quando disse a frase: "Não sou ministro, estou ministro".

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