domingo, 7 de maio de 2017

COLUNISTA VIP:

O gigante adormecido

Nando da Costa Lima
Este causo aconteceu num tempo em que ainda não se vendia tesão nas farmácias…
Abdias saiu arrasado do Magassapo, nem a saideira que costumava beber no puteiro ele tomou. Tava nervoso e cabisbaixo. A “moça” até tentou dar uma força mandando ele se acalmar, aquilo era normal, outro dia ele voltava e quem sabe o seu gigante adormecido reagia. Isso o deixou mais retado ainda, fez ela jurar que não ia contar pra ninguém, pagou até mais do que o combinado praquele segredo jamais ser revelado. Caso ela contasse seria o fim de sua fama de bom de cama. Ele chegou empolgado ao Magassapo, ficou sabendo lá no Departamento que tinha uma nova beldade de fora que levantava até defunto. Teve que inventar uma desculpa bem convincente pra que Dona Filomena nem desconfiasse que ele ia passar a noite no brega pra conhecer a novidade e manter sua fama de garanhão. Falou pra esposa que ia dormir na casa do patrão pois este tinha viajado a negócio e não podia deixar a casa sem ninguém. A esposa acreditou na hora, sabia que ele era o homem de confiança do patrão, o único que o Dr. Confiava em deixar a chave da casa. A mentira colou bem.
Ele chegou na zona boêmia cedo, ficou tomando conhaque num boteco até “as menina” abrirem o baú. Era um feriado santo e as casas só abririam depois da meia-noite. Abdias teve que engolir muito conhaque até dar a hora, ainda bem que tinha forrado o estômago na feirinha com um mocotó caprichado antes de subir pro brega. Tava tudo dando certo, deu até pra comprar uma cueca samba canção nova pra estrear com a sergipana. Só que, como ele, tinha mais uns dez com a mesma intenção. Mas ele era muito respeitado no Magassapo, sabia que ia ser o primeiro da fila. E tome conhaque e tira gosto pra dentro, já tava da cor de um peru mas tava firme e forte. Segundo Abdias, o conhaque ajudava, ia trepar a noite toda. Quando deu meia-noite e cinco ele entrou na casa da “belezura” que chegou de longe, levou um litro de vinho pra rebater os conhaques e presentear a sergipana. Ela já estava esperando, sabia que ia ter um encontro com o homem mais famoso na cama aqui de Conquista, as colegas de profissão já tinham passado as informações pra recém-chegada. Foram pro quarto e beberam todo o vinho. Gumercinda já tava encantada com o jeitão de Abdias, chegou a beijar na boca correndo um sério risco de se apaixonar, o que não era bom em sua profissão. Mas como foi dito no início do causo, antes de Gumercinda tirar a “caçola” ele já sabia que ia brochar, tava com a testa suando frio e apesar do esforço o gigante continuava adormecido, não reagiu de jeito nenhum, parecia até que tinha sido feitiço. Não era possível uma coisa daquela! Logo ele que era igual a bode na seca, comia qualquer coisa, falhar com aquela princesa…
Na volta do Magassapo até o Departamento ele pensou em se matar várias vezes, só não tirou a própria vida porque São Expedito ajudou e o fez entender que aquilo acontecia com qualquer um. Vai ver foi o excesso de conhaque, se tivesse ficado só na Jurubeba Leão do Norte não tinha acontecido aquilo e sua fama de bom de cama teria se perpetuado. Chegou em casa parecendo um zumbi, abriu a porta e entrou parecendo não saber onde estava, completamente desligado! Seu compadre Dodô notou a tristeza do amigo e ainda tentou lhe alegrar: “Fica assim não Abdias, amanhã nós vamos pra rinha botar o galinho preto pra brigar…”. Mas de nada adiantou, ele tava tão apático que nem perguntou pra mulher o quê que o compadre tava fazendo às duas e meia da madrugada na sala de sua casa, só de cueca… Dona Filomena nem precisou inventar desculpa…

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