Já foi dito que o esquerdismo prevalece
quando a visão estética de mundo fala mais alto do que a busca pela
verdade, ou seja, quando as aparências importam mais do que a essência. A
retórica sensacionalista seduz os corações enquanto a mente segue imune
aos fatos. O apelo emocional é mais forte do que o argumento racional. A
vaidade alimenta a hipocrisia daqueles que só querem se sentir
moralmente superiores, sem ter de efetivamente sê-lo. No Brasil, essa
postura sempre predominou, culminando no “coitadismo”, traço marcante de
nossa cultura. Quem não chora não mama. O sucesso individual é visto
como pecado mortal, enquanto as vítimas proliferam feito coelhos, sempre
conquistando o poder com sua demonstração de suposta fraqueza. O mito
do “bom selvagem” é irresistível para a nossa elite culpada.
Foi assim que se criou o mito do
retirante nordestino que virou metalúrgico e depois entrou para a
política para combater as injustiças e desigualdades e lutar pelos
fracos o oprimidos. Era uma narrativa sedutora, que levava os
“intelectuais” ao orgasmo. O marxismo nunca foi parido pelos
trabalhadores, e sim pelos pensadores de classe média ou alta. Ele é o
ópio dos intelectuais, como disse Raymond Aron. O Lula que iluminava o
mundo quando abria a boca era o fantasma de Marilena Chaui. O Lula que
lutava pelos desvalidos era a fantasia de Chico Buarque. O PT cresceu
graças aos membros dessa elite, que só queria saber das aparências, da
estética. Quem tinha olhos para enxergar sabia que o petista nunca
deixou de ser um oportunista disposto a só se dar bem, não importa em
quem tivesse que pisar. Isso desde as greves, já durante o regime
militar.
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A decepção de muitos com o “novo” Lula
exposto após as delações de Emílio e Marcelo Odebrecht só mostra como
essas pessoas foram ingênuas, não quiseram abandonar as ilusões para ver
as coisas como elas são. Preferiram permanecer no mundo das aparências
apesar de todas as evidências contrárias. Alguns ainda relutam contra os
fatos, para salvar o mito.
Rodrigo Constantino
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