O CESTO ESTÁ TODO PODRE
Jeremias Macário
Lembra-se do tempo em que se dizia que quando
uma laranja apodrece num cesto o correto é jogá-la fora para que o resto não se
contamine? Pois é, só que agora todo
cesto está podre, e a solução é jogar tudo fora. No Brasil dos absurdos, os
fatos inusitados, de tanto se repetirem, deixaram de ser inusitados, e a mídia
já não dá tanta cobertura como antes.
Os escândalos são tantos que não sobram mais
espaços e tempo para cobrir tudo com o mesmo destaque. O tempo urge e o espaço é
curto. O roubo e a gatunagem estão em todas as partes, órgãos dos governos,
secretarias, entidades, corporações, empresas públicas e privadas, ministérios
e nos três poderes que o leitor, o ouvinte ou telespectador ficam tontos com
tantas informações. É um emaranhado pavoroso como o Inferno de Dante.
Alguns fatos não são tão comentados como
deveriam, caso da prisão de cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado
do Rio de Janeiro por acusação de recebimento de propinas, órgão que tem a
obrigação de acompanhar e fiscalizar as contas do Governo, bem como ditar punições
aos culpados pelas irregularidades.
Neste caso específico, o cesto estava todo
podre e ficou sem quórum para reunir seus membros e tomar deliberações
referentes a prestações de contas do Estado, inclusive da Assembleia
Legislativa, cujo presidente foi também preso coercitivamente para responder
possíveis fraudes no órgão.
Até há pouco tempo quando um militar, um
funcionário público, um profissional de um setor qualquer ou um simples
encarregado cometia um malfeito, desvio de conduta e corrupção mesmo, logo
aparecia o chefe ou comandante para explicar que se tratava apenas de uma
ovelha negra no rebanho.
Agora é todo rebanho que está envolvido, a
começar pelos chefes, presidentes e governantes. No próprio Rio de Janeiro
descobriu-se que todo comando de um Batalhão estava envolvido em falcatruas.
Pelo andar das investigações da Lava Jato, não existem apenas 300 picaretas no
Congresso Nacional como foi dito pelo ex-presidente Lula quando era deputado
federal. O próprio virou réu em vários processos.
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