PRESIDENTE DA ALERJ TEM CONDUÇÃO COERCITIVA DA PF
A Polícia Federal faz uma operação nesta quarta-feira (29) contra desvios para favorecer membros do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O esquema ocorreu durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), segundo as investigações. A Justiça determinou a prisão temporária de cinco dos sete membros do TCE-RJ (veja lista mais abaixo).
As investigações têm como base informações de um sexto conselheiro,
Jonas Lopes, que já foi presidente do TCE-RJ. Lopes assinou delação
premiada e não é alvo de mandado de prisão. Também não foi pedida a
prisão da corregedora Marianna Montebello Willeman.
O presidente da Alerj (foto), Jorge Picciani (PMDB), é alvo de um mandado de
condução coercitiva, que é quando alguém é levado a depor. A assessoria
de Picciani disse às 7h10 que não tinha informações sobre o mandado
contra o deputado. O presidente da Alerj é pai do atual ministro do
Esporte, Leonardo Picciani.
Alvos dos mandados de prisão:
- Aloysio Neves, atual presidente do TCE-RJ;
- Domingos Brazão, conselheiro;
- José Gomes Graciosa, conselheiro;
- Marco Antônio Alencar, conselheiro;
- José Maurício Nolasco, conselheiro.
Operação Quinto de Ouro
As medidas são parte da Operação Quinto do Ouro. Segundo a PF, os alvos
são suspeitos de fazer parte de um esquema de propina que pode ter
desviado até 20% de contratos com órgãos públicos para autoridades
públicas, sobretudo membros do TCE-RJ e da Alerj.
O Tribunal de Contas é responsável por fiscalizar a gestão de recursos
públicos do estado e dar transparência às ações do governo. Ele não é
vinculado à Justiça, e sim um órgão de apoio à Assembleia Legislativa.
Quando solicitado, também pode auxiliar o Executivo, Judiciário,
Ministério Público, Receita Federal, demais tribunais de contas e outros
setores. Os conselheiros são nomeados pelo governador do estado.
Quase 200 policiais participam da operação. Os mandados foram expedidos
pelo ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, e são
cumpridos no Rio, em Duque de Caxias e em São João do Meriti. De acordo
com a PF, são mais de 40 ordens judiciais, entre prisões, bloqueios de
bens e buscas e apreensões, além da condução coercitiva de Picciani.
A operação foi batizada de Quinto do Ouro em referência ao Quinto da
Coroa, um imposto correspondente a 20% que a Coroa Portuguesa cobrava
dos mineradores de ouro no período do Brasil Colônia, e que acabava
desviado.
A PF aponta duas suspeitas principais sobre os alvos da operação. A
primeira é que integrantes do TCE-RJ tenham recebido pagamentos
indevidos em troca da análise de contas e contratos pela corte. A outra é
que agentes públicos tenham recebido valores indevidos envolvendo a
viabilização do uso do fundo especial do TCE-RJ para pagamentos de
contratos do ramo alimentício atrasados junto ao governo do RJ.
Condução de ex-presidente
Em dezembro passado, Jonas Lopes foi levado à depor na
PF na Operação Descontrole, que investiga crimes de corrupção passiva e
lavagem de dinheiro que teriam sido praticados pelo ex-presidente do
TCE-RJ e pessoas vinculadas a ele.
De acordo com a delação premiada de Leandro Azevedo,
ex-diretor da Odebrecht no Rio, Lopes pediu dinheiro para aprovar o
edital de concessão do estádio do Maracanã e o relatório de contas da
Linha 4 do metrô do Rio.
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