quarta-feira, 22 de março de 2017

COLUNISTA VIP:

BURROCRACIA
Delegado Valdir Barbosa

Tramitei, conforme solicitado, pelo órgão próprio buscando renovar meu passaporte. Através site específico preenchi os campos exigidos e recebi, por via eletrônica, a data do agendamento, no fito de apresentar todos os documentos que confirmavam seria eu, eu mesmo, assim como formulário para pagar a taxa respectiva, ao que realizei o depósito.
Semanas depois, me pus frente a funcionária, no S.A.C. do Shopping Barra, no dia aprazado, com vistas as providências de praxe. Feitas conferências e procedimentos pertinentes, com o rigor necessário, por se tratar de documento dos mais importantes no cenário mundial, finalmente, recebi protocolo indicando a data na qual meu salvo-conduto estaria disponível.
Sigo novamente para o box da Policia Federal, no idêntico ambiente anterior, certo de poder concluir meu intento iniciado há quase três meses, quando estive diante do computador, onde requeri a renovação. Recolho a senha no balcão de atendimento e após aguardar pacientemente acompanhando a boiada mudando de um lado para o outro, ao talante dos monitores apagando repetidamente fazendo com que todos buscassem o melhor ângulo, no afã de acompanhar na tela do aparelho, a marcha da convocação consigo ver no painel sobrevivente: PFE 67. Suspirei, chegou a minha vez.
Adentro à sala oito e sou atendido por servidora que, em seguida, me encaminhou no rumo de outra funcionária. Quando a primeira pediu minha identidade, depois de recolher o protocolo, justo emitido ali mesmo apresentei cédula funcional capaz de demonstrar minha condição de Delegado de Polícia, no Estado da Bahia. Trazia, ainda, o passaporte antigo, para dirimir quaisquer dúvidas.
Notei certa reserva por parte daquela senhora, ao receber o estojo onde estão a insígnia e o documento da corporação a quem dediquei, até agora, quarenta e um anos de atenção. Perguntou-me o número do CPF conferindo na tela a veracidade da informação, certamente, através cruzamento do sistema, ato contínuo partiu no rumo de reservado voltando de lá com passaporte nas mãos, presumivelmente, o meu.
Sensação gelada percorreu a espinha deste calejado homem de polícia, quando entendi seria o atendimento finalizado por sua colega. Havia notado, nos rápidos momentos em que estive ali, certa empáfia no comportar daquela senhora, coisa tanto quanto grosseira, no tratar os atendidos. Exemplos: dado instante, ao solicitar fosse colocado o polegar de um cidadão, no sensor responsável por ler sua digital, tendo ele posto o dedo errado, repetiu alto, p.o.le.g.a.r., chamando atenção dos presente fazendo cara de desdém, como se fosse assim, mais inteligente do que os demais. Minutos depois, exigiu que jovem fechasse a porta de acesso, certamente, da forma que não deve fazer em casa com os seus, pois, quiçá, ali deixe de possuir tanta moral para isto, destarte, busca no local de trabalho, onde se acha soberana, formas indevidas de compensação de ser aparentemente frustrado.
Coloquei-me, convocado pela "semigenerala", à sua testa, tempo no qual foi novamente exigida minha identidade. Consoante intui, ela renegou a funcional da qual tanto me orgulho, argumentando que nela não haveria dados necessários à nova conferência. Disse-lhe não ter trazido outra, ao que redarguiu: "o senhor não está com carteira de motorista"? Obriguei-me retrucar que inexistia ali, blitz de trânsito, não me punha ao volante de qualquer automotor e notei seu descontentamento em face da minha resposta, então, restou claro que não seria exitoso meu propósito, desta forma, bati em retirada um tanto quanto contrariado.
A bordo de táxi fui ao canto onde me escondo com meus amores e retornei com a tal C.N.H. e novamente pedi outra senha, destarte, depois dessa maratona recebi o passaporte. Antes disso, temeroso de reprimendas tive o cuidado de por o dedo certo, da forma correta, no sensor que indicou ser, induvidosamente, eu mesmo, o dono daquela falange. Decidi nada considerar, afinal suponho ter esta conferencia, o condão de não deixar duvidas acerca da identidade de quem quer que seja.
Felizmente tenho alguns clubes de Whisky em restaurantes do entorno, no shopping, assim, enquanto desabafo com Johnnie lembrando que devo receber mensagem para avaliar o atendimento, coisa feita antecipadamente nestas linhas, percebo que o vernáculo português guarda equívocos.
O nome para isto deveria ser BURROCRACIA.
Salvador, 20 de março de 2017.
Valdir Barbosa

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