AOS TRANCOS E AOS BARRANCOS NAS
MORDOMIAS DOS PODERES EM DESORDEM
Jeremias Macário
Com as férias da força
tarefa da Operação Lava Jato, do legislativo e do judiciário, os pequenos
sinais de melhora da economia passaram a ocupar os espaços da mídia nacional, principalmente
a televisiva (somente interrompidos com as matanças nas penitenciárias), como
se tudo isso fosse curar as feridas lacerantes da crise política, moral e ética
que historicamente levou nosso país a viver aos trancos, barrancos e reboques.
A impressão que se tem é que basta a economia
crescer um pouco com a queda da inflação, dos juros e do desemprego para que se
esqueça de vez a praga letal da corrupção praticada pelos membros da
organização criminosa instalada nos três poderes da República. É justamente
isso que os inimigos da Lava-Jato do governo Temer estão pretendendo fazer. Este
desejo está escrito na testa deles, incluído aí também os quadrilheiros dos
governos petistas.
Se for para zerar as
sujeiras e livrá-los da cadeia, todos eles, progressistas e retrógrados,
coxinhas e mortadelas se unem contra a população, e ai o Brasil continuará na
base do tranco e do reboque como vem sendo assim desde os tempos coloniais.
Agora mesmo saímos do ruim e entramos no pior incerto e perturbador cheio de
injustiças e atos medievais como as masmorras e as decapitações nas
penitenciárias. Esta esquerda e esta direita tupiniquim acabam nos levando para
os piores dos infernos.
O presidente mordomo
reconheceu que os poderes estão em desordem e resolveu chamar as forças armadas
para controlar as penitenciárias, um prenúncio de que elas também podem tomar
as ruas. Conforme preceitua um artigo da Constituição (este artigo foi colocado
pelos militares em fim da ditadura), em caso de desordem social e política as
forças armadas podem entrar em ação para colocar ordem na Casa. No caso das
prisões não vai também resolver o problema. Como não existem mais lideranças,
vamos ter que importar um presidente.
Um leitor de um jornal da capital escreveu
que existe muita similaridade entre facções criminosas dos presídios e o
Congresso Nacional com seus partidos. Eles implicam prejuízos para o erário
contra o povo “que paga com impostos essas pocilgas”. Nos presídios acontecem
os motins e rebeliões sangrentas com centenas de assassinatos violentos. No
Congresso também ocorrem motins e rebeliões, mas por cargos, dinheiro e poder.
O ideário neoliberal é seguido por países de
economias fortes que se tornaram mais empoderados (palavra mais usada em 2016)
com a globalização. De forma paradoxal, um país pobre como o Brasil adota o
neoliberalismo, com a retórica de modernização nas relações entre capital e
trabalho onde o mercado é o protagonista e o social o figurante.
O Estado do Bem-Estar Social se derrete com
as medidas draconianas da Previdência Social (afastamento das aposentadorias),
redução dos direitos trabalhistas (parcelamento de férias), negociação livre
entre patrão e empregado, contratos temporários e a terceirização das
atividades-fim que nada mais é que uma escravidão onde o operário se submete a
ganhar o mínimo em condições degradantes nos serviços.
Agora vejamos bem como eles (os políticos e
governantes em geral) nem estão aí para o resto dos injustiçados que recebem as
migalhas de seus banquetes, para os mais de 12 milhões de desempregados (podem
chegar a 13 milhões em 2017) que estão passando fome, para as profundas
desigualdades sociais advindas, principalmente, da falta de uma educação de
qualidade e para as penitenciárias que se transformaram em casas de horror onde
facções degolam e esquartejam facções.
Pois é, diante de toda esta degradação
social, com um país em chamas e vivendo uma terrível recessão, os senadores
brasileiros recebem uma remuneração mensal de R$33 mil, mais aluguel de
escritório, transporte, hospedagem, moradia, carro de luxo com motorista, plano
de saúde e outras tantas mordomias.
Os parlamentares do mais caro Congresso
Nacional do mundo que vivem num dos países mais pobres do planeta, gastam como
se estivessem nadando em mar de almirante e navegando em céu de brigadeiro. Os
nobres desta casta privilegiada aumentam os gastos, enquanto as famílias pobres
brasileiras se encolhem cada vez mais e cortam despesas de escolas e lazer de
seus filhos, sem contar a alimentação e o bem-estar social.
Na semana passada, Lula e seus militantes
estiveram em Salvador no encontro do MST e almoçaram em um condomínio de classe
média alta na casa do deputado federal Valmir Assunção. O ex-presidente fez
piada e bebeu whisky escocês Johnnie Walker Black Label, cuja garrafa custa
R$196,00. No cardápio galinha caipira, peixe com camarão, leitão assado e um
espumante espanhol FreixenetCordón Negro Brut.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que
tenta se reeleger, também esteve em Salvador para pedir votos. À noite, Maia
foi a um jantar organizado por ACM Neto e sua banda de parlamentares no restaurante
Pereira, na Barra. No cardápio pratos de carpaccio como entrada (R$45,00) e
garrafas de whiskyOldParr 12 anos (R$279,00 cada exemplar).
Em Alagoas, a Assembleia Legislativa abriu
sessão pública para registro de preços de serviços de buffet para eventos da
Casa durante 2017. Lagosta, coquetel de camarão com uvas, picanha na chapa e
casquinha de siri se destacam no cardápio para almoços, jantares e coquetéis.
Para o café da manhã, sortidos cestos de pães (oito tipos), além de frios,
petit four, pão de queijo, rosquinha húngara e croissant. O Estado tem o pior Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. A Assembleia de 31 deputados,que se
autointitula “A Voz do Povo” (uma ironia),separou a contratação em dois lotes
para café da manhã, coffee break, coquetel, dois tipos de almoço e dois tipos
de jantar, variando entre 500 e até quatro mil pessoas.
Passou da hora (“vamos embora que esperar não
é saber”) de todos os segmentos da sociedade (progressista ou conservador), sem
homofobia, racismos, preconceitos, empoderamentos, intolerâncias e ódios se
unirem em torno de um propósito comum para libertar o povo deste cativeiro de
ter que sustentar os integrantes deste Congresso malvado,
porque eles não vão jamais deixar de mamar nas tetas da Nação.
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