Corpo de Ferreira
Gullar é velado no Rio nesta segunda
Corpo foi velado na
Biblioteca Nacional e levado, por volta das 11h desta segunda, para a Academia
Brasileira de Letras. Enterro será no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Gabriel Barreira, G1 Rio = 05/12/2016 09h16 ANOS, POETA MORRE
Corpo de poeta sai em cortejo para velório na ABL
(Foto: Gabriel Barreira)
O corpo do poeta Ferreira Gullar
foi levado em cortejo da Biblioteca Nacional para a Academia Brasileira de Letras
(ABL), no Centro do Rio, por volta das 11h desta segunda (5). O velório começou
na noite de domingo (4) na Biblioteca Nacional do Rio, também no Centro.
O caixão chegou por volta das
21h30, sob aplausos, na Biblioteca Nacional. Era um desejo dele ser velado na
biblioteca. Parentes, amigos e autoridades, como o ministro da Cultura Roberto
Freire, se despediram do imortal.
Corpo de Ferreira Gullar é levado em cortejo da
Biblioteca Nacional para a ABL
À tarde, o corpo do poeta
seguirá para o mausoléu da ABL no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na
Zona Sul, onde será enterrado. Uma semana antes de morrer, ele chegou a pedir à
filha Luciana, que o levasse à Praia de Ipanema, na Zona Sul.
“Ele tinha momentos e estava
tomando medicamentos. No domingo passado ele falou para mim: ‘ah, Luciana, se
você me ama, me leva para a Praia de Ipanema, eu quero só entrar naquele mar’.
E eu falei: ‘Pai, acho que tem algum lugar além do mar’. Ele falou: ‘ah, então
quero ir para lá’”, contou Luciana, que homenageou o pai lendo um de seus
poemas.
O político Fernando Gabeira
esteve na sede da ABL assim que o corpo chegou ao local e lamentou a perda.
"Foi um grande poeta, um grande brasileiro e um grande maranhense, muito
devotado ao seu Estado. Simplesmente um dos maiores poetas que a Academia já
teve. Recentemente foi um articulista muito lúcido sobre o país, além de ter
feito parte da resistência na década de 60", disse Gabeira.
Corpo de Ferreira Gullar chegou sob muitos aplausos
na ABL (Foto: Gabriel Barreira)
Ferreira Gullar morreu às 10h,
de domingo, no CTI do Hospital Copa D’Or, em Copacabana, na Zona Sul, onde
estava internado há 20 dias por causa de complicações pulmonares. Na
sexta-feira (2), ele foi diagnosticado com pneumonia. Enquanto estava internato
Gullar escreveu três crônicas.
O escritor Cícero Sandroni diz
que ele deixa uma lacuna muito difícil de ser preenchida, mas que deixou um
legado admirável.
Corpo de Ferreira Gullar deixou a Biblioteca Nacional
por volta das 11h desta segunda (Foto: Gabriel Barreira)
"Eu diria que a importância
do Gullar não foi só para a poesia brasileira. Tinha visão da cultura
brasileira, não só da brasileira mas da cultura em geral, uma visão
global", disse o imortal titular da sexta cadeira, para quem, já aos 20
anos, Gullar se colocou entre os grandes poetas como Drummond e João Cabral de
Melo Neto.
Sandroni definiu Gullar como um
"homem completo", que se dedicou às grandes questões de seu tempo e,
por isso, chegou a ser perseguido.
"Dentro da poesia
contemplou a beleza interior. No seu estímulo aos artistas plásticos estimulou
a vida artística no Brasil. Foi singular. Homem completo com visão cultural e
política, que lhe causou perseguição dos militares e o exílio por onde ficou
durante 10 anos", completou.
Antônio Carlos Secchin, poeta e
autor do discurso de boas vindas a Gullar na ABL, também comentou a perda.
"Ferreira Gullar foi não só
a grande voz poética do Brasil da segunda metade do século XX. Representa uma
figura de ponta no pensamento brasileiro. Sua obra perdurará sobre o pensamento
crítico durante muito tempo", explicou Secchin.
O ministro Roberto Freire disse
que ele é o que se pode chamar de intelectual. “Ele atuou em vários campos da
cultura brasileira e sempre com a dignidade e com brilho, que era uma de suas
marcas. É uma grande perda”, lamentou Freire.
O amigo Zuenir Ventura conviveu
com Gullar por 50 anos. E lembrou com alegria a entrada do notável na ABL. “Ele
que resistiu tanto a entrar na academia, foi várias vezes sondado, convidado, e
ele resistia. Depois ele adorava a academia, foi a descoberta dele desde o
começo. No dia seguinte da matéria na TV da posse dele, ele foi à feira e foi
cumprimentado por várias pessoas como poeta imortal. Foi aí que ele percebeu
que era consagrado como poeta”, relembrou Ventura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário