CRIMINOSO GABOLA!
Ricardo De Benedictis
A matança de animais domésticos tem sido matérias de
noticiários, a cada dia mais constantes. Não raro, vemos pequenos animais
mortos na via pública: cães, gatos e outros. Muitas vezes pensamos tratar-se de
atropelo e vemos os ‘cadáveres’ expostos à sanha dos urubus, até que alguém se
disponha a mandar retirá-los para locais menos habitados ou para serem
enterrados. Tudo isso o leitor sabe, tanto quanto eu, são problemas cotidianos.
Conversando com um cara que conheci num dos bares da
cidade, ele contou-me algumas das suas mais bizarras taras. Disse-me que gosta
de fazer licor de jenipapo para comemorar o São João. Só que seu licor, muito
apreciado pelos amigos, alguns (segundo ele), já falecidos, que adoeciam e foram
se abstendo de visitá-lo para tomar uma ‘pinga’ ou mesmo o seu tradicional
licor. Depois conto esta parte.
Voltando aos animais, ele confessou gostar de matar
gatos e cachorros que lhe ‘enchessem o saco’.
– Certa feita, contou-me
o sujeito, meu filho trouxe um cachorro que criava no apartamento, mas a
vizinhança reclamou tanto ao síndico, alegando que o cachorro não deixava
ninguém dormir e ele foi notificado a retirar o cão, mas não sabia o que fazer,
pois nenhum amigo aceitou adotá-lo. Aí eu disse: deixe-o aqui que eu cuido. E a
vida seguiu, até que uma manhã, quando eu ofereci ração para o bicho, ele
enfezou e atirou-se com as garras enormes contra mim, quase rasgando minha
calça jeans. Fiquei furioso. Peguei um pouco de veneno e taquei na ração do
filho da mãe e ele comeu tudo, bebeu água e eu abri a porta da rua. O babaca
saiu e não andou 30 metros deitou no meio-fio, próximo da esquina. Os vizinhos vieram me avisar que o cão estava
morto. Dei uma gorjeta ao carroceiro que o levou para o aterro e fiquei livre...
- Gatos, eu já dei fim em mais de dez, continuou.
Andou pelo meu telhado, fez barulho, quebrou ou afastou as telhas e eu o
acerto. Tome-lhe uma carninha moída com veneno e ele vai morrer no inferno!
Enquanto o sujeito falava, eu ia me sentindo mal. Pior
fiquei quando ele me disse, voltando ao início desse texto, que fazia o licor
de São João utilizando-se de álcool comprado no supermercado e que o pessoal
adorava, por ser muito forte.
- Todo São João, aparecia na minha casa um ou outro
amigo, sempre acompanhado e me pedia o licor. Eu preparava com raspas de unha e
um pouco de fumo de corda bem miudinho que colocava na infusão. O licor descia
quente e saía fervendo. Era dor disenteria cólica por dois a três dias...
Francamente (pensei), esse cara é um débil mental de
alta periculosidade. Ele ainda garantiu que para os amigos mais chegados ele
oferecia uma bebida melhor. Essa tal de ‘fubunha’ era para os caras que enchiam
o saco e abriam a geladeira dele, na maior intimidade. Para esses, ele dava a ‘fubunha’
pra que não voltassem mais...
EXPLICAÇÃO: Apelida-se a cachaça sem procedência de ‘fubuia’.
Mas a que ele oferecia aos seus visitantes era álcool com um pouco de água,
raspa de unha e fumo; aí eu tomei a liberdade de apelidá-la de ‘fubunha’.
E mais não conto porque tive de interromper o meliante
para livrar-me do seu insaciável apetite tenebroso... E antes que ele me
convidasse a conhecer seu ‘laboratório’ de horrores!
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