NUMA CAMPANHA ELEITORAL A MAIOR VÍTIMA É SEMPRE A
VERDADE
Como na guerra entre nações em disputa por
territórios, poder e riquezas naturais, onde os civis são massacrados em meio a
tantos bombardeios, como vem acontecendo na Síria há mais de cinco anos, nas
campanhas eleitorais, a maior vítima é sempre a verdade.
Como na propaganda beligerante entre o
capitalismo ocidental e os regimes orientais, nas campanhas políticas, o
eleitor é torpedeado com falsas verdades entre os candidatos dos diversos partidos
que entre si se acusam.
No Brasil, como a maioria é inculta,
desinformada por falta de leitura constante e, consequentemente, de pouco censo
crítico, os fatos são distorcidos e terminam virando verdades. É só observar os
lados que trocam farpas, um dizendo que fez mais que o outro, sem contar a
deturpação de falas e pronunciamentos sobre determinadas questões da vida
social e política.
É um emaranhado de scripts marqueteiros num
jogo sempre desleal e enganoso para fisgar o eleitorado mais desatualizado com
os acontecimentos. Em meio ao fogo cruzado, grande parte fica confusa. Aquela
que já é fiel ao político na campanha, acredita piamente no que o seu candidato
diz contra o adversário,enquanto outra parte rebate criando também suas
mentiras.
Por isso é que em toda campanha política,
especialmente num país pouco letrado e de democracia ainda relativa, existe com
mais intensidade uma “guerra” de desinformações e deturpações das palavras onde
a verdade é a maior vítima. Na sangrenta guerra síria, os Estados Unidos acusam
os russos de terem bombardeado um comboio de ajuda aos famintos e doentes civis,
enquanto a Rússia acusa os rebeldes e os próprios norte-americanos.
No caso específico da campanha eleitoral em
Vitória da Conquista, o PT de José Raimundo, que já foi prefeito por duas
vezes, alardeia que o PMDB de Herzem Gusmão nunca fez nada e só fala mal da
cidade, enquanto este mostra que na Assembleia Legislativa o outro sempre votou
contra o povo.
E o caso da pesquisa registrada no Tribunal
Regional Eleitoral que foi colocada como fajuta e encomendada por empresa não
idônea? Quem está mesmo falando a verdade? Dia desses no programa eleitoral, um
vereador fez um apelo para que o eleitor vote em seu partido, sob pena da
população vir a perder as conquistas obtidas na educação. Mas, que conquistas,
cara pálido, se o índice no Ideb está lá embaixo? Se o ensino ainda é
deficitário e muitas escolas são precárias? Mais uma vez, a verdade foi a
vítima.
O mais irônico ainda é ver o PT e o PMDB fazerem
acusações mútuas de envolvimento dos chefes de seus partidos na Operação Lava
Jato, quando sabemos que são as duas maiores agremiações do país que mais
respondem por denúncias de recebimento de propinas da Petrobrás. É o roto
falando do esfarrapado. O eleitor mais esclarecido está vendo tudo isso.
Enquanto rola a “guerra
das desinformações”, estamos chegando à reta final da campanha eleitoral e até
agora não se saiu dos acessórios para os projetos e programas essenciais para o
município. Nesta história, não deixe que a verdade seja a maior vítima!
Quase nada se ouviu
sobre política cultural, desenvolvimento das artes, uso adequado do solo
através de um novo projeto diretor para a cidade, ações concretas para a
educação e a saúde, enfim, projetos viáveis de infraestrutura, e não coisas
soltas e pontuais.Na sua maioria, o eleitor já está cheio de bate-boca de um
falar mal do outro.
E A NOSSA CÂMARA, HEM!
Outra coisa que se deve levar muito a sério,
e que não se tem dado tanta importância, é quanto à composição da Câmara
Municipal de Vereadores, cuja representação dos seus membros ainda deixa a
desejar. Infelizmente, o nosso eleitor ainda não tem uma consciência política
formada sobre o fundamental papel do legislativo para a sociedade.
É pena que o voto ainda tenha cunho
assistencialista e coronelista, na base do favor, e pouco se leva em conta o
critério de capacidade, de preparo, seriedade e nível de conhecimento do
candidato. Lamentavelmente, o voto continua sendo de cabresto e entre amigos.
O resultado é que os mesmo são sempre
reeleitos por vários e vários pleitos, passando de pai para filho, de tio para
sobrinho e assim por diante, numa herança interminável de parentescos. É a
chamada herança do cabedal do voto. Fora o festival de nomes exóticos que
lembram o Tiririca, pouco se aproveita.
Quem perde mais com isso é a sociedade. Por
essas e outras é que a nossa Câmara fica muito a desejar em termos de
transparência dos gastos. Por sua vez, os segmentos sociais também têm sua
parcela de culpa porque deixam de cobrar da Mesa Diretora mais esse item
essencial. Depois de eleito o vereador acha que é o dono supremo do cargo e não
tem que dar satisfação a ninguém.
Já que o parlamentar municipal é bem
remunerado, tem verba de gabinete e vários assessores, visto como um “funcionário
público qualificado” que nos representa, sou da opinião que o candidato a
vereador tenha pelo menos o nível médio de ensino, como é cobrado de qualquer
concursado ao serviço público. É mais do que justo.
Essa seria uma exigência mínima que deveria
constar de uma reforma eleitoral profunda. Não se trata de uma questão de
seletividade e de preconceito, mas de coerência porque é o mesmo que se exige
num concurso público, sem contar que o vereador tem ainda maior
responsabilidade.
Seria este o primeiro
requisito para depois o pretendente a vereador ser submetido ao voto popular.
Isto serviria até de estímulo para que as pessoas estudassem mais. O vereador e
o prefeito, como o deputado, também não se enquadram como funcionários públicos?
Então, que sejam passados pelo crivo do conhecimento e da honestidade.
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